sexta-feira, 26 de abril de 2024

RODRIGO SAUAIA E RONALDO KOLOSZUK Acordos necessários para a transição energética, FSP

 Para além de discursos, entrevistas e anúncios públicos de autoridades de diversos países, a transição energética é um processo prático, baseado em ações concretas e programas governamentais objetivos. Requer investimentos públicos e privados, vontade política para a definição e implementação e consolidação de diretrizes capazes de impulsionar uma agenda sustentável robusta, bem como o estabelecimento e a manutenção de bons acordos comerciais entre os mercados de diferentes países.

Diante desse desafio, o Brasil tem assumido cada vez mais protagonismo na geopolítica da transição energética. Rico em diversos recursos naturais, como sol, vento, água, biomassa e minerais estratégicos, o país se tornou exemplo global da expansão eficiente e bem-sucedida das energias renováveis nos últimos anos, com destaque para a fonte solar fotovoltaica.

Placas de energia solar no morro da Babilônia, na zona sul do Rio de Janeiro - 05.mai.2023-Eduardo Anizelli/Folhapre - Folhapress

Relatório recente da BloombergNEF sobre os países que mais investiram em transição energética em 2023 mostra que o Brasil atingiu a sexta posição global e a liderança na América Latina. O estudo considera iniciativas práticas para a ampliação das energias renováveis, avanço dos veículos elétricos e implantação de projetos para a produção de hidrogênio verde, entre outras tecnologias sustentáveis.

A ascensão brasileira na transição energética está intimamente relacionada com o avanço dos investimentos na expansão da geração solar, especialmente a partir de 2012. Atualmente, com mais de 4 GW da fonte já adicionados em 2024, o Brasil ultrapassou a marca de 42 GW com a tecnologia fotovoltaica, o equivalente a 17,4% da matriz elétrica, sendo a segunda maior fonte do país.

O setor solar trouxe ao Brasil mais de R$ 195 bilhões em investimentos, mais de R$ 53 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e cerca de 1,2 milhão de empregos verdes. Com isso, evitou a emissão de 50,1 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

Outro marco importante veio ao longo de 2022, quando o Brasil entrou, pela primeira vez, na lista dos dez países com maior potência instalada acumulada da fonte solar. E, no último ano, o país subiu duas posições no ranking global de capacidade instalada da tecnologia fotovoltaica, chegando à sexta colocação, segundo balanço da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena).

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Um dos pontos centrais dessa expansão está na popularização da energia solar junto à sociedade, resultado do barateamento da tecnologia fotovoltaica aos consumidores, empresas e produtores rurais brasileiros. Estima-se que, em 2023, os painéis solares ficaram 50% mais baratos em relação ao ano anterior, fruto, em grande medida, das positivas relações comerciais com parceiros internacionais, sobretudo com os fabricantes chineses de equipamentos solares.

É inegável que o ganho de escala de produção global, o aumento de eficiência dos equipamentos e a consequente queda de seus preços aos consumidores finais têm sido cruciais para acelerar a transição energética no país.

A parceria internacional do Brasil com o mundo também garante competitividade às dezenas de milhares de empresas que atuam neste setor e a preservação e ampliação dos seus centenas de milhares de empregos verdes. Trata-se de uma relação "ganha-ganha", que, no final das contas, atende a demanda do mercado interno e acelera a transição energética, beneficiando a sociedade.

Ruy Castro - Viva o Brasil, FSP (definitivo)

 Em entrevista a O Estado de S. Paulo, o jurista Miguel Reale Jr. disse que o Brasil tem 1.240 faculdades de direito —"mais do que a soma de todos os cursos de direito do mundo". De queixo caído, fiz meus cálculos. Se cada uma dessas faculdades formar 50 advogados por ano, teremos 62.200 novos advogados anualmente no mercado. Some-os aos já existentes e, por mais que os nossos cidadãos se agridam, estuprem e matem alegremente uns aos outros, e não falte a quem acusar ou defender, a maioria dos advogados deve ter muito tempo livre.

Segundo o IBGE, o Brasil tem 5.570 municípios, muitos dos quais só existem como municípios para sustentar um prefeito e os vereadores. Pois nada impede que alguns desses municípios tenham uma faculdade de direito. Quantos de seus advogados aprenderão latim para dizer "causa mortis", "mutatis mutandis" e, quem sabe, "quosque tandem, Catilina, abutere patientia nostra?".

O Brasil deve ser também o país com mais farmácias do mundo —média de três ou quatro por quarteirão nas grandes cidades—, embora isso não nos torne um país saudável. Da mesma forma, nenhum país tem mais bancos, supermercados, shoppings, McDonalds e lojas de colchões. Nenhum consome mais alimentos ultraprocessados, porcarias pré-prontas, refrigerantes diet, biscoitos industrializados e batata frita.

Nenhum país faz mais cirurgias plásticas, bariátricas e íntimas. Nenhum nos supera em toneladas de peitos e bundas inflados. E em nenhum se faz tanta dieta —a quantidade de quilos perdidos anualmente pela população bate na casa dos bilhões. Mas, nesse caso, nada se perde porque, em pouco tempo, eles voltam, um por um. Nenhuma criança passa mais horas por dia olhando para o celular do que as nossas.

Em compensação, poucos países têm menos bibliotecas, livrarias, teatros, salas de concerto, museus, galerias e escolas de dança do que o Brasil. Viva o Brasil.