Última coluna do ano. Estou aqui pensando em você, minha querida leitora, meu querido leitor, que esteve presente na minha vida o ano todo, e aproveito o espaço para dedicar esta coluna a você.
Meus desejos não param no fundamental —saúde, sustento, amigos, amores—, vão também para o que parece menor. Para os detalhes que podem salvar ou estragar o dia. Para as micro-escolhas. Para aqueles poucos minutos escondidos dentro dos 1.440 minutos das 24 horas —que podem definir os seus próximos 24 anos.
Que em 2026 você acorde e durma com o mesmo tamanho de barriga. Que o tempo avance no seu corpo com delicadeza. Que alguma música nova te arrepie. Que os exames venham positivos quando forem para ser, e negativos quando não. Que os rins saibam filtrar o que não serve. E os ouvidos também.
Que o Wi-Fi funcione. Não te falte nada: tinta na impressora, bateria no celular, pilha no controle remoto, memória, argumentos. Que o sistema não caia na sua vez. O papel higiênico não acabe na sua vez. O elevador chegue rápido quando estiver apertado. O pagamento não atrase quando estiver no aperto.
Não chegue muito cedo nem muito tarde. Se estiver solteiro, que encontre o amor. Se comprometido, que não se desencontre do amor. Que saiba quando ficar e quando ir embora. Que o desejo apareça ao mesmo tempo e ninguém precise fingir que está dormindo.
Sem colisões —nem no trânsito—, sem multas e radares para te flagrar. Que você não flagre quem confia. Não dependa de likes. Que venham sempre as palavras certas. Que não deixe escapar provocações bobas, que podem deflagrar brigas que nunca se sabe onde vão parar.
Que consiga segurar o riso nas horas inadequadas e consiga rir quando for para rir. Esquecer quando for para esquecer e lembrar quando for para lembrar. Que não te dê branco do nome da pessoa que atravessa a rua para te abraçar. Que as senhas sobrevivam na sua memória.
Que a tampinha da lata de cerveja não se quebre no meio do caminho. A roda do carrinho do supermercado não esteja torta. O zíper não prenda. A sola do sapato não descole. O botão não estoure. Equilíbrio. Que tenha o peso ideal, com uma margem de 2% para mais ou para menos. Que pessoas pesadas fiquem longe, sem margem de erro.
Que o plástico-filme da cozinha não grude. A comida não queime, a pele não queime, o filme não queime. Nenhuma reforma no prédio, só boas mudanças. Que você não torça o pé. Ninguém torça o nariz pra você. Que o time que você torce vença de virada (e que seja o mesmo que o meu).
Que nenhum bicho te pique, mordida só das boas. Que a coceira nas costas não se instale onde a mão não alcança. Menos grupos de Whatsapp, menos mensagens de voz. Que o outro lado dos dois tracinhos azuis te responda prontamente.
Que nada se perca: hora, paciência, chave, piranha do cabelo. Que não se acumulem jornais por ler, e-mails por responder e DRs para resolver. Que o sabonete não escape da sua mão no chuveiro do clube. Um ano sem micos nem micoses. Sem refluxo nem assuntos que voltam queimando. Sem unha encravada nem gente travada.
Boas viagens —e viagens boas. Que os portões que importam se abram. Sem turbulências no ar e no solo. Só pequenos sustos. Que nenhuma conexão se perca.
Que você ria, pelo menos uma vez, em todos os 365 dias de 2026.
Desejo, enfim, que todas as coisas menos importantes deem certo, para que as mais importantes se sustentem.
Feliz Ano!

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