terça-feira, 16 de maio de 2023

Prefeito de SP troca secretário de Mobilidade, FSP

 Fábio Pescarini

SÃO PAULO

O secretário municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo, Ricardo Teixeira (União Brasil), deixará o comando da pasta para voltar à Câmara Municipal —em 2020 ele foi eleito para seu quinto mandato como vereador na capital paulista, mas depois assumiu o cargo na prefeitura.

A informação foi confirmada na noite desta quinta-feira (11) pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Segundo ele, o próprio Teixeira pediu para deixar o cargo e voltar para a Câmara.

A pasta de Mobilidade e Trânsito será comandada por Celso Gonçalves Barbosa, que desde março é adjunto na secretaria.

Ricardo Teixeira, secretário de Mobilidade e Trânsito da Prefeitura de São Paulo, que irá deixar o cargo para reassumir seu posto de vereador na Câmara Municipal - Divulgação - 8.mai.18/governo do estado de São Paulo

A informação foi antecipada pelo Jornal Bicicleta.

Teixeira não respondeu às mensagens enviadas pela reportagem.

O secretário estaria entre os nomes sondados para substituir Maurício Faria, que se aposentará em junho como conselheiro do TCM (Tribunal de Contas do Município).

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Na quarta-feira (10), Teixeira publicou em suas redes sociais que havia determinado que a nova sinalização da avenida Rebouças, na zona oeste da capital, fosse apagada e refeita dentro dos padrões da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), "para garantir segurança dos ciclistas".

Na terça (9), a Folha mostrou que a largura da faixa exclusiva para bicicletas foi reduzida após obras de recapeamento da via, colocando ciclistas em risco. A reportagem constatou que, em vários trechos, a ciclofaixa não atendia as dimensões mínimas determinadas pelo manual de sinalização da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Na quarta, dia da postagem do secretário, a prefeitura iniciou serviço de readequação da ciclofaixa da avenida.

Na terça, a reportagem percorreu a Rebouças e, com uma trena, constatou que as dimensões mínimas não eram atendidas em vários trechos da avenida, uma das mais movimentadas da capital. A CET recomenda espaço de no mínimo 1 metro entre a faixa branca e a sarjeta (largura útil), mas em alguns trechos a Folha constatou espaço de apenas 45 cm no corredor destinado aos ciclistas.

Nesta quinta, Teixeira publicou em suas redes sociais o anúncio de mais 300 km de ciclovias, mas não falou sobre sua saída do comando da pasta.

Teixeira assumiu a pasta de mobilidade na primeira troca de secretariado de Nunes, após o prefeito assumir o cargo com a morte de Bruno Covas (PSDB), em maio de 2021.

A mudança teria sido um pedido do presidente da Câmara, Milton Leite (União), que tem influência no setor de transportes.

Celso Gonçalves Barbosa, que assumirá a pasta de Mobilidade e Trânsito, estava à frente do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) em 2022, durante a gestão de Rodrigo Garcia (PSDB) no governo de São Paulo.

De 2018 a 2021, Barbosa foi diretor do Departamento de Operação do Sistema Viário da própria Secretaria Municipal de Mobilidade e Transporte, no governo Bruno Covas. Antes, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), de 2011 a 2013 foi chefe da Assessoria Jurídica do Departamento de Transportes Públicos.

Abertura de processo de tombamento impede demolição de vila em São Paulo, FSP

 A Prefeitura de São Paulo embargou obras e multou proprietários de imóveis na Vila Liscio que tiveram janelas e portas retiradas na região do parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. O auto, emitido na sexta-feira (12), levou em conta um pedido de tombamento feito em fevereiro e atendido no último dia 8.

A solicitação abrange um perímetro chamado de Mancha dos Bombeiros, conhecido antigamente como Invernada dos Bombeiros, perto do parque Ibirapuera.

