quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Uso de cartão de crédito em bets representa cerca de 15% das apostas, estima Campos Neto, FSP

 

São Paulo

O pagamento de apostas online com cartões de crédito representa de 10% a 15% do total de transações feitas pelos brasileiros nas bets, estima Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

"O grosso hoje é Pix. O cartão de crédito não deve ser mais de 10% a 15%", disse o economista nesta quinta-feira (26), durante entrevista a jornalistas para comentar o relatório trimestral de inflação de setembro.

"Ainda tentamos entender o que isso pode significar para a inadimplência", completou Campos Neto.

Pessoa jogando jogos de azar em sites de apostas e bets
Crescimento das bets no Brasil preocupa o Banco Central - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Segundo dados do relatório de inflação, a inadimplência no cartão de crédito segue estável, abaixo de 4%.

O número total do uso de cartões, porém, pode ser maior, já que não é possível auferir transações feitas via cartão de crédito de modo indireto, em carteiras digitais.

"O que às vezes você pode fazer é uma operação de cartão de crédito com uma carteira digital. E a carteira digital faz a operação e o emissor do cartão de crédito não consegue ver qual é a compra que está sendo feita. Nem sempre, olhando só o canal de cartão de crédito, conseguimos ter certeza que aquele canal de crédito, daquele cartão, não foi empregado naquela compra daquele item", explicou Campos Neto.

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O presidente do BC voltou a dizer que bets não são uma responsabilidade do Banco Central e que a autoridade monetária visa apenas auxiliar o governo no assunto, fornecendo dados. Além disso, a instituição monitora eventuais impactos das apostas no endividamento dos brasileiros.

"Se vemos que isso impacta inadimplência, é relevante para nós", afirmou Campos Neto.

Estudo do BC apontou que beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas esportivas online gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix no mês de agosto. O montante destinado às empresas de apostas corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa no mês.

Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões fizeram apostas no mês passado. Na mediana, o valor gasto por pessoa foi de R$ 100. Desse total de apostadores, 70% são chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o dinheiro transferido pelo governo. O grupo enviou R$ 2 bilhões por meio do Pix às bets em agosto.

Mônica Bergamo Nova cônsul-geral da França em SP diz querer mais empresas brasileiras em seu país, FPS

Nomeada no início deste mês para comandar o Consulado Geral da França em São Paulo, Alexandra Mias diz querer ampliar a presença de empresas brasileiras no país europeu e fortalecer parcerias de longa data para alcançar objetivos comuns às duas nações, como o combate ao aquecimento global.

Mias é a primeira mulher a ocupar o cargo na história da representação. Ela desembarcou na capital paulista depois de passagens pelas embaixadas francesas em Brasília e em Pequim. Mais recentemente, foi diretora adjunta de imprensa no Ministério da Europa e das Relações Exteriores da França.

A nova cônsul-geral da França em São Paulo, Alexandra Mias - Divulgação

Sob sua alçada estão cerca de 600 das 1.100 empresas francesas instaladas no Brasil e a maior comunidade originária do país europeu que hoje vive em solo brasileiro —mais de 50% dela se concentra em São Paulo, segundo a diplomata.

"Somos, pelo quinto ano consecutivo, o país mais atrativo para os investimentos estrangeiros na União Europeia. Algumas empresas brasileiras estão pensando num processo de internacionalização, e a França poderia ser um lugar muito bom para elas", afirma a cônsul-geral à coluna.

Ela diz que outro eixo importante de trabalho para a sua gestão são as cooperações científica, acadêmica e cultural, citando a inovação e a inteligência artificial como temas prioritários para o presidente Emmanuel Macron.

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USP (Universidade de São Paulo), que teve a colaboração de uma missão francesa em sua fundação, e o recém-inaugurado Institut Pasteur de São Paulo são citados por ela como instituições parceiras.

"Para mim, é importante nos apoiarmos em parcerias de excelência de longa data para respondermos juntos aos desafios do futuro. Brasil e França têm muitos pontos de convergência, seja a luta contra o aquecimento global, a preservação da biodiversidade, a inclusão social ou a globalização inclusiva", diz.

Mias afirma que já são planejados eventos e ações para a Temporada França-Brasil, em 2025, que celebrará o bicentenário das relações diplomáticas entre os dois países.

"Um dos eixos importantes será a defesa da democracia e a luta contra a desinformação. Além de tratar da cooperação cultural, a temporada também vai levar mensagens políticas", antecipa.

Sobre o fato de ser a primeira cônsul-geral da representação diplomática, Mias diz se sentir honrada e com uma grande responsabilidade. "Tenho a sorte de pertencer a um Ministério [das Relações Exteriores] que tem uma agenda muito clara para promover a diplomacia feminista, seja no interior ou no exterior", afirma.

"Temos que ter mais exemplos de representação feminina nos cargos de direção e de liderança, seja no âmbito político, da arte, do conhecimento ou das pesquisas", completa.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS MANOELLA SMITH