Quem embarcar neste fim de ano pelo aeroporto de Guarulhos poderá observar da janelinha do avião algo além de aeronaves e carrinhos de serviço do lado de fora. Grandes colunas de concreto saltam aos olhos junto ao terminal 3, a ala internacional.
Com previsão de inauguração para daqui a um ano, essas estruturas são a base de um novo terminal internacional, chamado de T3B.
Quando pronto, o local, com 33 mil m², contará, entre outros, com mais 14 pontes de embarque —atualmente, a ala para partidas ao exterior conta com 50 desses "fingers", como são conhecidos.
O novo terminal internacional ficará visualmente diferente do vizinho atual, finalizado em 2014. A estrutura não será toda envidraçada como o que já existe.
Ele está sendo construído colado à nova sala VIP da companhia aérea Latam. Considerada a maior da América Latina, com 4.700 m² de área, deverá estar pronta depois do T3B. Apesar de serem próximas, as estruturas são independentes.
Com a ampliação, o terminal 2, atualmente usado de forma híbrida, com embarques domésticos e internacionais, será apenas para voos nacionais.
Ainda para o próximo ano, a sala de embarque do terminal 2 será aumentada em 1.500 m². A estimativa é que essa etapa, em estado adiantado de obras, seja concluída ainda no primeiro semestre de 2026.
A ampliação do aeroporto, que conta ainda com intervenções no acesso às pistas de pouso e decolagens para melhorar a eficiência, fica pronta até 2029 e tem projeto desenvolvido com Ministério de Portos e Aeroportos e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Será construída ainda uma nova estrutura no terminal 2, com mais dez pontes de embarque, com entrega prevista até dezembro de 2028.
A estimativa é que quando toda a reformulação estiver concluída, a capacidade passe de pouco mais de 50 milhões para 75 milhões de passageiros ao ano —o aeroporto é considerado a maior área de entrada e saída aérea do país.
Assim, mesmo atualmente com alguns espaços ociosos fora dos horários de pico na grade de pousos e decolagens para serem preenchidos (o limite é de 60 operações por hora), Cumbica caminha para ficar saturado sem a ampliação.
Este ano são esperados o embarque e o desembarque de 47 milhões de pessoas, cerca de 3,5 milhões a mais que os 43,6 milhões de usuários de 2024, recorde nos 40 anos de história do aeroporto inaugurado em 20 de janeiro de 1985.
"O crescimento é iminente, está acontecendo", diz Osvaldo Garcia, 61, presidente da concessionária GRU Airport, responsável pela gestão do aeroporto, que no último dia 26 de novembro recebeu a reportagem para uma caminhada junto aos canteiros de obras.
O executivo cita o maior movimento de passageiros em um dia, registrado em 17 de julho passado, quando 152 mil viajantes circularam pelo aeroporto da região metropolitana de São Paulo, considerado o maior do país.
O investimento estimado em quatro anos é de R$ 2,5 bilhões e engloba também retrofits e adequações.
Se não atentar aos tapumes coloridos com aviso de obras, o passageiro talvez não perceba as intervenções, principalmente no terminal 2.
Apesar de a visita da Folha ao local ter sido no meio da tarde de uma quarta-feira, horário em que o movimento costuma ser menor, a sala de embarque do terminal 2 estava cheia.
Havia portões fechados exatamente por causa das mudanças que estão sendo feitas de dentro para fora —a distância de aproximadamente sete metros a mais de profundidade de piso reduziu o tamanho das pontes de embarque na frente, mas ampliou o ambiente interno.
Em forma de U, essa sala de embarque fica junto aos pátios 2 e 3 de aeronaves.
Ainda na parte interna, esteiras de bagagens estão sendo remanejadas visando a criação de espaço no terminal remoto, para melhorar a logística de quem é levado de ônibus dos aviões para conexões.
Houve troca de luminárias, eliminando o ar de penumbra dos saguões, e reforma nos pisos, além do forro do teto. Tudo isso dá sensação de conforto.
"Esse investimento conjunto significa não apenas ampliar esse terminal [aeroportuário], mas investir na infraestrutura aeroportuária brasileira", diz o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, em nota enviada à Folha. "Cada melhoria em infraestrutura, tecnologia e capacidade operacional em Guarulhos significa mais competitividade, empregos, turismo e oportunidades para o Brasil inteiro."
Mais do que um banho de loja, as reformas também buscam reverter recentes indicadores de qualidade da Anac, que avalia os serviços de aeroportos concedidos à iniciativa privada. Os de Guarulhos fecharam no negativo nos últimos dois anos.
Em junho de 2024, inclusive, a agência chegou a proibir o aeroporto de aumentar a frequência de voos por causa de falhas estruturais. Na época, a concessionária afirmou que a punição era desproporcional.
Por outro lado, pesquisa Datafolha mostrou que no mês anterior ele era o mais bem avaliado entre os entrevistados.
Entre as principais reclamações dos usuários estão os banheiros. Mas, segundo Garcia, 40 deles já foram reformados.
Outro gargalo são os estacionamentos —no período de festas de fim de ano em 2024, falta de lugar para deixar o carro foi reclamação comum de quem ia buscar passageiros que chegavam de viagem ou para levar os que partiriam, com longas filas e congestionamentos. Um novo edifício-garagem está previsto para o terminal 3 e estuda-se a construção de outro junto ao 2, porém, apenas até 2029.
O lugar onde quem desembarca dos aviões pega carros de aplicativos também vai mudar até o fim do projeto. Um hotel será construído junto ao terminal 3.
"Isso aqui é uma cidade. São 130 mil passageiros por dia, há 32 mil colaboradores e outros 20 mil vêm trazer e levar gente daqui. O principal desafio é prestar serviço para essas pessoas todas", afirma o presidente.
Para os pilotos, há obras junto às duas pistas (de 3.700 m e 3.000 m). Uma delas prevê um "atalho" para que os aviões que pousam na menor cheguem aos pátios das aeronaves sem cruzar a principal, como ocorre hoje e, consequentemente, paralisam as operações até a passagem. Isso deve melhorar a dinâmica das decolagens.

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