segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Bolsonaro não aceita discutir futuro político e adia conversa sobre oposição a Lula, dizem aliados, OESP

 BRASÍLIA - A derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), primeiro a não se reeleger na história recente do País, deve fazer com ele que se recolha por um tempo da política, em vez de assumir a liderança da oposição ao futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A aposta no ostracismo decorre de declarações do próprio Bolsonaro, apesar do desempenho nas eleições. Passadas mais de 15 horas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarar oficialmente a vitória do petista, o presidente permanece em silêncio.

“Eu acho que ele vai se recolher. Ele sempre reclamou muito: ‘O que eu estou fazendo aqui? Poderia estar na minha chácara, pescando’”, lembra o deputado eleito Alberto Fraga (PL-DF), amigo de Bolsonaro há 40 anos, sobre os hábitos de pescar na região de Angra dos Reis (RJ), onde o presidente tem uma casa na Vila de Mambucaba. “Do jeito que ele não tem ligação com a mídia, quando deixar de ser presidente ninguém vai procurar Bolsonaro. Político sem mandato é abelha sem ferrão.”

Bolsonaro sempre se queixou da tarefa de presidir o País. Reclamava de falta de privacidade, de cansaço, de tempo para se distrair e chegou a dizer que não levava jeito para ser presidente. “Não tinha nada para estar aqui, nem levo jeito”, disse ele ao discursar em fórum de investimentos, em junho. “Nasci para ser militar, entrei na política por acaso.”

O presidente Jair Bolsonaro se mantém em silêncio horas após a derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente Jair Bolsonaro se mantém em silêncio horas após a derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Às vésperas do primeiro turno, o presidente deu uma indicação de falta de expectativa para o futuro, ao falar a um podcast de influenciadores evangélicos. “Se for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa aí a faixa e vou me recolher. Porque, com a minha idade, eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra. Se acabar essa minha passagem pela política, aqui. Obrigado a todos”, afirmou o presidente.

Governadores eleitos em 2022, The News

 Os mais comentados...

Em São Paulo, Tarcísio saiu vitorioso, derrotando Haddad por 55,27% a 44,73%, que não se pareceu preocupar muito com a derrota das eleições.

No Sul, Eduardo Leite conseguiu uma virada histórica contra Onyx Lorenzoni, com 57% dos votos válidos. Você pode ver os demais eleitos no gráfico abaixo:

Outros destaques importantes:

  • Os partidos que mais elegeram governadores foram PT e União Brasil. O Partido dos Trabalhadores foi de 1° turno no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte — na tarde de ontem, mais um petista assumiu o governo da Bahia.
  • União Brasil elegeu dois mandatários no 1° turno para Goiás e Mato Grosso do Sul, e outros dois para Rondônia e Amazonas ontem.
  • Já o PSDB manteve a mesma quantidade de eleitos de 2018, no entanto, perdeu a cadeira de São Paulo.
  • O PL elegeu líderes estaduais para 1ª vez no país — foram dois governadores no total.

'Baderneiros não representam os caminhoneiros', diz líder parlamentar, FSP

 Juliana Braga

BRASÍLIA

O presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, Nereu Crispim (PSD-RS), afirma que os motoristas que estão bloqueando as vias nesta segunda-feira (31) após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) são um "grupo de baderneiros" e não representam a categoria.

"Esse movimento não representa os caminhoneiros. Os caminhoneiros respeitam as instituições, respeitam a democracia e respeitam o resultado das urnas", diz.

Ele diz que a pauta da categoria não está relacionada com o resultado das eleições e que Bolsonaro, que se elegeu com o apoio de motoristas em 2018, não a enfrentou.

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Sinope-MS, 31.10.2022, Bloqueio na BR-163, manifestantes protestam contra o resultado das eleições presidenciais que resultou na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ( Foto: Guilherme Araujo / SóNoticias ) - SóNoticias

Entre os pleitos, ele cita aposentadoria especial com 25 anos de contribuição, o piso mínimo do frete, a unificação dos documentos fiscais e a mudança na política de preços dos combustíveis adotada pela Petrobras. Uma carta com as demandas já foi entregue ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo relato do parlamentar, quem está inflando os bloqueios nos grupos de mensagens de motoristas são parlamentares bolsonaristas e empresários do agronegócio.

O deputado enviou um ofício ao diretor geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, pedindo que adote as medidas necessárias para garantir o "cumprimento da Constituição" e a liberdade de trânsito.

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Pede ainda,que seja respeitada "a honra objetiva" da categoria, com a "individualização de fatos e de atos a quem especificadamente os pratica em nome próprio sem que o uso indevido da categoria contamine, pela generalização, o habitual comportamento ético-legal dos caminhoneiros".

Também foi o oficiado o ministro da Justiça, Anderson Torres, a quem fica subordinada a PRF.

Caminhoneiros apoiadores de Bolsonaro iniciaram na noite deste domingo (30) bloqueios em estradas em protesto ao resultado das eleições, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor para o cargo de presidente. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) confirmou terem sido registrados até o momento bloqueios ou aglomerações em vias de 11 estados e do Distrito Federal.

A corporação não informou quantas ocorrências em cada um dos estados. Houve ou estão em andamento protestos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em Minas Gerais, São Paulo, no Rio de Janeiro, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, no Pará e no Distrito Federal.