terça-feira, 28 de julho de 2020

27.07.20 | Uma chance ao verde, Procel via Exame

A pandemia da covid-19 serve de alerta para uma ameaça ainda maior: as mudanças climáticas. Mas ainda é tempo de evitar o pior
Brasil - Um calor insuportável castiga Nova Délhi, na Índia. Temperaturas acima de 50 graus Celsius impossibilitam as pessoas de sair de casa. Por causa do calor, boa parte do Oriente Médio está inabitável. Na Europa, o aquecimento global aflige a população mais velha. Em Paris, a temperatura média aumentou de 6 a 7 graus. O cenário é agravado por uma crise migratória. Milhões de pes­soas fogem do clima inóspito do Magrebe, no noroeste da África. Países europeus e asiáticos, especialmente a Rússia, são obrigados a fechar a fronteira.

No Brasil, a expressão “Rio 40 graus” nunca fez tanto sentido. Os cariocas passam dias enfrentando temperaturas acima dos 35 graus. O clima de monções não é mais predominante na Região Sudeste, que se transforma em uma savana tropical. Na América do Norte, o derretimento das geleiras converte cidades costeiras em museus submersos. Casas suntuosas à beira-mar desaparecem, gerando perdas bilionárias de patrimônio. Uma intensa temporada de furacões devasta boa parte do Caribe e do sul da Flórida. Sem conseguir arcar com os prejuízos, as seguradoras precisam ­recorrer aos governos.

Essas são algumas das previsões dos cientistas sobre o que vai acontecer até o fim do século se nada for feito para conter as emissões de carbono. É um cenário catastrófico, com efeitos incalculáveis para a economia. Talvez nem todos esses efeitos do aquecimento global se tornem realidade. O risco, no entanto, está colocado.

E um número cada vez menor de empresários, investidores e líderes políticos está disposto a pagar para ver, especialmente após a pandemia do coronavírus. Inicialmente, a crise da covid-19 interrompeu o debate sobre as mudanças climáticas que vinha crescendo desde o último Fórum Econômico Mundial, ocorrido em janeiro em Davos, na Suíça. Com o choque, todas as atenções se voltaram para as ações de controle do vírus e de mitigação dos efeitos econômicos da quarentena. Parecia que o meio ambiente ficaria em segundo plano.

Passado o susto inicial, no entanto, e à medida que o debate muda da salvação para a retomada da economia, o assunto tem voltado à pauta. O Fórum Econômico Mundial lançou um movimento batizado de O Grande Reset. Seu mote é promover a ideia de que o mundo não pode, simplesmente, retornar ao que era antes — é preciso repensar o sistema.


Nenhum comentário: