São Paulo – O investimento acumulado em sistemas de energia solar fotovoltaica instalados em residências acaba de atingir R$ 5,1 bilhões no País, segundo dados apurados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). De acordo com o mapeamento, os domicílios respondem por 38,9% dos cerca de 2,3 gigawatts de potência instalada em operação nos telhados e fachadas.
A fonte solar fotovoltaica representa atualmente 99,8% de todas as conexões de geração distribuída no País e possui cerca de 200 mil sistemas instalados, espalhados em mais de 79,9% dos municípios brasileiros. O levantamento da Absolar mostra que já são cerca de R$ 11,9 bilhões em investimentos acumulados desde 2012 na geração solar distribuída.
Em número de sistemas solares fotovoltaicos instalados, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 72,60% do total. Em seguida, aparecem as empresas dos setores de comércio e serviços (18%), consumidores rurais (6,3%), indústrias (2,7%), poder público (0,4%) e outros tipos, como serviços públicos (0,04%) e iluminação pública (0,01%).
Segundo Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar, os consumidores residenciais possuem papel de destaque na adoção e no uso da energia solar fotovoltaica, pois são pressionados com as tarifas de energia elétrica mais altas do Brasil. “As residências são responsáveis por 21,4% de toda a energia elétrica consumida no Brasil. É o segundo maior consumidor de energia elétrica do País, logo depois das indústrias. A energia solar fotovoltaica é uma importante opção para as pessoas reduzirem em até 90% os gastos em suas casas com energia elétrica. É economia no bolso dos brasileiros, aliviando o seu orçamento e protegendo contra aumentos excessivos na conta de luz. Além disso, é uma fonte renovável, limpa e sustentável que contribui para a sustentabilidade do Brasil”, destaca Sauaia.
“Valorizar corretamente todos os benefícios da geração distribuída solar fotovoltaica é o caminho mais honesto e coerente para um País que espera crescer no curto, médio e longo prazos. Se o Brasil almeja um protagonismo maior no cenário econômico mundial, precisamos valorizar e aproveitar nossas riquezas e potencialidades, para elevar a nação e, principalmente, nossos cidadãos ao mesmo patamar das demais lideranças mundiais”, acrescenta Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar.
terça-feira, 24 de março de 2020
Hálito anormal, Alvaro Costa e Silva, FSP
Sem causa aparente, mas de súbito e enquanto gozavam de boa saúde, as pessoas eram atacadas por intenso calor na cabeça e vermelhidão e inflamação dos olhos, e as partes internas da boca (tanto a garganta quanto a língua) ficavam imediatamente da cor do sangue e passavam a exalar um hálito anormal e fétido. No estágio seguinte apareciam espirros e rouquidão, e pouco tempo depois o mal descia para o peito, seguindo-se tosse forte."
Assim Tucídides descreve a epidemia que assolou Atenas entre 430 e 427 a.C. Ele próprio pegou a doença, se recuperou e conseguiu avançar, mas não terminar, sua única obra, o clássico "História da Guerra do Peloponeso", narrando o conflito de 27 anos no mundo helênico.
Se ao misturar fato e ficção em "Um Diário do Ano da Peste" Daniel Defoe inventou há 300 anos o jornalismo literário (bem antes, portanto, de Tom Wolfe e Gay Talese), Tucídedes foi o primeiro repórter digno do nome. Ao explicar seu método de trabalho, deixa isso claro: "O empenho em apurar os fatos se constituiu numa tarefa laboriosa, pois as testemunhas oculares de vários eventos nem sempre faziam os mesmos relatos a respeito das mesmas coisas, mas variavam de acordo com suas simpatias por um lado ou pelo outro, ou de acordo com sua memória".
Com Bolsonaro, de longe dá para sentir o hálito anormal. Useiro e vezeiro em insultar a imprensa, ele já escolheu seu lado de simpatia: o do poder econômico. Agiu para autorizar a suspensão de salários, mas teve de voltar atrás. Em briga com os governadores, está isolado como se tivesse contraído a Covid-19.

Joãosinho Trinta, profeta? Com o Sambódromo virando abrigo para a população de rua, "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia", célebre enredo da Beija-Flor de Nilópolis em 1989, deixou de ser um delírio carnavalesco. É realidade.

Covid-19 não acaba tão cedo, FSP
Retardar a disseminação é só o primeiro round da luta
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Declarações de autoridades e muitos dos artigos publicados na imprensa dão a impressão de que, se formos capazes de atravessar três ou quatro meses de extremas dificuldades, teremos triunfado sobre a Covid-19. Odeio ser o portador de más notícias, mas, se tudo sair melhor que o planejado, isto é, se conseguirmos retardar a disseminação da epidemia e assim evitar o colapso dos serviços de saúde, teremos vencido só o primeiro round de uma luta que poderá ser bem mais longa.
Como já escrevi aqui, epidemias normalmente acabam com uma vacina ou com o chamado esgotamento dos suscetíveis, que ocorre quando a maior parte da população já entrou em contato com o patógeno e desenvolveu defesas contra ele, dificultando sua propagação —a tal da imunidade de rebanho.
Em termos globais, isso só começaria a ocorrer depois que 4 bilhões de pessoas tivessem sido contaminadas. A menos que a proporção de casos não detectados da Covid-19 seja várias ordens de magnitude maior que as estimativas correntes, estamos longe disso. Daí decorre que, mesmo que zeremos as novas infecções, as cadeias de transmissão tenderão a restabelecer-se assim que as restrições à circulação forem relaxadas. Vimos isso na China no último domingo.
Nós provavelmente teremos de administrar sucessivos lockdowns para manter os hospitais operantes. Cada vez que a transmissão sustentada voltar a aparecer, será preciso reinstaurar o distanciamento social. Fala-se em um ano e meio para desenvolver uma vacina e pô-la no mercado —se é que o Sars-Cov-2 é "vacinizável"; muitos vírus não são.
Dados mais precisos sobre a epidemiologia da Covid-19 poderiam levar a uma mudança de estratégia.
Mas, enquanto eles não vêm, é preciso atuar segundo o princípio da precaução. Atrasar a disseminação da epidemia aumenta a dor econômica, mas dá aos médicos mais tempo para encontrar um tratamento, hoje nossa melhor esperança.
Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
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