quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Economistas e empresários lançam movimento pelo bom gasto público, FSP

 Cento e setenta e oito empresários, economistas, servidores públicos e especialistas de diversas áreas já lançaram o Movimento Orçamento Bem Gasto, que coleta assinaturas pela internet em defesa de uma gestão transparente e eficiente das contas públicas. Segundo esse grupo, distorções e privilégios já tomaram ao menos 6% do PIB em recursos orçamentários, que hoje poderiam estar custeando despesas mais relevantes.

A lista conta com assinaturas de economistas como Persio Arida e Edmar Bach, que participaram da elaboração do Plano Real, Marcos Mendes, Paulo Hartung, José Roberto Mendonça de Barros, Felipe Salto e Elena Landau, além do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Também aderiram banqueiros e operadores do mercado financeiro, como Candido Bracher, ex-CEO e conselheiro do Itaú, e Luis Stuhlberger, CEO da gestora Verde Asset.

A imagem mostra uma sessão do Senado Brasileiro, com senadores sentados em cadeiras dispostas em um formato semicircular. No centro, um grupo de senadores está em pé, enquanto outros estão sentados em mesas. Ao fundo, há telas exibindo informações, e o ambiente é iluminado com luzes azuis e douradas. O espaço é amplo, com um design moderno e uma grande quantidade de pessoas presentes.
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Manifesto tenta sensibilizar o Congresso e outros agentes políticos para a mobilização em torno de reformas e mudanças que colaborem para o controle fiscal - Roque de Sá/Agência Senado

No manifesto inaugural, o grupo afirma que as instituições fiscais seguem em declínio e que ações do governo e do Congresso colaboram sobremaneira para gerar "distorções, privilégios e ineficiências que comprometem o crescimento econômico, agravam as desigualdades e restringem a capacidade do país de oferecer serviços públicos de qualidade à sua população".

Encruzilhada

O documento discrimina situações que levaram ao engessamento do Orçamento. Uma delas são os benefícios tributários, financeiros e creditícios a empresas, concedidos sem critérios e sem comprovação de retorno social ou econômico e que elevaram os gastos em R$ R$ 647 bilhões até 2023, o que equivale a 6% do PIB.

Muitos deles, afirma o texto, referem-se a programas sem avaliação de impacto cujos recursos poderiam ser redirecionados para políticas mais eficazes.

As emendas parlamentares, que já somam 28% da despesa não obrigatória, também são apontadas como problemas, porque muitas delas não têm relação com políticas públicas.

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As remunerações de uma parcela do funcionalismo público que extrapolam os limites constitucionais também entraram na mira, além de regimes especiais no sistema tributário e de isenções que privilegiam a alta renda. Para o movimento, ambos são fatores que agravam a desigualdade social.

Reformas

O grupo avalia que, com o déficit elevado, motor do crescimento da dívida pública bruta —hoje equivalente a 76% do PIB— não há perspectivas concretas de controle fiscal.

Como consequência disso, a inflação e os juros se mantêm elevados, penalizando os mais pobres.

"O governo federal está pagando mais de R$ 700 bilhões (6% do PIB) em juros por ano, em decorrência da incapacidade de ajustar suas contas", diz o documento.

Como saída, há propostas de reformas. Uma delas prevê complementação na reforma previdenciária ocorrida em 2019 para conter a queda nas contribuições. O grupo também defende a desindexação e desobrigação de despesas.

Com Stéfanie Rigamonti

Mãe de auditor fiscal suspeito de fraude bilionária será ouvida pelo MP, FSP

 

São Paulo

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) vai ouvir pela primeira vez na próxima quarta-feira (21) Kimio Mizukami da Silva, 73 anos, mãe de Artur Gomes da Silva Neto, supervisor da Diretoria de Fiscalização da Sefaz-SP (Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo) apontado como principal operador do suposto esquema bilionário de propinas e créditos irregulares de ICMS.

Kimio é apontada como sócia formal da empresa Smart Tax Consultoria e Auditoria Tributária Ltda. (Smart Tax), que, segundo o Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos Financeiros), seria uma empresa de fachada usada para receber propinas milionárias e bilionárias.

Segundo o Ministério Público, o aumento patrimonial atípico da professora aposentada foi o pontapé inicial da investigação. Em 2021, seu patrimônio na declaração de Imposto de Renda era de R$ 411 mil. No ano seguinte, saltou para R$ 46 milhões. Em 2023, disparou para R$ 2 bilhões.

Procurada pela reportagem desde terça-feira (12), a defesa de Kimio não foi localizada.

A imagem mostra uma coletiva de imprensa no Ministério Público do Estado de São Paulo. Quatro homens estão sentados em uma mesa, com um deles falando ao microfone. Ao fundo, há bandeiras do Brasil e do estado de São Paulo, além do brasão do Ministério Público. Várias câmeras de jornalistas estão focadas na mesa, indicando que a coletiva está sendo gravada e transmitida.
Os promotores do do MP-SP, da esquerda para direita, Igor Volpato Bedone, João Ricupero, o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, e o promotor Roberto Bodini durante coletiva de imprensa sobre a Operação Ícaro - Divulgação MP-SP

Embora formalmente em nome de Kimio, a empresa era operada por seu filho, que a utilizava, segundo os investigadores, para receber propinas de grandes empresas em troca de "assessoria tributária criminosa".

A Operação Ícaro, que apura o esquema, levou à prisão temporária do empresário Sidney Oliveira, dono da rede de farmácias Ultrafarma, do diretor estatutário do grupo Fast Shop Mario Otávio Gomes, e do auditor fiscal Silva Neto.