A área é delimitada pela avenida Brigadeiro Luís Antônio e as ruas Tutóia, Leme, Álvaro de Menezes, Manuel da Nóbrega (na altura do 8º Batalhão de Polícia do Exército e da Base de Administração e Apoio do Ibirapuera).

foto mostra casas que seriam demolidas
Prefeitura barrou demolição de imóveis em vila na avenida Brigadeiro Luís Antônio, na zona sul de São Paulo, perto do parque Ibirapuera - Leitor

As casas que tiveram a demolição interrompida fazem parte da Vila Liscio, conjunto de sobrados construídos por Augusto Marchesini em 1934 a pedido do empresário Luiz Liscio. Marchesini, engenheiro, projetou o Theatro São Pedro, que fica na Barra Funda, tombado em 1984.

A JSTX Participações Ltda. disse, em nota, que adquiriu os imóveis no fim de 2022 e que não havia impedimentos para obras. "Tão logo tomou conhecimento do início do processo de análise de tombamento no Conpresp para algumas casas localizadas no nº 3005 da referida rua, imediatamente suspendeu as obras nos respectivos imóveis."

Ainda, a empresa afirma que não haveria razão para a multa, já que tomou as medidas assim que soube da decisão de tombamento cautelar.

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Outros locais considerados de interesse e incluídos na abertura de tombamento são o Conjunto Almirantesm projetado pelo arquiteto paranaense Jaime Lerner, a Vila Calabi e as Casas Moya & Malfatti, do arquiteto Antonio Moya.

O Almirantes, que também fica na avenida Brigadeiro Luís Antônio, é formado por dois edifícios —o Almirante Barroso e Almirante Tamandaré— com 82 apartamentos de dois e três quartos, com 78 m² e 105 m², respectivamente. O projeto é um dos poucos do arquiteto Jaime Lerner em São Paulo.

Já as Casas Moya & Malfatti, hoje, são apenas uma. Construídas em 1941 pela firma de Antonio Garcia Moya e Guilherme Malfatti, ficam no número 50 da rua dos Bombeiros. A casa de Malfatti foi demolida. Ao lado de um muro onde havia a residência, está um edifício.

A Vila Liscio, na altura do número 3.005 da Brigadeiro, tem oito sobrados —quatro deles germinados— em bom estado de conservação, e a sua disposição, com uma praça entre os imóveis, vai se fechando em formato de "U" da rua para o interior da vila. Por volta das 14h desta segunda (15), já não havia mais tapumes no local em que antes havia começado a demolição.

Na mesma quadra, a Vila Calabi, com 16 sobrados, foi projetada na década de 1940 pelo arquiteto italiano Daniele Calabi, que veio ao Brasil em 1939 para fugir do fascismo italiano. O estado de conservação é bom, segundo um dossiê feito pelos autores do pedido de tombamento, apesar de reformas e mudanças.

Uma das casas, no número 66, teve de ser demolida em 2019 após uma reforma que deu errado.

Ainda, a área tombada contempla casas nas travessas Vera de Oliveira Coutinho e Antonieta Medeiros, além da vila Avancini, na rua Arabá.

No pedido feito em fevereiro ao Departamento de Patrimônio Histórico da prefeitura, vinculado à pasta de Cultura, o advogado Arthur Badin afirma que a região da Mancha dos Bombeiros está sob risco iminente de destruição.

"O agressivo e acelerado processo de verticalização/gentrificação já resultou na recente demolição dos imóveis localizados na Rua Manuel da Nóbrega (entre números 736 e 810), onde um stand de vendas anuncia atualmente a pretensão de edificação de duas torres de 13 andares cada."

Na sessão do dia 8 deste mês, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental) votou e abriu o processo de tombamento dos imóveis e outras áreas. A decisão foi publicada no Diário Oficial na quinta (11), um dia depois de expirar a autorização da empresa para a demolição.

Segundo a prefeitura, a vistoria de sexta-feira aconteceu nos números 3.013, 3.005, 2.999, 2.985 e 2.971, após uma denúncia anônima enviada à Subprefeitura da Vila Mariana.

