sábado, 23 de outubro de 2021

Conheça a história do cinema do Conjunto Nacional ,FSP

 

  • SALVAR ARTIGOS

    Recurso exclusivo para assinantes

    ASSINE ou FAÇA LOGIN

Entrada do Cine Marquise, o novo cinema do Conjunto Nacional, na avenida Paulista - Ronny Santos/Folhapress
SÃO PAULO

O cinema do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, um dos mais tradicionais do circuito de rua da capital, voltou à vida nesta semana, garantindo a continuidade de uma história de 58 anos.

Com o nome de Cine Marquise, em homenagem às salas de rua, foi reaberto ao público no dia 20, um ano e dez meses depois da sessão de "Parasita", em 19 de fevereiro de 2020, que encerrou as atividades do então Cinearte.

A história do cinema instalado no subsolo do Conjunto Nacional começou em 9 de março de 1963, sob o nome de Cine Rio. O filme em cartaz na estreia foi "O Assassino" (1961), estrelado por Marcello Mastroianni. Anúncios sobre o novo cinema, que tinha inicialmente apenas uma sala com cerca de 500 lugares, diziam que era "luxuoso, moderno, confortável, mais uma estrela da cinelândia paulista".

Entre os anos 1960 e 1970, o cinema manteve o mesmo nome, com uma programação voltada a filmes populares. Em setembro 1978, um incêndio atingiu parte do Conjunto Nacional, e houve focos de fogo tanto no Cine Rio quanto no Cine Astor, outra sala instalada no local.

Em 1982, já com o nome de Cinearte, que acompanharia a sala pelas próximas décadas, uma nova administração mudou o perfil da programação, deixando de lado os filmes mais populares. A nova fase foi marcada pela estreia de "Mamãe Faz Cem Anos" (1979), do espanhol Carlos Saura.

Nos anos 1990, uma reforma deixou a estrutura do cinema mais próxima do que é hoje, acrescentando uma sala com cem lugares. Ela foi instalada onde originalmente ficava a bomboniere.

Batizada de Cinearte 2, foi inaugurada em 15 de agosto de 1997, com o filme "Cortina de Fumaça" (1995), de Wayne Wang. A primeira sala, a Cinearte 1, ficou com cerca de 300 poltronas.

Como a maior parte dos cinemas de rua, o Cinearte viveu crises seguidas nos anos 2000, com ameaças de fechamento e perda de patrocínios. Entre 2002 e 2003, a campanha SOS Cinearte mobilizou frequentadores, com abaixo assinados e uma vigília cinematográfica.

Com as iniciativas, surgiram empresas interessadas em aliar suas marcas ao cinema. O nome foi mudando conforme o patrocinador. De Cinearte para Cine Bombril, e, depois para Cine Livraria Cultura. Em 2018, foi a vez da Petrobras, e o cinema passou a se chamar Cinearte Petrobras.

Mas em fevereiro de 2019, no início do governo Bolsonaro, a estatal suspendeu o contrato. Sem patrocinador e diante dos custos de manutenção, o cinema fechou um mês antes da pandemia.

Cine Marquise

Agora, a história recomeça, com nova administração e novos patrocinadores (Globoplay, Empresa Metropolitana de Águas e Energia e Sabesp). Foram mantidas as duas salas, com 370 e 96 lugares.

Inicialmente, uma delas vai receber os filmes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Na nova versão, o cinema não terá bilheteria. Os ingressos poderão ser comprados pela internet ou na cafeteria.

Uma mudança em um cinema tradicional, onde os frequentadores ainda reconhecerão o piso português da entrada e os tacos de madeira da sala 1. Vamos matar as saudades?

Cine Marquise
avenida Paulista, 2073, Conjunto Nacional. Ingressos: www.ingressos.com ou na cafeteria

Conjunto Nacional já teve outras salas de cinema

O Cinearte, agora Cine Marquise, não é o único cinema da história do Conjunto Nacional. O pioneiro foi o Cine Astor, inaugurado em 9 de março de 1960, com o filme "No Sul do Pacífico" (1958), de Joshua Logan.

A sala tinha mil lugares e dizia ser "o último milagre da ciência e da tecnologia cinematográficas".

A história do Astor terminou em 2001. Aquela altura, uma sala de rua única, com tantos lugares, era um modelo de negócio ultrapassado diante dos cinemas dos shoppings, que exibiam muitos filmes em várias salas.

Anos depois, a Livraria Cultura mudou-se para o espaço, que abriga ainda hoje sua principal loja (quem anda pela livraria pode reconhecer no piso inclinado o local onde ficavam as poltronas do antigo Astor).

