quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Ruy Castro - O covarde em questão,FSP

 


Acontece na guerra: o exército vencido bate em retirada e tenta se vingar do vitorioso deixando um rastro de destruição e morte. Mas, como bem sabem os militares, quem faz isto está sendo só covarde. Primeiro, porque é uma vingança a distância, a salvo, pelas costas, típica dos covardes. E também porque, ao plantar minas ao fugir, tocar fogo em cidades e florestas e envenenar rios e plantações, matarão muito mais inocentes, como crianças e animais, do que os experientes inimigos que pretendem atingir.

Jair Bolsonaro é o covarde em questão. Ao encontrar o que merecia nas urnas e ter data marcada para ir embora, está aproveitando os últimos dias no cargo para completar seus quatro anos de meticulosa demolição do país. Vide seu apoio mudo e tácito aos atos terroristas e às barricadas nas estradas. O histérico baderneiro que, há dias, impediu um pai de vencer a barreira para levar o filho a uma cirurgia que lhe garantiria a visão pode ter nome e sobrenome. Mas este é só o pseudônimo do celerado. Seu verdadeiro nome é Jair Bolsonaro, e será a este que o pai deverá exigir satisfações se seu filho perder o olho.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) - Pedro Ladeira - 8.dez.20/Folhapress

Como ainda tem tinta na caneta, Bolsonaro tenta passar o resto da boiada, infiltrando os derradeiros pilantras de sua confiança em órgãos judiciais, cortando verbas essenciais e desmontando os já poucos serviços de proteção às florestas. Quem perde com isso é o Brasil, mas e daí? E seu silêncio fala alto quando, agora temendo processos de verdade, ele escala Walter Braga Netto e Valdemar Costa Neto para fazer o trabalho sujo.

Bolsonaro não tem a hombridade dos grandes generais que, ao perder a guerra, entregam sua espada ao vitorioso e saem de cabeça erguida —vencidos, mas não derrotados. Sua atitude é a de um moleque.

Moleque, segundo o Houaiss, pode ser tanto um sujeito brincalhão e gaiato quanto uma criança ou um canalha. Você escolhe.

Gleisi rebate Jaques Wagner e diz que problema de PEC é articulação no Senado, FSP

 A presidente nacional do PT e coordenadora da articulação política do governo de transição, Gleisi Hoffmann, rebateu nesta quinta-feira (24) o senador petista Jaques Wagner (BA) e afirmou que os problemas de tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição não estão ligados à indefinição sobre o futuro ministro da Fazenda, e sim à falta de articulação política no Senado.

Gleisi também disse que segue apostando na aprovação da PEC para possibilitar o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600, mas já admite "buscar outras saídas".

Imagem mostra a presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann durante entrevista a jornalistas no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição. Ela é uma mulher branca, loira e veste uma blusa branca. Está entre o ex-ministro Aloizio Mercadante e o secretário-executivo do grupo de transição, Floriano Pesaro
Gleisi Hoffmann durante entrevista recente no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição - Gabriela Biló/Folhapress

Gleisi conversou com jornalistas logo após assistir à estreia do Brasil na Copa do Mundo, ao lado do vice-presidente eleito Geraldo Alckimin (PSB) e outros membros do governo de transição. A presidente do PT foi questionada sobre falas de Jaques Wagner, escalado pelo partido para reforçar a articulação política para aprovação da PEC.

Mais cedo, no CCBB, o senador disse que faltava a indicação de um ministro da Fazenda do governo eleito de Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) para facilitar as negociações envolvendo a PEC.

O parlamentar ressaltou que se tratava de uma "opinião", mas que conversaria com Lula em São Paulo. Os dois têm um encontro na capital paulista nesta sexta (25).

"Está faltando articulação política no Senado, por isso eu acho que nós travamos na PEC. [O problema foi] a forma como foi iniciado o processo, sem falar ou sem formatar uma base mais forte de governo. Não é falta de ministro", rebateu Gleisi.