A prefeitura diz que, com a publicação da abertura do trâmite, não pode haver mudança ou obra nos imóveis, o que seria considerado descaracterização de imóvel tombado ou em processo de tombamento.

Joel Pinheiro da Fonseca - Trump mostra o que acontecerá com a direita brasileira, FSP

 Quando Trump deixou o poder em 2021, em meio ao trauma que foi o 6 de janeiro, ele parecia liquidado. Mau perdedor, tendo que enfrentar vários processos judiciais e ainda com o maior ataque à democracia americana pesando sobre suas costas; suas falas bombásticas agora pareciam simplesmente irrelevantes.

Desde então, tudo mudou. Trump está mais forte do que nunca. Não só seu estilo conseguiu manter uma base de apoiadores forte, como mesmo os problemas jurídicos que ele enfrenta acabaram por fortalecê-lo. Pesam contra ele desde acusações graves (como ter interferido junto a autoridades eleitorais para mudar o resultado da votação) até contravenções menores e que só receberam a atenção da imprensa e do sistema de Justiça por se tratarem do ex-presidente.

Jair Bolsonaro e Donald Trump em encontro na Casa Branca, em 2019 - Carlos Barria - 19.mar.19/Reuters

O próprio fato de enfrentar um processo judicial e até o de ser condenado o fortalece, por alimentar a narrativa de que é um perseguido pelo sistema. Não tenho dúvida de que isso seja especialmente verdade quando o processo é por algo menor, por alguma tecnicalidade que escapa ao entendimento da maioria. Mas é bem possível que até acusações de crimes mais sérios possam ter o mesmo efeito.

Abuso sexual, tentativa de roubar votos. No mundo de hoje, é fácil encontrar os motivos para se negar, minimizar ou mesmo justificar qualquer ato, ainda que criminoso. É o "quem faz", e não o fato em si, que motiva os posicionamentos. O mesmo vale na direção contrária: para quem não gosta de Trump, qualquer conduta dúbia ganha as cores de um crime contra a humanidade.

Certo ou errado, o fato é que esses embaraços judiciais fortaleceram Trump como o candidato republicano para 2024. O governador da Flórida, Ron DeSantis, que aparecia como possível sucessor, agora já parece carta fora do baralho. Tudo pode mudar até o ano que vem, mas o prognóstico está muito bom para Trump.

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Não há nada que obrigue o Brasil a repetir passo a passo a dinâmica americana. Mas a semelhança é impressionante. A campanha nas redes, a presidência marcada por polêmicas e ataques à democracia, a imprensa como inimiga, a derrota depois de uma eleição acirrada. Até o nosso 6 de janeiro tivemos, com meros dois dias de diferença para marcar nossa tímida singularidade.

Sendo assim, prevejo que Bolsonaro será o líder inconteste da direita até 2026 e que ninguém conseguirá destroná-lo. Isso não é torcida; na verdade desejo muito estar errado. Só não acredito que esteja.

Mas temos sim uma grande diferença com relação aos EUA. Ela está, não na dinâmica do apoio popular, e sim no funcionamento das engrenagens da Justiça. Não se vislumbra nada que impeça Trump de concorrer, se assim o quiser. Já por aqui, os embaraços jurídicos de Bolsonaro provavelmente o tornarão inelegível. E daí não importa o quanto os eleitores o queiram, ele não estará na urna. Exatamente como aconteceu com Lula em 2018.

Permanecendo como líder moral, mas incapaz de concorrer, conclui-se que o nome de direita para 2026 não surgirá por se contrapor a Bolsonaro, e sim por conseguir a bênção dele. E, para isso, terá de ser fiel a ele.

Chego, assim, à pergunta que não quer calar para quem deseja uma direita democrática e viável: é concebível que alguém possa, ao mesmo tempo, receber o apoio de Bolsonaro e os votos do bolsonarismo sem, contudo, reproduzir seus métodos desastrosos e mesmo criminosos na hora de governar?