sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Chamados de ratos, governadores da direita engolem o sapo, Alvaro Costa e Silva, FSP

 Engolir sapos. Expressão popular de origem bíblica –a praga de rãs que invade o Egito–, abrasileirou-se porque o sapo, segundo Câmara Cascudo, é indispensável em bruxarias. O método de suportar situações desagradáveis tem sido uma especialidade dos governadores que buscam herdar o espólio de Bolsonaro apelando aos eleitores da extrema direita.

Chamados de "ratos" numa postagem de Carlos, o filho 02 –compartilhada por Eduardo, o 03–, Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho engoliram o rato, digo, o sapo. Às claras, defendem o ex-presidente; às escondidas, o consideram fora do páreo e apostam nas próprias candidaturas.

À exceção de Ratinho, os outros três, se eleitos, se comprometeram a perdoar Bolsonaro. Mas não tocaram mais no assunto depois que o Datafolha mostrou que o indulto ao capitão e a seus aliados condenados ou investigados por envolvimento em ações golpistas é amplamente reprovado pela população (61%). É esperar o calor da campanha para ver se a coragem –de resto, inconstitucional– não é só fachada.

Unidos, alinharam a estratégia em relação ao tarifaço. Cobram uma impossibilidade: a de que Lula ligue para o presidente norte-americano, cujos auxiliares deram provas de que não existe qualquer chance de negociação pública. Também insistem em responsabilizar o sapo barbudo pela crise com os EUA –uma inversão da realidade. Quem planeja fazer do Brasil um quintal é Trump, exigindo que o ex-presidente que chefiou um golpe de Estado fique inimputável.

Pré-candidato, Zema se vende como outsider, estando em seu segundo mandato no governo de Minas. Levou a primeira lambada: o filho de Renato Russo enviou uma notificação extrajudicial ao partido Novo pelo uso não autorizado da música "Que País É Este". Você pode imaginar Zema batendo um papo com o líder da Legião Urbana?

Neste aspecto, digamos, musical, Tarcísio é mais coerente. Primeiro, participou de um jantar com empresários na casa do cantor Latino. Depois, num evento evangélico, dividiu o palco com Wesley Safadão.

População que mora de aluguel supera 46 milhões e bate recorde no Brasil, FSP

 

Rio de Janeiro

O percentual de lares alugados seguiu em trajetória de alta no Brasil, passando de 22,3% em 2023 para 23% em 2024, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A proporção mais recente é a maior de uma série histórica iniciada em 2016, quando o patamar era de 18,4%. O número de domicílios alugados foi estimado em 17,8 milhões em 2024.

Os 17,8 milhões de imóveis abrigavam 46,5 milhões de pessoas no Brasil. Isso equivale a 21,9% da população total estimada no ano passado.

O número absoluto e o percentual de pessoas vivendo em aluguel também alcançaram os maiores níveis da série. A proporção estava em 21,2% em 2023 e em 17,2% em 2016.

O número de 46,5 milhões de pessoas morando de aluguel supera a população total estimada no estado de São Paulo em 2024 (46 milhões). O contingente cresceu em torno de 32,7% se comparado a 2016, quando estava em 35 milhões.

Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

Um reflexo do avanço do aluguel é a perda de participação dos domicílios próprios. Os lares próprios e já pagos passaram de 62,5% do total em 2023 para 61,6% em 2024. A proporção mais recente é a menor da série. O patamar era de 66,8% em 2016.

Já o percentual de domicílios próprios ainda em fase de pagamento respondeu por 6% do total no ano passado. Houve estabilidade ante 2023 (6%) e leve redução frente a 2016 (6,2%).

O número total de lares próprios (já pagos ou em pagamento) foi de 52,3 milhões em 2024. Um contingente de 146,2 milhões de pessoas vivia nesses locais, redução de 2,9% ante o início da série, em 2016 (150,6 milhões).

William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, disse que o resultado sinaliza uma "carência" de políticas para a compra da casa própria no Brasil.

Segundo ele, a queda do percentual de domicílios próprios também pode ser um indício de concentração de patrimônio.

