quinta-feira, 29 de maio de 2025

Marketing de produtos nocivos ameaça saúde infantil,

 Alimentos ultraprocessados, bebidas alcoólicas, produtos do tabaco e jogos de aposta estão entre os principais vetores de doenças evitáveis no mundo. Apesar disso, esses itens continuam sendo promovidos com estratégias publicitárias altamente eficazes —às quais as crianças estão cada vez mais expostas. Incapazes de discernir plenamente a intenção persuasiva da propaganda, elas se tornam alvos fáceis de um marketing que afronta a saúde pública.

Embora estudos mostrem que o marketing aumenta o desejo, estimula a experimentação precoce e impulsiona o consumo de produtos nocivos à saúde —além de naturalizar sua presença no cotidiano—, ainda se sabe pouco sobre o real grau de exposição das crianças aos apelos publicitários.

Um estudo neozelandês trouxe avanços. No país Māori, a regulação estatutária é rígida apenas para o tabaco. A publicidade de alimentos, álcool e jogos de aposta é, predominantemente, autorregulada pela própria indústria.

A imagem mostra um grupo de cinco jovens em pé, alinhados contra uma parede de tijolos. Todos estão olhando para seus smartphones. A jovem no centro tem cabelo longo e liso, vestindo um moletom cinza e calças escuras. Os outros jovens estão usando diferentes estilos de roupas casuais e também seguram seus celulares. O ambiente parece ser interno, com uma iluminação suave.
Pesquisa mostrou que crianças com acesso à internet são expostas a propagandas de alimentos não saudáveis como refrigerantes, fast food e doces com alto teor de açúcar ou gordura - Drazen Zigic/Adobe Stock

Os pesquisadores analisaram a natureza e a extensão da exposição em tempo real ao marketing de produtos não saudáveis em 90 crianças, com idades de 11 a 13 anos, vestidas com câmeras capazes de capturar imagens automaticamente por 2 dias.

As crianças foram expostas a uma média de 76 interações diárias com marketing de produtos nocivos —quase 2,5 vezes mais que o marketing de alimentos saudáveis e mensagens educativas de saúde pública (32,3 vezes/dia).

Nada menos que 94% da exposição a esses produtos veio de alimentos não saudáveis, que incluíam refrigerantes, fast food e doces com alto teor de açúcar ou gordura.

A promoção de alimentos saudáveis, como frutas e vegetais, representou apenas 6,8% das interações observadas. Cerca de 7% da exposição total foi relacionada a álcool. Já a exposição ao marketing de tabaco foi praticamente nula, refletindo o sucesso das restrições legais nesse setor.

A embalagem dos produtos foi a forma mais frequente de marketing, seguida por sinalização em pontos de venda —como lojas e supermercados—, cartazes em vias públicas e vitrines. Embora tenha registrado menor nível de exposição, a escola não foi um ambiente livre de publicidade.

Mais da metade do marketing dos produtos nocivos foi realizada por gigantes multinacionais: Coca-Cola, McDonald’s, KFC, Nestlé, Heineken etc. E as crianças mais expostas a essa publicidade foram as mais socialmente vulneráveis.

A experiência da Nova Zelândia reforça a tese de que a autorregulação da indústria falha sistematicamente em proteger as crianças —e, por extensão, a saúde pública.

Daí o Brasil pode tirar lições valiosas. É fundamental investir em educação, comunicação de risco e estratégias de contra-marketing voltadas às crianças e suas famílias; avançar na regulação da publicidade de alimentos ultraprocessados, especialmente nas escolas e no ambiente digital; e garantir a atuação firme do Estado contra o lobby das indústrias de alimentos, bebidas e apostas, evitando retrocessos no arcabouço legal de proteção infantil, estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Não é moralmente aceitável que a liberdade econômica se sobreponha ao direito das crianças à saúde.