A Fast Shop informa que está analisando o conteúdo da investigação. A empresa diz que segue colaborando com as autoridades competentes. O advogado Arthur Fiedler, que defende Sidney, disse que não teve acesso ainda aos autos da investigação e que não pode comentar porque "o caso corre em segredo de Justiça".

Grande parte do patrimônio declarado de Kimio viria da compra de criptomoedas, supostamente adquiridas com valores obtidos pela distribuição de lucros da Smart Tax. Além disso, segundo o MP, ela passou a guardar R$ 6 milhões em espécie de um ano para o outro.

Sem funcionários e com sede na casa do auditor, em Ribeirão Pires (Grande SP), a Smart Tax é descrita pelos investigadores como uma empresa sem estrutura real. Segundo o promotor João Ricupero, até meados de 2021, a empresa não tinha qualquer atividade operacional, cliente ou funcionário.

A promotoria também afirma que Kimio não teria a capacidade técnica necessária para prestar os serviços de assessoria e consultoria tributária que a empresa supostamente oferecia.

A quebra de sigilo de emails foi fundamental para desvendar o papel da Smart Tax no esquema.

Segundo relatório do MP, a partir do segundo semestre de 2021, a empresa registrada em nome de Kimio começou a receber dezenas de milhões de reais da Fast Shop. Em 2022, a empresa recebeu mais de R$ 60 milhões da varejista de eletrônicos, ainda segundo a investigação.

Relatórios da Receita Federal, obtidos via quebra de sigilo fiscal pela Promotoria, indicam que a Smart Tax teria recebido mais de R$ 1 bilhão em valores brutos apenas da varejista.

Dados bancários, por sua vez, apontaram transferências de cerca de R$ 500 milhões da Fast Shop para a empresa operada por Silva Neto em um período mais restrito.

Emails interceptados pela Promotoria mostram que, em 7 de junho de 2023, a coordenadora fiscal da Fast Shop, Caroline Camargo Godoy, encaminhou mensagem à colega Juliana Gonzaga Ruzsicska, com cópia para Artur e Mário Otávio, com o assunto "Pagamentos Smart Tax 2023".

O documento descrevia um valor acordado de R$ 204.654.993,63 em pagamentos da Fast Shop para a Smart Tax, a serem parcelados em 11 vezes ao longo de 2023, com retenções tributárias. As três primeiras parcelas sendo de R$ 20.218.331,21, cada, e as oito parcelas seguintes de R$ 18 milhões, cada, de acordo com o MP-SP.

O ESQUEMA DA CORRUPÇÃO FISCAL

Segundo investigadores, Artur tinha o certificado digital (token) da Smart Tax e era ele quem assinava digitalmente contratos entre a Smart Tax e a Fast Shop, o que foi considerado prova de que ele recebia a propina da varejista por meio dos repasses à empresa de sua mãe.

Reuniões sobre a Smart Tax e os pagamentos eram realizadas entre Artur e o diretor da Fast Shop Mário Otávio Gomes e a coordenadora fiscal da Fast Shop, Caroline Camargo Godoy, sem a presença de Kimio, reforçando para a Promotoria a tese de que Artur era o verdadeiro operador.

Além da Fast Shop e da Ultrafarma, outras grandes varejistas são investigadas pela Operação Ícaro.

"O esquema é muito simples, apesar da complexidade [tributária]: contrataram um funcionário público para ter um benefício fiscal", afirma o promotor Roberto Bodini.

"Podiam ter contratado grandes escritórios de contabilidade e direito tributário, mas optaram por uma empresa de Ribeirão Pires. Como uma empresa sem funcionários consegue prestar serviços para cuidar de contratos de milhões de reais de grandes varejistas do país?", diz o promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo Roberto Bodini.

A Promotoria sustenta que o caso faz parte de um esquema criminoso estruturado para desviar recursos e fraudar o Fisco estadual. A apuração segue em andamento para mapear outras empresas e intermediários envolvidos.

Brasil é parceiro comercial horrível e Bolsonaro sofre tentativa de execução política, diz Trump, FSP

 Julia Chaib

Washington

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, afirmou nesta quinta-feira (14) que o Brasil é um parceiro comercial ruim, tem leis ruins e promove uma execução política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O Brasil tem sido um parceiro comercial horrível em termos de tarifas. Como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que cobrávamos deles. Na verdade, praticamente não cobramos nada", afirmou Trump a jornalistas no Salão Oval da Casa Branca.

Ao ser questionado, Trump também afirmou que não há preocupação sobre a aproximação comercial do Brasil e do México com a China.

O presidente Donald Trump fala sobre Brasil a repórteres no Salão Oval da Casa Branca - Andrew Harnik/Getty Images via AFP

"Mas eles [o Brasil] também nos trataram muito mal como parceiros comerciais por muitos anos. Um dos piores. Um dos piores países do mundo nesse sentido. Eles cobravam tarifas enormes e tornavam tudo muito difícil. Então agora estão sendo cobrados com tarifas de 50%, e não estão felizes, mas é assim que as coisas são", afirmou.

O Brasil, no entanto, registra déficit na relação comercial com os EUA há 17 anos —ou seja, os americanos mais vendem que compram.

Nos dados parciais de 2025, a vantagem americana é de US$ 1,6 bilhão. O Brasil exporta principalmente commodities e produtos primários –como petróleo bruto, café e bens de ferro e aço. Já as importações de itens americanos ao Brasil têm no topo componentes de aeronaves.

O comentário foi feito após Trump dizer que o Brasil tem leis ruins e repetir que acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro é um bom homem.

"E o Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo. Eles pegaram um presidente e o colocaram na prisão ou estão tentando prendê-lo. E eu conheço esse homem, e vou te dizer: eu sou bom em avaliar as pessoas. Acho que ele é um homem honesto, e acho que o que fizeram… Isso é uma… Isso é realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro. Acho isso terrível."