"Não vejo isso [que a nomeação do ministro pode facilitar a tramitação]. Acho que a articulação política se dá no Congresso, independe de quem é ministro. A gente tem que respeitar o tempo do presidente da República, o tempo de Lula, de avaliar sobre quem ele quer nos ministérios, até porque isso é uma responsabilidade muito grande", completou a deputada, acrescentou não saber o motivo dessa "ansiedade toda".

A presidente do PT na sequência disse que grande parte das dificuldades de tramitação no Senado é consequência da forma como as negociações se iniciaram, sem haver conversas com todos os líderes e com todas as bancadas. Disse que isso acabou "chateando o pessoal". Por outro lado, afirmou que essas questões podem ser superadas e que as conversas para destravar a tramitação já estão sendo feitas.

Gleisi também descartou iniciar a tramitação do texto pela Câmara dos Deputados, argumentando que o Senado é uma casa que possibilita um processo mais célere. Questionada se haveria um plano B para eventual fracasso da PEC, respondeu que segue apostando na proposta, mas que podem procurar outras saídas se não houver avanço.

"Eu aposto muito na solução política, como disse o presidente [Lula]. Acho que o Congresso Nacional tem responsabilidade para com o país e para com o povo brasileiro, porque o que nós estamos colocando na PEC é exatamente aquilo que foi aprovado pela população brasileira nas eleições presidenciais. Então acho que a Casa tem ressonância em relação a isso, nós vamos apostar. Obviamente que, se isso não for possível, vamos ter que buscar outras saídas", afirmou.

A equipe de transição aposta na aprovação da PEC para possibilitar o pagamento do programa Bolsa Família fora do teto dos gastos. O PT quer ao menos R$ 175 bilhões de licença para gastar para financiar o programa, além de outros R$ 23 bilhões para investimentos.

Além do valor aprovado fora do teto, o rombo já previsto para o ano é de cerca de R$ 63 bilhões. A expansão das despesas aprofunda o déficit nas contas, que terá que ser financiado pelo governo a taxas de juros de dois dígitos (as expectativas são de que a Selic, hoje em 13,75%, se mantenha ao menos nesse patamar até meados de 2023).

Um dos pontos que travam a proposta é a duração desse caráter excepcional. O PT defendia inicialmente que esse modelo valeria permanentemente e já admitiu recuar para os quatro anos do mandato de Lula.

Porém, como mostrou a Folha, a cúpula do Congresso e lideranças partidárias concluíram que a proposta só tem chances de ser aprovada se tiver um prazo máximo de dois anos.

A visão do PT é que, se as discussões caminharem em direção a uma desidratação ainda maior quanto ao prazo, como duração de um ano, o esforço já não valeria mais a pena porque o governo eleito poderia buscar maneiras mais fáceis de executar as despesas.

O relator-geral do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), afirmou que pretende protocolar o texto da PEC até a terça-feira (29). Ele prevê que a proposta precisa ser aprovada tanto no Senado quanto na Câmara até o dia 10 de dezembro para haver tempo hábil para fazer os ajustes no Orçamento.

Comandantes das Forças Armadas planejam dar posse aos indicados por Lula já em dezembro, OESP

 Os comandantes das Forças Armadas planejam passar seus cargos para os oficiais-generais indicados pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva já em dezembro. A ideia é que o petista tome posse em 1.º de janeiro já com os comandantes de sua gestão. A Força Aérea tem até data marcada para a cerimônia de transmissão de cargo: dia 23 de dezembro. As demais Forças pretendem fazer o mesmo em datas diferentes.

Assim, a passagem de bastão de um governo para o outro começaria pelas Forças Armadas. Oficiais-generais ouvidos pelo Estadão consideram que não haveria problema nem mesmo legal, pois dizem acreditar que o presidente Jair Bolsonaro não se oporia a publicar os decretos para nomear os escolhidos por Lula. Na transição, o plano dos generais causou estranheza. É que os comandantes tomariam posse antes mesmo do ministro da Defesa, que deve ser um civil.

