A pandemia da covid-19 serve de alerta para uma ameaça ainda maior: as mudanças climáticas. Mas ainda é tempo de evitar o pior |
No Brasil, a expressão “Rio 40 graus” nunca fez tanto sentido. Os cariocas passam dias enfrentando temperaturas acima dos 35 graus. O clima de monções não é mais predominante na Região Sudeste, que se transforma em uma savana tropical. Na América do Norte, o derretimento das geleiras converte cidades costeiras em museus submersos. Casas suntuosas à beira-mar desaparecem, gerando perdas bilionárias de patrimônio. Uma intensa temporada de furacões devasta boa parte do Caribe e do sul da Flórida. Sem conseguir arcar com os prejuízos, as seguradoras precisam recorrer aos governos. Essas são algumas das previsões dos cientistas sobre o que vai acontecer até o fim do século se nada for feito para conter as emissões de carbono. É um cenário catastrófico, com efeitos incalculáveis para a economia. Talvez nem todos esses efeitos do aquecimento global se tornem realidade. O risco, no entanto, está colocado. E um número cada vez menor de empresários, investidores e líderes políticos está disposto a pagar para ver, especialmente após a pandemia do coronavírus. Inicialmente, a crise da covid-19 interrompeu o debate sobre as mudanças climáticas que vinha crescendo desde o último Fórum Econômico Mundial, ocorrido em janeiro em Davos, na Suíça. Com o choque, todas as atenções se voltaram para as ações de controle do vírus e de mitigação dos efeitos econômicos da quarentena. Parecia que o meio ambiente ficaria em segundo plano. Passado o susto inicial, no entanto, e à medida que o debate muda da salvação para a retomada da economia, o assunto tem voltado à pauta. O Fórum Econômico Mundial lançou um movimento batizado de O Grande Reset. Seu mote é promover a ideia de que o mundo não pode, simplesmente, retornar ao que era antes — é preciso repensar o sistema. |
terça-feira, 28 de julho de 2020
27.07.20 | Uma chance ao verde, Procel via Exame
Hélio Schwartsman - O futuro das universidades, FSP
A primeira vítima foi a indústria fonográfica. Depois vieram setores como o hoteleiro, o de mídia, transporte de passageiros, entretenimento etc. A conjunção de novas tecnologias com um espírito mais faça-você-mesmo por parte dos consumidores causou um terremoto nessas áreas. Será que chegou a vez da educação superior?
A pandemia paralisou as atividades presenciais na maioria dos cursos e causa um empobrecimento geral da sociedade. Isso está levando muitos alunos, especialmente os das caras universidades de elite dos EUA, a repensar o valor de seu investimento. Muitas instituições se preparam para o pior, e algumas já até começaram a demitir professores.

É claro que a educação é importante. Você não forma um médico sem ensinar-lhe uma série de conteúdos específicos. Ainda assim, o que as universidades vendem são pacotes que não oferecem apenas o acesso a um corpo de conhecimentos. Fazem parte do conjunto a experiência universitária, que inclui a oportunidade de travar relacionamentos com os futuros líderes do país, e, mais importante, o prestígio (e a empregabilidade) que um diploma de Harvard, por exemplo, confere a seu portador.
O problema é que, por ora, a experiência universitária está suspensa e o acesso a conteúdos é de certa forma um bem fungível, podendo ser adquirido em livros ou escolas mais baratas. Aliás, no que constitui uma daquelas ironias do destino, muitas das mais conceituadas instituições já disponibilizavam na internet, gratuitamente e para todos, algumas de suas melhores aulas.
Resta, é claro, a questão do diploma. Suas bases, porém, não são das mais sólidas. Por que um canudo de Harvard vale mais do que o de um community college? Isso ocorre porque empregadores utilizam o diploma das universidades mais concorridas como uma espécie de teste de QI. O ponto é que existem formas muito mais baratas de aferir a inteligência de alguém.
Censório e ineficaz, editorial FSP
Bloquear bolsonaristas na rede não ajudará o STF a desmontar engrenagem que sabota democracia
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Não há dúvida de que o presidente Jair Bolsonaro conta com uma ampla rede de seguidores que usam a internet para espalhar desinformação, incitar o ódio contra seus adversários e fomentar o descrédito nas instituições democráticas.
Se a existência dessa rede e sua relevância para a sustentação do governo são incontroversas, resta muito a esclarecer acerca de sua articulação com grupos empresariais, da origem dos recursos que a financiam e dos mecanismos que amplificam seu alcance.
O Supremo Tribunal Federal tomou a iniciativa de examinar essas questões há mais de um ano, quando abriu inquérito para investigar a disseminação de notícias falsas, ofensas e ameaças contra os integrantes da corte nas redes sociais.
Conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, a investigação tem caráter sigiloso, mas fez barulho nos últimos meses, com buscas nas casas de aliados de Bolsonaro, apreensão de computadores e o início de uma devassa financeira.
Na última sexta-feira (24), cumprindo determinação do magistrado, o Facebook e o Twitter bloquearam as contas de dezenas de investigados, impedindo que continuem a se manifestar nas plataformas e barrando até o acesso a mensagens inofensivas do passado.
Claramente desproporcional, a censura imposta aos bolsonaristas mostra que Moraes escolheu um caminho arriscado e contraproducente para atacar o problema.
Basta ler o despacho que ordenou o bloqueio das contas para perceber que várias mensagens apontadas como ofensivas são críticas legítimas, ainda que grosseiras ou injustas, a que todos estão sujeitos num regime em que a liberdade de expressão é garantida.
Ao tentar silenciar os investigados de forma tão ampla e indiscriminada, a decisão de Moraes abre caminho para estreitar os limites em que esse direito fundamental pode ser exercido —criando assim insegurança para toda a sociedade.
Além disso, a medida se revelou pouco eficaz porque foi facilmente contornada pelos bolsonaristas, que passaram a usar contas de amigos e parentes para se manifestar e a ensinar aos seguidores como encontrar o material bloqueado visitando sites no exterior.
Logo tornou-se evidente que o bloqueio contribuiu mais para mobilizar as hostes do presidente do que para silenciá-las. O próprio Bolsonaro apresentou ao STF petição esdrúxula em defesa dos apoiadores, como se o assunto fosse seu.
Se o objetivo do Supremo é impedir a rede bolsonarista de usar a liberdade de expressão para sabotar a democracia, a melhor maneira de fazê-lo será desvendar sua engrenagem, concluir o inquérito e submeter os aliados do presidente a julgamento o quanto antes.