quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

'Vocês sequer imaginam a vida que levamos', diz Heloísa Bolsonaro, em defesa do marido no Qatar, FSP

 

psicóloga Heloísa Bolsonaro, esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se manifestou publicamente em defesa do marido após a repercussão negativa da ida do casal ao Qatar, onde ambos assistiram a um jogo da seleção brasileira.

De acordo com Heloísa, a viagem dos dois começou a ser planejada há um ano e foi paga a prestações. "Não houve ônus para a Câmara [dos Deputados] nem jatinho privado, como a esquerda já começou a inventar", diz ela.

O deputado Eduardo Bolsonaro ao lado da esposa, Heloísa, em estádio no Qatar durante jogo do Brasil contra a Suíça, na segunda (28) - Reprodução

A publicação, feita nesta quinta-feira (1º), é a primeira da psicóloga sobre o tema desde que a imagem dos dois em um estádio do país árabe ganhou ampla repercussão nas redes sociais.

Como mostrou a coluna, o episódio conseguiu unir bolsonaristas, apoiadores de Lula (PT) e não militantes nas redes sociais, que se voltaram massivamente contra o deputado.

"Por várias vezes discutimos 'qual o clima de irmos viajar?'", diz Heloísa, se referindo à derrota do sogro, Jair Bolsonaro (PL), nas urnas. "Mas não viemos apenas assistir um jogo", acrescenta.

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De acordo com a psicóloga, Eduardo Bolsonaro viajou para supostamente dialogar com autoridades internacionais. "Eduardo é uma figura que transita muito bem internacionalmente", afirma. "Eduardo hoje é o único brasileiro que consegue ser recebido pelas maiores autoridades mundiais", diz ainda.

No início desta semana, ao defender sua ida ao Qatar, Eduardo Bolsonaro afirmou que foi ao país asiático não para ver a Copa, mas para distribuir pen drives com "a verdade sobre o Brasil". O pronunciamento, feito em vídeo, gerou memes de toda a sorte.

Nesta quinta-feira, Heloísa Bolsonaro endossou a versão do marido. "Quem está zombando dos 'pen drives' não faz a menor ideia que certas conversas e certos assuntos só podem ocorrer pessoalmente e com conteúdos em mãos. Vocês viram apenas um recorte público, como na foto", afirma.

"Pode parecer que estamos curtindo a vida, mas vocês sequer imaginam a tal 'vida' que levamos. Somos aliados nessa luta. Nunca foi fácil", emenda.

Na publicação, Heloísa Bolsonaro também nega que os dois tenham viajado ao Qatar escondidos. "Ninguém imaginaria que Eduardo passaria batido num mundial de futebol. Porém não faria o menor sentido eu dividir uma experiência de viagem, com tanta coisa acontecendo em nosso país", explica.

Ao final da publicação, Heloísa diz que o casal tem "uma missão, guiada por nossos princípios", sem esclarecer o que ou quais seriam. "Pra quem acha que tudo se resume a futebol, posso garantir uma coisa: a bola tá rolando e ainda tem muito jogo", finaliza.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Os inimigos do Estado, editorial OESP

 A derrota de Jair Bolsonaro parece ter livrado o País das amarras que o modus operandi do presidente impunha ao funcionamento das instituições de Estado. Já se sabia dos efeitos do descalabro bolsonarista em políticas públicas voltadas ao meio ambiente, educação, ciência e cultura, mas o que surpreende é o quão bem-sucedido o governo foi em destruir áreas que não pareciam estar na mira presidencial, como saúde e assistência social.

Ainda na campanha, a apresentação do Orçamento de 2023 já era um prenúncio de tempos difíceis, com tesouradas brutais em programas como o Farmácia Popular e a ausência de recursos para garantir o piso do Auxílio Brasil. O gabinete de transição do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, tem sido alimentado com relatos diários sobre o caos generalizado que terá de enfrentar no que diz respeito ao provimento de serviços públicos essenciais.

Com quase 700 mil mortes, uma nova onda de casos e cobertura vacinal insuficiente, o País pode ter de descartar 13 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19 com prazo de validade prestes a expirar. O prejuízo, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), pode chegar a quase R$ 2 bilhões. Alegando tratar-se de informações reservadas, o Ministério da Saúde resiste ao pedido de informações dos integrantes do governo eleito sobre o estoque de medicamentos na rede pública, desde analgésicos a antirretrovirais para o tratamento de HIV. A pasta tampouco apresentou dados sobre a fila de pessoas em busca de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre a previsão de aquisição de vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A equipe de transição recebeu a informação de que há 5 milhões de processos referentes a benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com análise atrasada. O jornal Valor mostrou que beneficiários do Auxílio Brasil têm tido os pagamentos bloqueados sem motivo aparente. Solucionar o problema exige meses de espera para agendar um atendimento presencial nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) – filas que devem explodir com a tardia investigação sobre o crescimento de famílias unipessoais no Cadastro Único (CadÚnico), convenientemente iniciada somente depois do segundo turno.

