domingo, 19 de novembro de 2023

Elio Gaspari, O PT menospreza os riscos de 2026, FSP

 


Nas eleições presidenciais, é comum que um candidato saia vitorioso muito mais pela fraqueza do adversário do que pelo vigor de sua proposta. Em 2022 e em 2018, as vitórias de Lula e de Bolsonaro deveram-se mais à vulnerabilidade do derrotado. Em 2022 houve mais votos contra Bolsonaro do que a favor de Lula. Em 2018, com Bolsonaro havia acontecido o contrário. Ele prevaleceu, ajudado muito mais por um sentimento antipetista do que por suas ideias, que eram poucas e confusas.

O primeiro ano de mandato de Lula está para terminar, com um desempenho que cultiva a agenda negativa. A situação da economia e as amarras políticas dificultam-lhe a agenda positiva, mas uma certa autoconfiança típica de quem está no poder mostra-se como fonte alimentadora do voto contra.

Lula, um homem branco de barba e cabelos da mesma cor, está de perfil, vestido com terno azul, as palmas das mãos juntas diante do corpo. Ao fundo, um homem careca de terno azul aparece desfocado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe cidadãos repatriados da Faixa de Gaza, em Brasília - Ueslei Marcelino - 13.nov.2023/Reuters

Dois episódios recentes:

Primeiro, a classificação dos crimes de guerra de Israel em Gaza como atos "terroristas". Para um presidente que assumiu com áulicos sonhando em levá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, da Venezuela à Ucrânia, Lula atravessou continentes para escorregar em cascas de bananas. Na guerra de Israel contra o Hamas, uma frase palanqueira desperdiçou o prestígio adquirido pela diplomacia brasileira no Conselho de Segurança da ONU.

Num segundo caso, o governo transformou uma limonada em limão com o episódio dos acessos de Madame Tio Patinhas aos escalões do Ministério da Justiça.

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Indo-se aos fatos: em março passado a senhora, mulher de um chefe do Comando Vermelho, visitou hierarcas e, na manhã de segunda-feira (13), ela foi exposta. À tarde, o Ministério da Justiça mudou o seu protocolo de acesso a autoridades.

Houve um erro e foi corrigido. Seria o prenúncio de uma agenda positiva. Desde então, contudo, marchou-se heroicamente em busca de uma agenda negativa. Quem reclama é fascista, a madame tinha o direito de apresentar seus pleitos humanitários, inclusive com passagens pagas pela Viúva.

A segurança pública tornou-se um assunto relevante na agenda nacional e as mazelas da Bahia tisnam o desempenho dos governos petistas do estado. Até agora o Planalto respondeu com planos ambiciosos e notoriamente fracassados. Talvez possam dar certo, mas chamar de fascista quem critica a ida de Madame Tio Patinhas aos gabinetes do Ministério da Justiça serve apenas para levar água ao monjolo da agenda negativa que já serviu de semente para o bolsonarismo.

Responsável por assinar concessão de energia de SP, Matarazzo defende mais fiscalização, FSP

 


SÃO PAULO

Responsável por assinar o contrato de concessão de energia no estado de São Paulo há 25 anos, o ex-secretário Andrea Matarazzo (PSD) afirma que o acerto seguiu os padrões da época e que, diante da crise atual com a Enel, a responsabilidade cabe sobretudo à fiscalização, que deve ser feita pelo governo federal por meio da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

No último dia 16, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), pediu o cancelamento do contrato com a Enel devido à demora no restabelecimento da energia elétrica após temporais na cidade.

Funcionário da Enel faz reparo em Embu das Artes após temporal em 3 de novembro - Rubens Cavallari - 8.nov.23/Folhapress

"O contrato de concessão seguia um padrão, todos fizeram dessa forma. Agora dois problemas são o gerenciamento das empresas e, sobretudo, a fiscalização das empresas. É menos uma questão de contrato, é essencialmente de fiscalização", afirma Matarazzo ao Painel.

Representando o estado de São Paulo como secretário de Energia, Matarazzo foi um dos que assinou, em 1998, o contrato firmado entre a então estatal Eletropaulo, fundada pelo governo paulista, e a Aneel. O prazo de concessão vai até 2028.

Em 2018, o estado fez um leilão das suas cotas na empresa, que foram adquiridas pela empresa italiana Enel.

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Para Matarazzo, não há necessidade de cancelar o contrato. "O que tem que ter é a Aneel ficar em cima para ver se as equipes estão adequadas, se os indicadores seguem os padrões do contrato", diz.

O ex-secretário municipal e ex-vereador diz ainda que o problema das árvores e da fiação elétrica é histórico em São Paulo, mas foi agravado pela crise climática.

Diadema vira contraponto no PT a onda de violência na Bahia, FSP

Integrantes do PT têm apresentado a cidade de Diadema, na Grande São Paulo, como um contraponto positivo na área de segurança pública à Bahia, estado governado pelo partido há 16 anos onde os índices de violência e letalidade policial explodiram.

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Bairro Jardim Campanário, em Diadema - Eduardo Knapp/Folhapress

A cidade de 400 mil habitantes no ABC paulista é um reduto do partido desde os anos 1980, com pequenas interrupções.

A taxa de homicídios neste ano está em apenas 4 casos para cada 100 mil habitantes, mesmo índice de 2021 e 2022, e bem abaixo da média nacional, de 23,4. Na Bahia é de 47,1 por 100 mil.

Na década de 90, o índice em Diadema chegou a 130 assassinatos por 100 mil habitantes. Desde então, diversas administrações petista adotaram ações para reduzir esses índices, do fechamento de bares no período noturno a policiamento comunitário, investimentos em inteligência e integração entre as polícias civil e militar e a Guarda Civil Municipal.

A letalidade policial também é baixa, com quatro casos nos últimos três anos.