A reação fria de tucanos à presença de João Doria (PSDB) em evento para homenagear Bruno Covas (PSDB) na terça-feira (12), em São Paulo, ficará como marco do fim do projeto presidencial do ex-governador paulista em 2022.
O diagnóstico é feito por tucanos que compareceram ao encontro na capital, muitos deles críticos a Doria, mas alguns deles também aliados.
Vencedor das prévias do PSDB em 2021, Doria se queixa de ser alvo de uma tentativa de golpe para que o candidato presidencial seja Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul.
Os apoiadores de Leite rebatem dizendo que ele tem mais potencial eleitoral e que o partido mudou muito desde as prévias, com a saída de diversos parlamentares que apoiaram Doria no processo decisório. Dessa forma, a escolha pelo ex-governador paulista não refletiria mais a vontade do partido.
Doria falou logo no começo e deixou o local antes do fim do evento. Foi ovacionado, mas sem a empolgação com que os presentes gritaram o nome do governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Entre tucanos, eles falavam em tom de brincadeira que até mesmo membros de segundo escalão da estrutura do partido tiveram os nomes entoados com mais ânimo pela militância.
Em registro mais agressivo, críticos de Doria disseram que o evento evidenciou que ele está só e meio morto como político. Eles dizem que ele já pode ser considerado uma questão superada na sigla, que agora então deve se debruçar na viabilização do nome de Leite como principal representante da chamada terceira via.
Garcia foi citado seguidas vezes pelos presentes em seus discursos, com ênfase. Bruno Araújo, presidente do PSDB, disse que Bruno Covas seria "o maior entusiasta" da pré-candidatura do atual governador. Sobre Doria, de quem é coordenador de campanha, silenciou. Araújo passou a maior parte do evento sentado ao lado de Garcia.
Em jantar com empresários na segunda-feira (11), Araújo afirmou que o acordo com MDB, União Brasil e Cidadania para encontrar um nome único para a terceira via se sobrepunha à prévia tucana. Essas siglas prometem definir uma chapa conjunta até 18 de maio.
Além de Araújo e Garcia, estavam também no palco Carlão Pignatari (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de SP, e Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de SP.
Os quatro foram colocados em estado de alerta por Doria no fim de março, quando ele disse que não seria mais candidato a presidente e que permaneceria no Governo de SP. A manobra colocaria fim à candidatura de Rodrigo Garcia, tida como prioritária pelo grupo.
Doria depois disse ter se tratado de "comportamento estratégico" para que o PSDB manifestasse publicamente apoio a ele. Araújo divulgou uma carta em apoio à candidatura presidencial do ex-governador durante o dia, mas tem se mostrado cada vez mais distante de Doria desde então.