"Se não se cria oportunidade para a população adquirir o seu imóvel, e a pessoa continua querendo a sua independência, como faz isso sem conseguir comprar um bem? Tem de partir para o aluguel", afirmou o pesquisador.

Em 2024, Centro-Oeste seguiu com o maior percentual de moradores em domicílios alugados (29,8%). A região é conhecida pelo potencial do agronegócio, que ganhou relevância na economia brasileira, atraindo migrantes. A menor parcela de habitantes em lares alugados continua sendo a do Norte (15,3%).

APARTAMENTOS GANHAM ESPAÇO

O IBGE também destacou que os apartamentos estão ganhando participação em relação ao total de domicílios no Brasil. Esses imóveis chegaram a 15,3% do total de moradias em 2024. Foi a primeira vez que a parcela ultrapassou 15% na série histórica.

No sentido contrário, as casas vêm perdendo espaço. Representaram 84,5% do total de domicílios no ano passado, o menor patamar da série.

Imagem aérea mostra vários prédios. Ao fundo, há construções menores e montanhas.
Prédios em Pirituba, zona norte de São Paulo - Danilo Verpa - 24.mar.22/Folhapress

Segundo Kratochwill, o movimento faz parte da concentração urbana no país. Nesse sentido, o pesquisador disse que as pessoas querem viver perto do trabalho e de serviços nas cidades, mas o território é limitado. O resultado, apontou o técnico, é a construção de prédios.

Ele também citou questões relacionadas à violência. "Os condomínios buscam aumentar a segurança, dando também uma infraestrutura de lazer. Tudo isso incentiva a construção de apartamentos em detrimento de casas."

MÁQUINA DE LAVAR ROUPA CHEGA A 70% DOS LARES

Outro questão investigada na Pnad é a posse de bens: máquina de lavar roupa, geladeira, carro e motocicleta.

O IBGE destacou o crescimento da máquina de lavar ao longo da série. A proporção de domicílios brasileiros com o eletrodoméstico subiu de 63% em 2016 para 70,4% em 2024.

O percentual de lares com esse bem supera os de carro (48,8%), moto (25,7%) e carro e moto em conjunto (13,4%). A máquina de lavar só fica abaixo da proporção de domicílios com geladeira (98,3%).

"Quando a família passa a ter maior rendimento, acaba buscando bem-estar. A máquina de lavar é um item que facilita muito a vida, por motivos óbvios", afirmou Kratochwill.

O percentual de domicílios com o eletrodoméstico aumentou nas cinco grandes regiões de 2016 para 2024.

O Sul mostra o maior percentual de lares com o equipamento (90%), seguido por Sudeste (82,3%), Centro-Oeste (81,5%) e Norte (55,4%). O Nordeste (40,5%) é a única região onde a posse fica abaixo da metade dos domicílios.

Número de lares com apenas um morador quase dobra no Brasil em 12 anos, FSP

 Leonardo Vieceli

Rio de Janeiro

O número de domicílios unipessoais, ou seja, com apenas um morador, quase dobrou em um intervalo de 12 anos no Brasil. É o que indicam dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2012, ano inicial da série histórica do órgão, o país tinha 7,5 milhões de lares unipessoais. Em 2024, o número alcançou 14,4 milhões, o que significa uma alta de 93,1%. É como se quase toda a população da Bahia (14,8 milhões) morasse sozinha.

Os resultados integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). De 2012 para 2024, o total de domicílios no Brasil, com diferentes arranjos, cresceu 26,3%. Passou de 61,2 milhões para 77,3 milhões.

Os lares unipessoais eram 12,2% do total no país em 2012. A participação alcançou 18,6% em 2024 —quase 1 em cada 5.

Os domicílios com apenas um morador representavam mais de 20% do total em quatro estados brasileiros: Rio de Janeiro (22,6%), Rio Grande do Sul (20,9%), Goiás (20,2%) e Minas Gerais (20,1%).

ENVELHECIMENTO INFLUENCIA QUADRO

Em parte, o fenômeno está associado ao envelhecimento da população, segundo o IBGE. O Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, que têm os maiores percentuais de lares unipessoais, também são os estados com as proporções mais elevadas de idosos.

