O número de domicílios unipessoais, ou seja, com apenas um morador, quase dobrou em um intervalo de 12 anos no Brasil. É o que indicam dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2012, ano inicial da série histórica do órgão, o país tinha 7,5 milhões de lares unipessoais. Em 2024, o número alcançou 14,4 milhões, o que significa uma alta de 93,1%. É como se quase toda a população da Bahia (14,8 milhões) morasse sozinha.
Os resultados integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). De 2012 para 2024, o total de domicílios no Brasil, com diferentes arranjos, cresceu 26,3%. Passou de 61,2 milhões para 77,3 milhões.
Os lares unipessoais eram 12,2% do total no país em 2012. A participação alcançou 18,6% em 2024 —quase 1 em cada 5.
Os domicílios com apenas um morador representavam mais de 20% do total em quatro estados brasileiros: Rio de Janeiro (22,6%), Rio Grande do Sul (20,9%), Goiás (20,2%) e Minas Gerais (20,1%).
ENVELHECIMENTO INFLUENCIA QUADRO
Em parte, o fenômeno está associado ao envelhecimento da população, segundo o IBGE. O Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, que têm os maiores percentuais de lares unipessoais, também são os estados com as proporções mais elevadas de idosos.
A Pnad mostra que 40,5% das pessoas que moravam sozinhas no país eram idosas de 60 anos ou mais em 2024. Esse grupo etário tinha uma participação inferior na população total do Brasil (16,1%).
"Os mais idosos acabam ficando viúvos ou os [seus] filhos vão ter suas próprias famílias", disse William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE. "Na região Sudeste e no Sul, a concentração de idosos é maior", completou.
O técnico também afirmou que é comum que pessoas morem inicialmente sozinhas ao migrar para centros urbanos em busca de oportunidades de trabalho.
Além de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais, outras quatro unidades da Federação mostraram proporções de domicílios unipessoais acima da média nacional de 18,6% em 2024. Foram os casos de Bahia (19,9%), Rondônia (19,6%), Pernambuco (19,5%) e Distrito Federal (18,7%).
Os menores percentuais de lares com um morador, por outro lado, foram encontrados no Maranhão (13,5%) e no Amapá (13,6%). Os dois locais foram os únicos com proporções abaixo de 14%.
Em São Paulo, o patamar de domicílios unipessoais foi de 18,4% no ano passado. É um nível similar ao dado nacional (18,6%).
O arranjo domiciliar mais frequente no Brasil ainda é o que o IBGE chama de nuclear. Ou seja, quando há um casal com ou sem filhos ou famílias compostas por mãe ou pai com filhos (monoparentais).
Em 2012, o país tinha 41,9 milhões de lares nucleares, o equivalente a 68,4% do total. Em 2024, eram 50,8 milhões, correspondendo a 65,7%. Ou seja, o número absoluto até cresceu 21,5%, mas a participação encolheu.
Pesquisas do IBGE já sinalizaram que parte dos brasileiros vem adiando o casamento. Outra tendência já identificada é a redução do número de filhos por mulher.
O total de 77,3 milhões de domicílios encontrados na Pnad ainda era composto em 2024 por unidades estendidas (14,5% do total) e compostas (1,2%).
Um lar estendido é aquele que abriga uma pessoa com pelo menos um parente, formando um conjunto que não se enquadre como nuclear.
Já o composto tem um responsável com ou sem familiar e com pelo menos uma pessoa sem parentesco —agregado, pensionista ou empregado doméstico, por exemplo.
NÚMERO DE HOMENS SUPERA O DE MULHERES APENAS EM TO E SC
Outro recorte divulgado nesta sexta pelo IBGE é sobre a divisão por sexo da população. No Brasil, as mulheres respondiam por 51,2% de um total de 211,9 milhões de habitantes, enquanto os homens eram 48,8%.
O IBGE reforçou que nascem mais meninos do que meninas no país, mas a parcela masculina é mais afetada ao longo dos anos por mortes devido a causas externas, como os óbitos em acidentes de trânsito e em casos de violência.
"As mulheres tendem a se cuidar mais, ir mais ao médico, estar mais atentas à própria saúde. Isso aumenta a longevidade", disse Kratochwill.
Segundo o IBGE, o número de homens superou o de mulheres em apenas dois estados em 2024: Tocantins e Santa Catarina.
No estado da região Norte, os homens representavam 51,3% da população no ano passado, enquanto as mulheres respondiam por 48,6%. Em Santa Catarina, a proporção masculina era de 50,2%, e a feminina, de 49,8%.
Questionado, Kratochwill disse não ter "informações precisas" para explicar os dois casos somente a partir da Pnad Contínua, já que a pesquisa apenas retrata —e não detalha— esses pontos.
Os dados divulgados nesta sexta já incorporam a revisão que o IBGE fez na série histórica. A atualização leva em consideração informações populacionais mais recentes do instituto.
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