A medida evitaria quaisquer constrangimentos aos atuais comandantes, caso haja alguma ação ou protesto contra a posse do presidente eleito. Dentro das três Forças se nega a ideia de que a decisão seja uma forma de os atuais comandantes não terem de se submeter, ainda que por alguns dias, ao governo Lula. Acredita-se que a nova gestão deve “olhar para frente” e deixar o atual ambiente conturbado para trás, priorizando a modernização das Forças Armadas, sem envolvê-las na política partidária, como tem tentado o atual chefe do Executivo.

Foi só no 11.º dia da gestão de Bolsonaro que houve a passagem de comando do general Eduardo Villas Bôas para o general Edson Leal Pujol, o primeiro dos três generais que comandaram o Exército durante o atual governo. Foi o último dos comandantes militares a tomar posse no início do atual governo. O primeiro foi o brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez, em 4 de janeiro. O segundo foi o almirante Ilques Barbosa Júnior, em 9 de janeiro. Todos foram empossados depois de o general Fernando Azevedo e Silva assumir como ministro da Defesa.

Transição

Os comandantes das Forças já informaram ao senador Jaques Wagner (PT-BA) que aguardam apenas a designação dos responsáveis pela transição na área da Defesa para iniciar o processo. Os nomes do Grupo Técnico no governo de transição devem ser divulgados oficialmente ainda nesta quinta ou sexta-feira. A equipe de transição fez contatos com ex-comandantes de cada uma das Forças sobre a disposição de eles participarem do processo. Inclusive com aqueles demitidos por Bolsonaro, como mostrou o Estadão, a exemplo do general Edson Leal Pujol, do Exército, e do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva.

Os nomes foram revelados ontem pelo Valor e confirmados pelo Estadão. Entre eles estão os generais Enzo Peri, que comandou o Exército de 2007 a 2015 e o general José Carlos de Nardi, que foi chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas – este último aceitou nesta quarta-feira, 23, o convite. Na Marinha, o almirante Júlio Soares de Moura Neto, que a comandou de 2007 a 2015. No caso da Marinha, pretende-se ainda um nome que esteja vinculado à área da energia nuclear, assim como na FAB a transição procura um brigadeiro ligado à área de ciência e tecnologia.

A transição convidou ainda o tenente-brigadeiro Juniti Saito, que comandou a FAB de 2007 a 2015, mas sua participação ainda não era certa para compor o grupo, assim como foram sondados para participar da equipe os professores Manuel Domingos Neto, ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed), e Adriana Marques, coordenadora do Laboratório de Estudos de Segurança e Defesa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Escolhas

Entre conselheiros do presidente eleito existe a ideia de que a escolha dos novos comandantes recaia sobre os três oficiais mais antigos de cada Força. No caso do Exército, o nome mais provável para o cargo é o do general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, atual comandante militar do Sudeste. Tomás foi ajudante de ordens dos presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, de quem se tornou amigo. Foi ainda chefe de gabinete do general Eduardo Villas Bôas.

No caso da Aeronáutica, a escolha recairia em Marcelo Kanitz Damasceno, atual chefe do Estado-Maior da FAB. Além do senador Jaques Wagner, os ex-ministros da Defesa Celso Amorim e Nelson Jobim têm servido de intermediários entre o novo governo e os militares.

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Como antecipou o Estadão, no dia 11 de novembro, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos, comandante da Marinha, o general Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército, e o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da Aeronáutica, publicaram nota conjunta sem a assinatura do atual ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, na qual defenderam a garantia de manifestações pacíficas e condenaram “restrições a direitos por parte de agentes públicos” e “excessos cometidos” em atos pelo País – “que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública”.

Eles estavam se referindo às manifestações em estradas e na porta de quartéis feitas por apoiadores de Bolsonaro que buscavam impedir a posse do presidente eleito. A manifestação dos comandantes levou a reações de políticos, como a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann.

Em publicação no Twitter, a petista afirmou que os chefes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica não devem se envolver em política. “Não é papel dos comandantes militares opinar sobre o processo político, muito menos sobre a atuação das instituições republicanas”, afirmou. Gleisi ainda declarou que a liberdade de manifestação “não se aplica a atos contra a democracia, que devem ser tratados pelo nome: golpismo”.