A Pnad mostra que 40,5% das pessoas que moravam sozinhas no país eram idosas de 60 anos ou mais em 2024. Esse grupo etário tinha uma participação inferior na população total do Brasil (16,1%).

"Os mais idosos acabam ficando viúvos ou os [seus] filhos vão ter suas próprias famílias", disse William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE. "Na região Sudeste e no Sul, a concentração de idosos é maior", completou.

O técnico também afirmou que é comum que pessoas morem inicialmente sozinhas ao migrar para centros urbanos em busca de oportunidades de trabalho.

A imagem mostra uma vista aérea da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. À esquerda, há uma série de edifícios, enquanto à direita se vê a praia com areia clara e algumas pessoas. A orla é acompanhada por uma avenida com árvores e calçadas. Ao fundo, montanhas e um céu nublado completam a cena.
Prédios em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro; estado do RJ tem maior percentual de lares com apenas um morador no Brasil - Eduardo Anizelli - 4.abr.25/Folhapress

Além de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais, outras quatro unidades da Federação mostraram proporções de domicílios unipessoais acima da média nacional de 18,6% em 2024. Foram os casos de Bahia (19,9%), Rondônia (19,6%), Pernambuco (19,5%) e Distrito Federal (18,7%).

Os menores percentuais de lares com um morador, por outro lado, foram encontrados no Maranhão (13,5%) e no Amapá (13,6%). Os dois locais foram os únicos com proporções abaixo de 14%.

Em São Paulo, o patamar de domicílios unipessoais foi de 18,4% no ano passado. É um nível similar ao dado nacional (18,6%).

O arranjo domiciliar mais frequente no Brasil ainda é o que o IBGE chama de nuclear. Ou seja, quando há um casal com ou sem filhos ou famílias compostas por mãe ou pai com filhos (monoparentais).

Em 2012, o país tinha 41,9 milhões de lares nucleares, o equivalente a 68,4% do total. Em 2024, eram 50,8 milhões, correspondendo a 65,7%. Ou seja, o número absoluto até cresceu 21,5%, mas a participação encolheu.

Pesquisas do IBGE já sinalizaram que parte dos brasileiros vem adiando o casamento. Outra tendência já identificada é a redução do número de filhos por mulher.

O total de 77,3 milhões de domicílios encontrados na Pnad ainda era composto em 2024 por unidades estendidas (14,5% do total) e compostas (1,2%).

Um lar estendido é aquele que abriga uma pessoa com pelo menos um parente, formando um conjunto que não se enquadre como nuclear.

Já o composto tem um responsável com ou sem familiar e com pelo menos uma pessoa sem parentesco —agregado, pensionista ou empregado doméstico, por exemplo.

NÚMERO DE HOMENS SUPERA O DE MULHERES APENAS EM TO E SC

Outro recorte divulgado nesta sexta pelo IBGE é sobre a divisão por sexo da população. No Brasil, as mulheres respondiam por 51,2% de um total de 211,9 milhões de habitantes, enquanto os homens eram 48,8%.

O IBGE reforçou que nascem mais meninos do que meninas no país, mas a parcela masculina é mais afetada ao longo dos anos por mortes devido a causas externas, como os óbitos em acidentes de trânsito e em casos de violência.

"As mulheres tendem a se cuidar mais, ir mais ao médico, estar mais atentas à própria saúde. Isso aumenta a longevidade", disse Kratochwill.

Segundo o IBGE, o número de homens superou o de mulheres em apenas dois estados em 2024: Tocantins e Santa Catarina.

No estado da região Norte, os homens representavam 51,3% da população no ano passado, enquanto as mulheres respondiam por 48,6%. Em Santa Catarina, a proporção masculina era de 50,2%, e a feminina, de 49,8%.

Questionado, Kratochwill disse não ter "informações precisas" para explicar os dois casos somente a partir da Pnad Contínua, já que a pesquisa apenas retrata —e não detalha— esses pontos.

Os dados divulgados nesta sexta já incorporam a revisão que o IBGE fez na série histórica. A atualização leva em consideração informações populacionais mais recentes do instituto.