Ruy Castro - Trump sabe que Eduardo Bolsonaro é um idiota, FSP

 Há anos, quando teve seu nome cogitado para embaixador do Brasil em Washington, Eduardo Bolsonaro não quis apresentar seus créditos em relações internacionais, política econômica e domínio da história. Justificou seus méritos para o cargo alegando já ter "fritado hamburguer nos EUA". O Itamaraty tremeu. Que outro representante brasileiro junto ao governo americano, em 200 anos de história entre os dois países, já teria feito isso? Joaquim Nabuco? Oswaldo Aranha? Carlos Martins? Walther Moreira Salles? Vasco Leitão da Cunha?

Os arquivos da instituição dispunham de farto material em que esses homens aparecem, graves e adequadamente vestidos, em recepções oficiais ou reuniões na Casa Branca, com presidentes como Woodrow Wilson, Franklin Roosevelt ou John Kennedy. Mas não dispunham de nenhum mostrando-os atrás de um balcão, de quepe, gravatinha borboleta e avental, fritando um hamburguer em óleo quente, virando-o para cima e para baixo com a escumadeira, e, tendo decidido que estava no ponto, aplicando-o entre dois pães escoltado por competente salada. E o que dizer do cheeseburguer? Eduardo Bolsonaro fez seu pós-doc na especialidade.

Nabuco, Aranha e os outros podem ter conduzido com segurança o Brasil nos EUA em momentos difíceis para o mundo no século 20 –crises econômicas, conflitos políticos, guerras mundiais--, mas como se comportariam diante de uma simples chapa quente? Saberiam o ponto exato de temperatura do óleo? Avaliar o grau de moedura da carne? E o que dizer da quantidade de pepino e cebola na guarnição? Fariam questão de ketchup gourmet?

Não. Só Eduardo Bolsonaro estava à altura de tais exigências. Os fados, no entanto, não permitiram que prestasse esses serviços ao país nos EUA.

Talvez por isso tenha ido para lá do mesmo jeito, para municiar o governo americano com mentiras sobre o Brasil e sugerir-lhe medidas que afrontam a soberania nacional. Donald Trump sabe que Eduardo Bolsonaro é um idiota, mas, e daí? O mundo logo será um grande McDonald’s.

Juiz é afastado, e PF faz buscas em apuração sobre venda de sentenças no STJ, FSP

 

Brasília

Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (29) a oitava fase da Operação Sisamnes que investiga suspeitas de vazamentos e venda de decisões em gabinetes do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O objetivo desta nova fase da operação, segundo a PF, é aprofundar a investigação em relação aos crimes de corrupção judiciária e lavagem de dinheiro.

Por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), são cumpridos três mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso e uma ordem de afastamento das funções públicas do juiz Ivan Lúcio Amarante.

Procurada, o advogado Alexandre Pontieri, que defende Amarante, disse que "a defesa reafirma o comprometimento na defesa de seu cliente".

Amarante já estava afastado de suas funções pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por suspeita de venda de sentenças. Também há uma ordem de sequestro de bens e valores no montante aproximado de R$ 30 milhões e a proibição de sair do país, recolhendo seu passaporte.

Fachada do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília
Fachada do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília - Pedro Ladeira - 28.ago.23/Folhapress

De acordo com as apurações, foi identificado um esquema de lavagem de dinheiro, montado para dissimular pagamentos milionários de propinas, em troca de decisões judiciais proferidas pelo magistrado, vinculado ao Tribunal de Justiça do Estado do Estado de Mato Grosso.

As investigações partiram da análise do celular do advogado Roberto Zampieri, morto em 2023, em Cuiabá, em frente ao seu escritório na capital mato-grossense.

Em seu celular, foram encontradas conversas com desembargadores, empresários e com o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que intermediava as negociações com servidores do STJ.

Durante as investigações, a Polícia Federal também afirmou ter descoberto a existência de uma organização criminosa responsável pela prática de crimes como espionagem e homicídios sob encomenda.

O grupo, denominado "Comando C4", formado por militares (ativos e da reserva) e civis e seria dedicado à prática de crimes graves, especialmente espionagem e homicídios sob encomenda, entre eles o do advogado, foi alvo de operação nesta quarta-feira (28).