quinta-feira, 12 de março de 2020

Média de consumo de TV do brasileiro aumentou 34 minutos nos últimos cinco anos, Tele viva

A Kantar Ibope Media apresenta uma nova edição do estudo Inside TV, que mapeia como, quando, quanto e onde o brasileiro consome TV. Entre os principais insights, está o fato de que o conteúdo em vídeo é o mais visto entre brasileiros, consumido por 99% dos respondentes da população. A resposta engloba os formatos de TV pela internet, TV aberta, Pay TV, sites, aplicativos, video on demand e vídeos gratuitos na internet. 
A TV continua em destaque – segundo o estudo, nos últimos cinco anos o tempo médio de consumo diário no Brasil aumentou em 34 minutos, saltando de 6h07 para 6h17 apenas entre 2018 e 2019. Entre as regiões que mais assistem televisão, está a Norte em primeiro lugar, com 6h30, e a Sudeste em segundo, com 6h29. No compartivo com o resto do mundo, a diferença de consumo dos brasileiros chama a atenção, uma vez que a média diária mundial é de 2h55 – o que significa que, no Brasil, ela é maior que o dobro. 
O estudo conclui ainda que o conteúdo de TV é diverso e consumido em larga escala por diferentes perfis, sendo que cada pessoa assiste, em média, cerca de oito gêneros de televisão. Nos anos 2000, o mercado trabalhava com 14 gêneros diferentes de TV – em 2019, o número mais que dobrou e, hoje, são 32. No meio da TV paga, os assinantes estão consumindo cada vez mais do conteúdo disponível em seus pacotes: entre eles, a proporção de tempo dedicado ao consumo de Pay TV em relação ao total de TV foi de 34% em 2010 para 43% em 2019. O estudo define que os fãs de TV por assinatura são pessoas conectadas, com mais acesso à internet e a diferentes devices do que a média da população. 
Em relação à publicidade, 29% dos entrevistados respondeu que, enquanto assiste TV, pesquisa na internet mais informações sobre produtos anunciados na programação. Com isso, define-se uma nova categoria de publicidade: o shopvertising, que é quando a TV converte em compra o produto que anuncia. O modelo, nos últimos anos, tem sido potencializado, com cada vez mais interatividade entre a audiência e a TV. Só em 2019, foram registradas quase 15 mil novas marcas anunciando no comercial da televisão, com destaque para aquelas cujo negócio é nativo do digital – entre elas, houve um aumento de 48% de inserções em relação a 2018. 
A pesquisa também traz um índice que mede a relação entre o tempo de exibição e o tempo consumido de uma programação. Números acima de 100 significam uma alta intensidade de consumo. Pelo estudo, concluiu-se que o ranking de intensidade é maior no gênero novela, mas os gêneros ao vivo também ganharam muita relevância entre os consumidores. O fato se reflete nas redes sociais: os gêneros mais comentados nas plataformas foram reality shows, séries, novelas, premiações e esportes. Em 2019, as conversas sobre conteúdo em vídeo atingiram 21 bilhões de impressões no Twitter. Já a TV segue dominando a rede, com 15 vezes mais impactos do que os vídeos on demand.