Há muitos outros casos a confirmarem o quadro, e talvez não seja por acaso que o gabinete de transição tenha reunido mais de 400 pessoas – a imensa maioria trabalhando sem remuneração – dispostas a fazer um diagnóstico das urgências a serem enfrentadas em 2023. A substituição da figura agressiva, vingativa e desagregadora de Bolsonaro pelo vulto apático que o revés eleitoral evidenciou parece ter encorajado muitos servidores até então silenciados a colaborar na descrição das consequências práticas da balbúrdia a que o País foi submetido nos últimos quatro anos.

Toda a prioridade do governo eleito tem sido dada à construção de acordos pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, solução escolhida para recompor a verba de programas prioritários do Orçamento de 2023. As informações reunidas pelo gabinete de transição revelam mais do que simples cortes de verbas e necessários remanejamentos orçamentários, mas uma profunda e generalizada desestruturação do Estado em suas mais diversas dimensões – em especial das raras políticas públicas que venciam todos os obstáculos até chegar efetivamente às famílias mais carentes.

“Quanto mais Estado, pior”, vaticinou o presidente, em uma entrevista que concedeu à revista Veja entre o primeiro e o segundo turno da eleição. Em vez de proporcionar mais foco, prioridade, eficiência e qualidade ao gasto público, o bolsonarismo apostou em uma sociedade quase feudal, em que cada um deve lutar pela sobrevivência literalmente com suas próprias armas. Diante dos péssimos resultados que o País colheu, cabe perguntar como Bolsonaro conquistou quase metade dos votos na disputa presidencial, bem como refletir sobre o que isso revela sobre as noções brasileiras de cidadania e coesão social.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Alesp aprova gratuidade no transporte coletivo e reorganização ferroviária do Estado de São Paulo, Alesp

 A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou nesta terça-feira (29), em sessão extraordinária, dois projetos de lei em tramitação na Casa. O primeiro deles autoriza o Executivo a conceder gratuidade no transporte público metropolitano para pessoas entre 60 e 65 anos. Já o segundo reorganiza o sistema ferroviário estadual de cargas e passageiros, com o objetivo de regulamentar o seu uso por futuros concessionários.


De acordo com o texto aprovado pelos parlamentares, o Projeto de Lei 608/2022 autoriza a gratuidade do transporte metropolitano por meio de bilhete eletrônico de uso pessoal e intransferível, que poderá ser suspenso ou cancelado caso haja uso indevido. Após concluído o trâmite interno na Alesp, a medida seguirá para sanção ou veto, total ou parcial, do governador Rodrigo Garcia, o que deve acontecer até o final da semana.

Os parlamentares alteraram o projeto original, enviado pelo governador, que previa a gratuidade da passagem apenas para pessoas de 60 a 65 anos em situação de pobreza e extrema pobreza inscritas no CadÚnico, do governo federal. Essa exigência foi retirada do texto, por meio de um projeto substituto, que diz que o Poder Executivo estabelecerá as normas complementares necessárias à execução da lei.

A autorização concedida pela Alesp ao Executivo está prevista no Estatuto do Idoso, de 2003, que já tem a gratuidade para pessoas com 65 anos ou mais em todo o Brasil. "A Alesp fez essa mudança no projeto e agora cabe ao Executivo analisar se concede a gratuidade a todas as pessoas acima de 60 anos ou apenas àquelas que não tem condições financeiras", disse o presidente do Parlamento, deputado Carlão Pignatari.

"Que bom que houve a sensibilidade de retirar essa questão do CadÚnico, porque nós entendemos que o idoso que usa o transporte coletivo é aquele que de fato precisa", afirmou o deputado Dr. Jorge do Carmo (PT). A bancada do partido Novo, composta por dois deputados, declarou voto contrário ao texto aprovado, por ser favorável à proposta original, que previa a exigência do cadastro social para a concessão do benefício.

Ferrovias

Já o Projeto de Lei 148/2022 aprovado na mesma sessão cria o chamado Subsistema Ferroviário do Estado de São Paulo. Também de autoria do Executivo, a proposta adota uma organização geral de todo o transporte ferroviário de cargas e passageiros. Entre as medidas criadas pelo documento, está a regulamentação das condições de uso da infraestrutura e as situações e tipos de terceirização das ferrovias.

Apesar de aprovada, a proposta recebeu votos contrários das bancadas do PT e do PSOL, que