domingo, 19 de novembro de 2023

Negócios do setor náutico incluem 'Airbnb de barco' e compartilhamento de veleiro, FSP


SÃO PAULO

Ainda ancorados no crescimento registrado durante a pandemia, representantes do setor náutico veem os negócios se diversificar. Novas empresas que surgiram nos últimos anos prestam serviços como compartilhamento e aluguel de embarcações.

O movimento reflete o aumento expressivo da procura por novos barcos, impulsionado pelo isolamento social. Apesar do otimismo generalizado, alguns representantes do segmento são cautelosos e consideram obstáculos para esse mercado em um futuro breve.

A engenheira Jéssica Carvalhais, 31, pagou cerca de R$ 2.200 para navegar com um grupo de nove pessoas, no começo de setembro, por seis horas na costa do Rio de Janeiro em uma embarcação alugada no aplicativo Bombordo, lançado neste ano e apelidado pelos donos de "Airbnb de barcos".

Imagem mostra iate navegando no mar, perto da praia
Barco alugado por meio da Bombordo - Divulgação

Assim como a plataforma de aluguel de imóveis, o aplicativo funciona como um intermediário entre o usuário e o proprietário.

Segundo o sócio Rafael Tebet, a empresa —que já tinha um site antes do lançamento do aplicativo— aproveita algumas fraquezas do setor, como a informalidade e a falta de segurança na locação, e os altos custos para manter o barco.

"O proprietário de barco, para conseguir manter uma embarcação, tem custo de marina, de marinheiro, de manutenção, que é muito alto. Estima-se que durante um ano o proprietário gaste entre 10% e 20% do valor do barco só nesses custos fixos. Ele pode transformar seu patrimônio em investimento de maneira segura", afirma Tebet.

PUBLICIDADE

Ele diz que a empresa já alugou pouco mais de 300 barcos. Apesar de ter Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília como principais pontos de divulgação, o aplicativo funciona para todo o Brasil. É possível alugar lanchas, iates e veleiros, entre outros.

"Eu não quero pegar uma coisa que eu não sei, não vi, não tenho uma foto, que eu não sei se o cara vai estar lá", diz Carvalhais, cliente da empresa.

Para Eduardo Colunna, presidente da Acobar (Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e Implementos), novos negócios como o da Bombordo eram menos comuns antes da pandemia e passaram a acompanhar o ritmo de crescimento da produção de novos barcos.

Um levantamento da entidade mostra que, somente em 2022, foram produzidos no país 4.100 barcos de esporte e lazer em fibra de vidro, motorizados e acima de 16 pés —quase o dobro do registrado em 2019.

Daqui para frente, no entanto, o futuro do setor ainda não é tão certo, segundo Colunna.

"Esses negócios vinham acontecendo de forma modesta e foram incrementados na pandemia. Está aquecido, sim. A gente ainda não sabe exatamente como vai ser até o final do ano. É claro que, quando tem um pico, depois vem uma retração. Mas o setor mudou de patamar, isso que é importante", afirma.

O setor também vem demonstrando preocupação com o pagamento de IPVA para barcos —tributo previsto na Reforma Tributária.

Novos negócios no país incluem, por exemplo, venda de bicicletas aquáticas e carros-barcos. No Flip Boat Club, empresa de compartilhamento de veleiros, a ideia de criar o empreendimento surgiu depois que os sócios precisaram vender uma embarcação e receberam mais propostas do que o previsto inicialmente.

O compartilhamento já é um modelo de negócio bem conhecido no setor aéreo, especificamente para jatinhos. Nele, a pessoa interessada divide o preço do bem em cotas com outros compradores.

O Flip Boat Club começou a fazer o compartilhamento de barcos há cerca de um ano e meio. Segundo Elis Comenalli, gerente de marketing e vendas da empresa, já foram vendidas mais de 15 embarcações no modelo de compartilhamento.

Funciona como um condomínio, diz ela. Os cotistas, registrados em cartório e na capitania dos portos, pagam de R$ 800 a R$ 2.000 mensalmente, mais uma taxa de administração que varia de R$ 240 a R$ 600 e serve de lucro para a empresa.

