quinta-feira, 12 de março de 2020

Vírus mostra que as fake news não ameaçam apenas a democracia, Roberto Dias, FSP

É famosa a discussão sobre o sujeito que anuncia um falso incêndio dentro de um teatro lotado. Não se pode dar à sua irresponsabilidade a mesma proteção destinada à liberdade de expressão. Ele deve, como não, ser punido.
O coronavírus impulsiona tipos como esse do teatro a uma escala global e comprova que essa praga chamada fake news não ameaça apenas a democracia. É um imenso e urgente problema de saúde pública.
No Irã, 218 foram hospitalizadas e 44 morreram envenenadas após tomarem álcool puro —que seria um tratamento preventivo ao coronavírus, segundo as mentiras que circularam. Na Malásia, a polícia abriu 37 investigações sobre esse problema. Num voo do Canadá para a Jamaica, um homem mentiu ao anunciar que tinha o vírus; o avião voltou e ele acabou preso. Grupos em redes sociais relacionam o vírus ao 5G.
Maior mercado do WhatsApp, a Índia teve uma explosão de notícias falsas de saúde. Algumas ligavam a doença a hábitos alimentares como tomar sorvete. Um homem com três filhos se matou após assistir vídeos com informações falsas na internet e acreditar que estava infectado.
Cartaz da OMS alerta para fake news sobre o coronavírus
Cartaz da OMS alerta para fake news sobre o coronavírus - Reprodução
O Newsguard, serviço que avalia a as informações online, estudou o caso. A conclusão do editor John Gregory: "A desinformação sobre a doença está claramente batendo a informação confiável quando se olha o engajamento nas redes sociais".
As pessoas que criam essas mentiras deveriam ser processadas. Não se trata de censura, e sim de responsabilizar, a posteriori, quem deliberadamente cria risco de vida para alguém usando um meio de comunicação, como é o caso das redes sociais.
A legislação sobre isso, como se sabe, é capenga. Estão tipificados crimes contra a honra e infrações eleitorais, mas não há aplicação solidificada para casos como o do vírus. Além disso, há um problema maior, que é encontrar a autoria. Nisso, as plataformas de tecnologia continuam nadando de braçada, como se responsabilidade não tivessem.
Roberto Dias
Secretário de Redação da Folha.

Trump suspende viagens da Europa para os EUA por 30 dias para conter novo coronavírus, FSP

Donald Trump afirmou que vai suspender por 30 dias, a partir de sexta (13), todas as viagens da Europa (com exceção do Reino Unido) que tenham os EUA como destino a fim de restringir o espalhamento do novo coronavírus. O presidente americano falou à nação em discurso na noite desta quarta (11).
Ele afirmou que são medidas duras, porém necessárias para evitar o surgimento de novos focos do que ele chamou de "infeção horrível" no país. Ele disse que a Europa falhou em restringir as viagens da China.
"Com medidas rápidas nós tivemos números de casos do vírus dramaticamente menores nos EUA do que há hoje na Europa. A União Europeia falhou em tomar as mesmas medidas de restrição de viagens vindas da China e outros hotspots. Como resultado, um número grande de novos clusters nos EUA foram resultado de viajantes da Europa", declarou.
A proibição não atinge cidadãos americanos e seus familiares imediatos nem os que tiverem residência permanente nos EUA. ​
O presidente americano também afirmou que os EUA monitoram as situações da China e da Coreia do Sul e, conforme haja evolução dos quadros internos desses países, as restrições aplicadas anteriormente serão reavaliadas.
"A decisão rápida de restrições para a China salvou vidas, agora precisamos fazer o mesmo com a Europa. Eu não hesitarei em tomar quaisquer medidas necessárias para proteger as vidas, saúde e segurança do povo americano", afirmou Trump.

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Trump disse que as medidas podem ser reavaliadas no futuro e reforçou a necessidade de a população manter os hábitos de higiene.
"Se nós formos vigilantes, podemos reduzir a chance de infecção, o que faremos. Nós vamos reduzir significativamente a transmissão do vírus. O vírus não terá chance contra nós", disse Trump.
Em conversa que diz ter tido com representantes do setor de saúde, ficou acordado que os pagamentos adicionais aos planos de saúde (copayments, espécie de coparticipação) devido ao novo coronavírus serão desconsiderados. Além disso, disse que o governo vai tomar medidas para agilizar a liberação de tratamentos antivirais, a fim de reduzir o impacto do vírus. Também serão suspensos alguns impostos federais para empresas e indivíduos afetados pela epidemia.
Nos EUA, não há um sistema de saúde universal e gratuito como o SUS ou o NHS (Reino Unido). As pessoas têm que adquirir um seguro-saúde ou recebê-lo da empresa, sob risco de pagar taxas e valores altíssimos pelos atendimentos.
Mesmo com seguro-saúde, é possível ter grandes prejuízos, graças à cobrança de uma franquia e valores correspondentes a serviços não necessariamente cobertos pelo plano.
Há dois planos que são financiados pelo governo americano, o Medicare e o Medicaid, direcionados especialmente para idosos, pessoas com deficiências, de baixa renda e crianças.
Cerca de 8,5% da população (27,5 milhões) não tinham plano de saúde no ano de 2018.
"Nós estamos juntos nessa, precisamos colocar a política e os partidos de lado", disse. O país contabiliza até o momento mais de 1.200 casos da doença e pelo menos 37 mortes.
Por conta da epidemia, Trump cancelou suas agendas no Colorado e em Nevada. 
A OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu, nesta quarta (11), declarar que há uma pandemia do novo coronavírus em curso no mundo com a sua disseminação por mais de cem países, em todos os continentes.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que declarar pandemia não significa que a situação está fora de controle nem que mundo deva abandonar as medidas de contenção e passar a pensar em mitigação. Pelo contrário: ele pediu ações mais agressivas.

