Quando um diretor do Banco Central fala, deve medir suas palavras. Se está na pole position para assumir a presidência da instituição, pode até ficar calado.
O doutor Gabriel Galípolo foi a um evento e falou várias vezes da taxa dos juros. Em minutos, o dólar encostou nos R$ 5,60.
Explicando-se, disse que teve "uma interpretação inadequada".
Ganha um fim de semana na Argentina, onde a inflação bateu na marca de 263,4% para os 12 meses anteriores a julho, quem tiver uma interpretação adequada para o que ele disse:
"Na minha interpretação, posição difícil para o Banco Central não é ter que subir juros. Posição difícil é inflação fora da meta, que é uma situação desconfortável".
A TRISTE SINA DOS FUNDOS ESTATAIS
Num mesmo dia, o cidadão recebeu duas notícias. Uma revelava que os Correios cobriram parte do rombo do fundo de previdência de seus funcionários, o Postalis. Coisa de R$ 7,6 bilhões. Outra informava que os fundos de pensão das estatais querem mais liberdade para decidir onde investir. É um pesadelo que retorna.
Fundos de investimento podem botar dinheiro em maus negócios, e isso faz parte da vida. Em Pindorama, a coisa foi diferente. Fundos das estatais investiram em micos, seguindo a vontade do comissariado do Planalto. Em 2014, perderam R$ 31 bilhões.
As malfeitorias da época resultaram em operações policiais, investigações do Congresso, delações premiadas e falências. Tudo documentado.
A matriz do desastre era uma associação entre gestores apadrinhados pelo comissariado e empresários e papeleiros bem relacionados. Atribui-se a Albert Einstein um definição de insanidade:
É fazer a mesma coisa esperando um resultado diferente.
Se Einstein disse ou não disse isso, é uma dúvida, mas Lula gosta muito de usar essa palavra para qualificar comportamentos alheios.