Qualquer decisão sobre o barco precisa ser votada em assembleia, e a reserva da embarcação no Réveillon e no Carnaval é feita por meio de sorteio.

"A gente faz todo o sistema de gestão financeira, 'juntão' de serviços, gestão de manutenção", diz Comenalli.

 

Eremildo, o idiota, acha que juízes deveriam ter 12 meses de férias, Elio Gaspari, FSP

 Eremildo é um idiota e acha que os juízes deveriam ter 12 meses de férias.

O cretino entendeu que os magistrados federais são os únicos brasileiros que padecem de uma sobrecarga de trabalho. Nada mais justo que lhes fosse concedido pelo Conselho Nacional de Justiça o benefício de 1 dia de folga para cada 3 trabalhados. Imaginando-se um juiz federal que desempenha uma função adicional durante 90 dias, ele teria direito aos dois meses de férias regulamentares, mais um terceiro mês de descanso.

O presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Luís Roberto Barroso, durante sessão - Reprodução/G.Dettmar/Ag. CNJ

Eremildo encantou-se com um dispositivo do mimo: os dias de folga podem ser trocados por dinheiro.

Até aí seria um caso de pagamento de horas adicionais eventualmente trabalhadas. Contudo, os magistrados terão direito a remuneração mesmo durante os dois meses de férias regulamentares.

Ocorreu mais uma vez a Eremildo que os magistrados passem a reivindicar o pagamento de seus serviços pela pauta de Polichinelo.

PUBLICIDADE

Contratado para receber R$ 1.000 por dia, ou R$ 5.000 por semana e R$ 20 mil por mês, ele queria receber R$ 1.000 por dia, R$ 5.000 ao fim das semanas e R$ 30 mil no final dos meses. Como Polichinelo era um bobo, não havia pensado nas férias.

NOVEMBRO DE 1963

Neste domingo, há 60 anos, o povo de Dallas soube o percurso da caravana do presidente Kennedy. No dia 22 ela passará debaixo do edifício onde trabalha Lee Oswald. Jacqueline Kennedy escreveu para um amigo que irá com o marido ao Texas: "Vou detestar cada minuto".

No Brasil, a falecida revista Manchete chegou às bancas com uma entrevista do presidente João Goulart na qual ele ameaçou:

"Não tenho a menor dúvida de que, a continuar como vamos, o caos poderá sobrevir —e a todos atingirá, indistintamente. [...] A palavra revolução deixou de ser um fantasma abstrato".

Kennedy chegaria a Dallas na manhã do dia 22. Nesse dia aconteceriam três reuniões. Uma em Nova York, com a equipe da revista Life que investigava os negócios milionários do vice-presidente Lyndon Johnson.

Outra no Senado, em Washington, onde uma comissão ouviria uma testemunha das malfeitorias de Bobby Baker, o faz-tudo de Johnson ao tempo em que ele era o poderoso líder da maioria democrata na casa. (O vice sabia que estava sendo investigado. Na véspera da chegada do presidente a Dallas, disse a um assessor: "Meu futuro ficou para trás. Estou acabado".)

A terceira reunião aconteceria num hotel de Paris. Nela, o chefe da seção de operações especiais da Central Intelligence Agency encontraria o major do Exército cubano Rolando Cubela, que pretendia matar Fidel Castro.

No dia 22, circulou no Departamento de Estado o primeiro projeto do Plano de Contingência para o Brasil, pedido em outubro pelo embaixador americano Lincoln Gordon. Era um documento classificado como top secret, e o responsável pelo Brasil na chancelaria remeteu-o ao secretário de Estado Assistente para Assuntos Hemisféricos, observando que ele oferecia três alternativas, "com forte ênfase numa intervenção militar americana".

Na véspera, Lee Oswald pediu a um vizinho que lhe desse uma carona para ir buscar em casa um suporte de cortinas de seu banheiro. Era o fuzil Mannlicher–Carcano com pontaria telescópica que havia comprado em março e que tinha usado sem sucesso em abril para matar um general reservista de extrema direita.