Donald Trump fala com a imprensa nesta quarta (11) após encontro com executivos. - Brendan Smialowski/AFP
Segundo a tabulação da Universidade Johns Hopkins, até a noite desta quarta (11), havia mais de 125 mil casos confirmado de covid-19 em todo o mundo, com mais de 4.600 mortes.
O patógeno também já afetou a corrida pelo posto de candidato democrata à presidência dos EUA. Na terça (10) os pré-candidatos Bernie Sanders e Joe Biden suspenderam eventos de suas campanhas em Cleveland, no estado de Ohio.
Os democratas estão na expectativa pelos resultados das primárias que ocorrem em seis estados americanos nesta terça. Ambos estão na corrida para a nomeação do candidato que vai concorrer contra o republicano Donald Trump nas eleições de novembro.
"Devido à preocupação com a saúde pública e a segurança, estamos cancelando o comício de hoje à noite em Cleveland", disse Mike Casca, um porta-voz da campanha do senador progressista Sanders.
Diversas universidades dos Estados Unidos começaram a cancelar suas aulas presenciais por causa do surto do novo cononavírus no país, como Harvard e Princeton.
A Universidade Harvard terá apenas aulas online a partir da volta das férias de primavera, que ocorrem de 14 a 22 de março. Até o final do semestre, que termina em maio, as aulas presenciais estão canceladas.
Na última semana, a Universidade de Washington migrou seus 50 mil estudantes totalmente para cursos online. A Universidade Stanford disse que suas aulas não seriam presenciais.
A Universidade Columbia, em Nova York, cancelou as aulas de segunda e desta terça e disse que as que ocorreriam no resto da semana seriam ministradas remotamente. Também em Manhattan, a Universidade Yeshiva e a Hofstra University, em Long Island, cancelaram as aulas da semana.
Medida semelhante foi tomada pela Universidade de Princeton, que, a partir de 23 de março, as aulas seriam virtuais e que restringiria grandes reuniões no campus.
No último dia 3, Trump afirmou que está trabalhando com o Congresso americano para viabilizar um fundo emergencial de US$ 8,3 bilhões (R$ 38,1 bilhões) para acelerar a resposta do país ao coronavírus.
Em comentário sobre a decisão de corte de juros pelo Fed (equivalente ao Banco Central), em sua conta no Twitter, o presidente americano afirmou que o Fed​ precisa se alinhar com outros países e pediu mais cortes de juros.
Em um movimento emergencial para limitar os riscos de desaceleração da economia dos EUA por conta do coronavírus, o Fed promoveu, nesta terça-feira (3), corte de 0,5 ponto percentual nos juros americanos, para um intervalo de 1% a 1,25%.
"O coronavírus e as medidas utilizadas para contê-lo vão, certamente, pesar na atividade econômica dos EUA e de outros países por algum tempo. Estamos começando a ver os efeitos nos setores de viagem e turismo e estamos ouvindo reclamações de indústrias que dependem de cadeias de suprimentos globais. A magnitude e a persistência dos efeitos econômicos ainda é altamente incerta", disse Jerome Powell, presidente do Fed.
Com agências de notícias

quarta-feira, 11 de março de 2020

Ronaldinho entrou na maior fria de sua vida com os passaportes falsos do Paraguai, OESP

Robson Morelli
11 de março de 2020 | 16h06

Ronaldinho Gaúcho entrou numa fria, talvez a maior de sua vida. Ele e seu irmão não se deram conta de que pudessem ser presos e investigados como estão nesse momento em Assunção, capital do Paraguai. A família Assis Moreira desembarcou no vizinho sul-americano com a certeza de estar entrando em um país ainda “bagunçado” e condescendente a qualquer tipo de falcatrua. Só isso explica a ingenuidade de ambos em aceitar e participar abertamente de um esquema, que ainda não se sabe ao certo qual é, com passaportes e cédulas de identidades falsificadas, com fotos e assinaturas.
Sem pensar direito, Ronaldinho e Assis se envolveram em um esquema perigoso no Paraguai, que pode estar diretamente ligado à lavagem de dinheiro. Gente pesada e sem sobrenome. Não foram astutos o suficiente para imaginar que passaporte falso não é presente nem aqui nem na China nem no Paraguai. Logo Ronaldinho, um cidadão do mundo. E seu irmão, que sempre esteve ao seu lado. Eles se meteram com gente perigosa. A empresária Dalia López ainda estava nesta quarta-feira foragida. Ela é peça-chave para entender o caso. Não está foragida por acaso.
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Ronaldinho poderá ficar até seis meses na prisão, tempo que pode durar a investigação. Todo o seu dinheiro não será suficiente para tirá-lo da cadeia. Os promotores paraguaios fazem valer as leis do país, sua constituição e os direitos dos estrangeiros quando pegos em contravenções. No mínimo, falsidade ideológica. Quando percebeu o tamanho da encrenca, Ronaldinho e Assis logo tentaram embarcar de volta ao Brasil. Mas antes que isso acontecesse, foram presos.
Sua imagem, o caso e o desfecho dele podem mudar a cara desse Paraguai tido pelos vizinhos sul-americanos como país das facilidades e das impunidades. Ao que parece não é mais. Ou nunca foi.