No mesmo ano de encerramento das atividades do Astor, o Studio Alvorada, que tinha duas salas na sobreloja do Conjunto Nacional, também fechou as portas. Elas haviam sido inauguradas em julho e setembro de 1988, com o nome de Studio Alvorada 1 e Studio Alvorada 2. Na ocasião, os anúncios do novo cinema prometiam "bons filmes, conforto e qualidade na programação".​

Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

49 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

Grupo Cosan compra controle da distribuidora de gás encanado do RS, FSP

 Nicola Pamplona

RIO DE JANEIRO

A Compass Gás & Energia, controlada pelo grupo Cosan, arrematou sem disputa o controle da distribuidora de gás encanado do Rio Grande do Sul, em leilão realizado nesta sexta-feira (22) na B3. A empresa pagará R$ 927,8 milhões por 51% das ações da companhia.

Foi a terceira privatização do governo do Rio Grande do Sul este ano e o primeiro leilão de distribuidora de gás encanado desde a aprovação da nova lei do gás, que tem o objetivo de fomentar maior competição nesse mercado.

A Compass já estava prestes a se tornar minoritária da Sulgás, após comprar a fatia da Petrobras na Gaspetro, veículo de investimento em distribuidoras de gás pelo país, que detém 49% da companhia gaúcha. A operação, porém, ainda depende de aprovação de órgãos de defesa da concorrência.

Após o leilão, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que o interesse da Comgás é "uma manifestação de confiança na economia do estado". "É um grupo forte e tenho certeza de que seremos bem atendidos", afirmou.

Antes da Sulgás, o governo Leite já havia privatizado duas empresas de energia do estado, a distribuidora CEEE-D e a transmissora CEEE-T. A primeira foi comprada pela Equatorial por R$ 100 mil e a segunda, pela CPFL, por R$ 2,67 bilhões.

A Compass já controla a maior distribuidora do país, a Comgás, e com a compra da Gaspetro, passa a ter participação em 19 outras distribuidoras estaduais, movimento que gera questionamentos sobre eventual excessivo poder de mercado.

"Vamos unir o aprendizado que tivemos nesses anos de administração da Comgás com a experiência da Sulgás", disse o presidente da Compass, Nelson Gomes, defendendo que o crescimento do setor se dará pela maior conexão de novos clientes à rede.

​Coordenador da operação, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) disse esperar que a empresa "expanda a malha de distribuição da Sulgás para novos municípios e regiões do Estado, de forma a ampliar as condições de acesso ao gás natural para a população local".

O diretor de Concessões e Privatizações do BNDES, Fábio Abrahão, minimizou a falta de concorrência, alegando que é um setor que não tinha privatizações havia 20 anos e, por isso, ainda não atraiu atenção de investidores.

Ele citou como exemplo o setor de saneamento, que ampliou o número de agentes após o início dos leilões de privatização nos últimos anos. "Em dois ou três anos teremos um pipeline mais extenso de projetos, o que vai facilitar a atração de investidores."

O próprio BNDES toca atualmente o processo de privatização da MSGás, a distribuidora de gás encanado do Mato Grosso do Sul. No fim do setembro, o governo do Espírito Santo também assinou contrato com o banco para modelar a venda da distribuidora do estado.

Gomes, da Compass, disse que a companhia vai avaliar qualquer oportunidade de privatização no segmento. No mercado, porém, grandes consumidores de energia temem que a expansão da companhia crie um gigante com grande poder de mercado.

Com a Gaspetro, por exemplo, a Compass passa a participar da gestão de dois terços das vendas de gás natural no país. Em setembro, grandes consumidores e empresas de gasodutos foram ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pedir a reprovação da operação.

Eles alegam que a operação agrava problemas concorrenciais no setor de gás natural e fere termos do acordo assinado entre a Petrobras e o próprio Cade para redução da participação estatal nesse mercado, o que Petrobras e Compass contestam.

Já há no Cade pedidos similares feitos pela Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia), pela Abividro (Associação Brasileira da Indústria do Vidro), pela ATGás (Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasodutos).

As mesmas associações questionam também a prorrogação da concessão da Comgás à Compass, cujo contrato foi assinado no início de outubro pelo governo de São Paulo. O processo, que dá mais 20 anos de contrato ao operador da companhia, contraria parecer do Ministério da Economia.

Para a Seae (Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade), a prorrogação reduz a competição no setor de gás e impacta as tarifas pagas por consumidores de outros estados, ao permitir a separação do mercado paulista do resto do país.