Celso Ming, O Estado de S.Paulo, O crepúsculo do petróleo


11 de março de 2020 | 19h44


O petróleo é um produto sujeito a choques. Os mais importantes foram de forte alta. O de agora é choque de baixa.
Em 1973, os preços saltaram de US$ 3,50 por barril para cerca de US$ 12. Em 1979, chegaram a US$ 30 e, ao longo dos anos 2000, foram para a altura dos US$ 60. A partir daí, o forte aumento da procura proporcionado pelo crescimento da China e dos tigres asiáticos puxou as cotações para a altura dos US$ 120. A crise de 2008 voltou a derrubá-las. A estocada, que acontece em sentido inverso, acentuou o declínio, da faixa dos US$ 50 a US$ 60 para os US$ 35, em vigor desde domingo.
Essa derrubada determinada pela Arábia Saudita vem sendo vista por certos analistas apenas como resultado do desacordo episódico com a Rússia sobre a proposta de reduzir a oferta, de modo a estabilizar a demanda enfraquecida pela pandemia. Mas deve ser entendida como mais do que consequência desses fatores.
O que há é a primeira manifestação impactante do declínio da idade do petróleo, que já dura 150 anos. O quadro hoje é de superprodução e o mundo está encharcado de óleo. Os grandes produtores enfrentam grandes estoques e capacidade ociosa.
Antes da decisão da Arábia Saudita, tomada no último fim de semana, de aumentar a oferta em 2 milhões de barris diários ou até em 3 milhões, se for o caso, o mercado já mostrava instabilidade e forte dependência de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduzisse a produção.
Há 20 anos, preços atraentes em torno dos US$ 100 por barril colocaram em movimento investimentos em óleo e gás em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. A mais importante dessas iniciativas aconteceu nos Estados Unidos na exploração de suas abundantes jazidas de xisto, onde petróleo e gás são liberados em terra por meio de bombardeio de água, areia e produtos químicos. Essa exploração tornou os Estados Unidos não apenas autossuficientes, mas também exportadores.
A primeira derrubada das cotações, por meio de aumento da oferta da Opep, há cinco anos, teve por objetivo tirar do mercado esses produtores americanos que operavam a custos acima de US$ 70 por barril. O resultado, no entanto, foi forte redução de custos desse segmento que, sozinho, produz hoje petróleo e gás em volume equivalente ao que vinha produzindo e exportando a própria Arábia Saudita.
Essa nova operação decidida agora parece ter o objetivo imediato de quebrar os produtores de óleo de xisto e também os que vinham operando com produção convencional de alto custo. Se conseguirá ou não, parece depender da disposição do governo dos Estados Unidos de apoiar o setor.
Mas o encolhimento da demanda mundial não acontece e está sendo acentuada apenas pelo mais baixo crescimento econômico imediato e pelo alastramento do coronavírus. Em todo o planeta crescem as pressões pela redução do consumo de combustíveis fósseis, tanto na produção de energia quanto na movimentação dos motores a explosão. A Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) fixou metas drásticas para reduzir até 2050 o consumo e incentivar a produção de carros elétricos e de energia renovável, especialmente as de fontes solar e a eólica.
O súbito barateamento dos preços pode até aumentar temporariamente o consumo e adiar projetos de produção de energia limpa, mas está no horizonte o declínio da importância do petróleo na economia mundial.
Plataforma de petróleo no Rio de Janeiro
Plataforma de petróleo na Baía de Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro - 12/06/2018 Foto: Fabio Motta/Estadão
Para o Brasil, este é um sinal amarelo de forte intensidade, porque o governo federal e os Estados se tornaram fiscalmente dependentes do petróleo caro. Obtiveram receitas imensas nos leilões de áreas, pagamentos de royalties e contribuições especiais e arrecadação de impostos, especialmente de ICMS pelos Estados, sobre os preços dos combustíveis. As novas cotações derrubarão as receitas do setor público, que já vinham mergulhadas com a baixa atividade econômica.
Qual será a resposta política do governo? Certos setores pedem aumento imediato das despesas públicas com base em emissões de moeda e, portanto, de pressão inevitável sobre a inflação. A outra opção é redução das atribuições do Estado. Os debates sobre esse tema, que já vinham se acentuando com base na definição sobre a apropriação das verbas do Orçamento da União, deverão se ampliar agora. Especialmente depois que a Câmara derrubou o veto presidencial no caso da concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Como fazer melhorias na recuperação de vias das grandes cidades, OESP

Flávio Leal Maranhão e Angelo Sebastião Zanini*
12 de março de 2020 | 08h00

Angelo Sebastião Zanini e Flávio Leal Maranhão. FOTO: DIVULGAÇÃO
As atividades de manutenção do sistema viário das cidades, como os recapeamentos e tapa buracos, consomem grandes quantidades de recurso do orçamento municipal e sofrem permanentes questionamentos com relação à quantidade e qualidade dos materiais efetivamente utilizados nos serviços, uma vez que a percepção é que as ruas estão ruins.
Os gestores públicos tentam aumentar a transparência do processo com inspeções antes do início dos serviços, controles tecnológicos da massa asfáltica e fiscalização de especialistas durante as obras. Todo esse processo tem alto custo e é difícil ter aferições se atingem os resultados de qualidade e longevidade esperados. É por isso que ruas recém-recuperadas voltam a apresentar irregularidades.
Mas como resolver? Uma possibilidade é alterar a forma de contratação dos serviços passando incorporar critérios de durabilidade e desempenho já no edital de licitação. Essa alternativa necessita de regulamentação, uma vez que a lei 8.666 privilegia menores preços unitários. Até mesmo a inclusão de requisitos técnicos, permitida pela mesma lei, tem sido constantemente questionado pelos órgãos de fiscalização com o argumento de que reduzem a disputa.
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Modelos semelhante a uma PPP (Parceria Público-Privada) de zeladoria do asfalto era de difícil implantação até há pouco tempo, pois não existiam métodos simples e dinâmicos para o monitoramento da qualidade do serviço prestado na manutenção do pavimento das vias.
Recentemente, foram desenvolvidos em diferentes partes do mundo sistemas de medição da qualidade das vias baseados em sensores de movimento, sensores de rotação, perfilômetros ou mesmo análise de imagens com Inteligência artificial, que se propõe a identificar alterações dinâmicas na irregularidade superficial do asfalto e o surgimento de buracos. O próprio município de São Paulo já dispõe de um sistema baseado em vibração que foi desenvolvido em parceria com a FDTE.
Todo esse movimento pode estimular os fornecedores a usarem novos materiais e processos que possuem preços unitários superiores numa primeira análise, mas com grandes benefícios no longo prazo. Entram nesse arsenal de possibilidades o asfalto espumoso, as fibras poliméricas, os whitetoppings, o SMA entre outros.
Cidades inteligentes induzem prestadores de serviços inteligentes a preferirem contratações baseadas em benefícios dinamicamente monitorados, e não somente em preços baixos no momento da realização dos serviços.
Uma questão sobre a qual vale a pena refletir!
*Flávio Leal Maranhão, professor da USP; Angelo Sebastião Zanini, professor do Instituto Mauá de Tecnologia