segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Cultivar bactérias do intestino promove saúde e longevidade, diz autor americano, FSP

 Luiz Paulo Souza

RIBEIRÃO PRETO

A maioria das pessoas só conhecem fungos e bactérias como causadores de infecções e doenças, mas a relação deles com os seres humanos é mais profunda. O médico americano William Davis, por meio de seu novo livro "Super Intestino", conta como funciona essa relação.

A obra explora a ligação entre o estilo de vida e o microbioma – conjunto de microrganismos que vivem no corpo humano. A proposta do autor é que a restauração de bactérias boas no intestino pode melhorar a saúde, o humor, a aparência e promover longevidade.

Baseado em trabalhos científicos, Davis cita diversos microrganismos que deveriam ser priorizados para uma melhor saúde, mas a estrela do livro é a bactéria Lactobacillus Reuteri. Ela está presente no trato gastrointestinal de populações nativas que vivem mais próximas à natureza, mas está desaparecendo em civilizações urbanas.

Como regular o intestino
Livro investiga papel de bactérias presentes no intestino em saúde e bem-estar geral - Adobe Stock

A presença da L. reuteri ajuda no controle de bactérias nocivas e promove a liberação de ocitocina, substância conhecida como hormônio do amor e da empatia, capaz de tornar as relações sociais mais positivas. Sua presença no microbioma também está relacionada a uma melhor cicatrização, aumento da libido, da saúde óssea e aparência da pele.

Ao longo da obra, o médico mostra como seres humanos perderam esses microrganismos. A resposta está no estilo de vida que envolve, entre outras questões, o consumo de antibióticos e ultraprocessados, a falta de fibras na dieta e a presença de resquícios de defensivos agrícolas nos alimentos.

Davis é cardiologista, mas passou a investigar a forma com a alimentação interfere na saúde ao perceber que os remédios para doenças cardíacas não estavam diminuindo a taxa de pessoas vivendo com essa condição nos Estados Unidos.

"Entre as 330 milhões de pessoas vivendo aqui [nos EUA], mais de 80 milhões tomam estatina e remédios para colesterol, mas quase não houve diminuição das doenças cardíacas", disse o médico à Folha. "Eu queria respostas melhores, especialmente depois que a minha mãe morreu de problemas cardíacos, mesmo após passar por uma angioplastia coronariana bem sucedida"

Em seu primeiro livro, o best seller "Barriga de Trigo", publicado em 2011, Davis aponta o alto do consumo de trigo, arroz, aveia e derivados como grandes vilões das dietas modernas, sendo responsáveis por aumentar a inflamação do corpo, causar doenças intestinais e aumentar o número de casos de diabetes e outras doenças metabólicas, o que interfere diretamente na saúde do coração.

Além da restrição de trigo e cereais, ele começou a investigar o microbioma intestinal e descobriu que o impacto desses microrganismos na vida dos indivíduos poderia ser enorme.

Capa do livro Super Intestino, de William Davis
Capa do livro Super Intestino, de William Davis - Super Intestino/Sextante

As mudanças de estilo de vida nas últimas décadas fez com que a maioria das pessoas estivesse sujeita a disbiose, termo que designa o desequilíbrio do microbioma. Parte das pessoas desenvolvem uma forma mais grave dessa condição chamada Sibo (supercrescimento bacteriano do intestino delgado).

Nessa doença, as bactérias que deveriam crescer apenas no intestino grosso (parte final do trato gastrointestinal), também passam a crescer no intestino delgado.

A investigação feita por Davis mostrou que essa doença altera a digestão dos alimentos, causa desconforto intestinal e permite que toxinas bacterianas que afetam os órgãos e o humor entrem na corrente sanguínea. Se não tratada, a condição pode favorecer distúrbios de humor, doenças metabólicas como a diabetes e doenças autoimunes como a artrite reumatoide.

Questionado sobre o porquê da medicina ignorar essa doença e a importância da microbiota, Davis afirma que os estudos que investigam mais seriamente o papel das bactérias na nossa saúde são muito recentes e que os avanços têm acontecido muito rapidamente, mas que a maior parte dos médico, em especial aqueles com mais tempo de atuação, ainda não se atualizaram a respeito das descobertas mais recentes.

Ele diz ainda que o diagnóstico do Sibo é difícil, visto que o intestino delgado é uma porção do trato gastrointestinal de difícil acesso – esse sistema possui cerca de nove metros de comprimento.

Davis apresenta planos de quatro semanas para tratar a disbiose e o Sibo, restaurar os bons microrganismos e manter o intestino saudável. Suas propostas variam entre simples e ambiciosas, onde os adeptos devem consumir legumes, vegetais, chás e alimentos fermentados, como kefir e kombucha, ou até mesmo eliminar completamente o trigo e o arroz da dieta e consumir apenas alimentos orgânicos.

O médico reconhece que não é fácil seguir todas as recomendações. Em populações como a do Brasil, alimentos como o arroz são indispensáveis e o preço dos orgânicos é muito alto. "Não acho que ninguém no mundo moderno consegue comer de maneira perfeita", diz. "O que a gente deve fazer é minimizar a exposição."

Segundo Davis, filtrar a água com carvão ativo para remover cloro e resíduos agrícolas, comer alimentos naturais ou minimamente processados, fazer exercícios físicos e ingerir alimentos fermentados todos os dias são boas formas de começar.

SUPER INTESTINO

  • Preço R$ 48,50 (368 págs.)
  • Autor William Davis
  • Editora Sextante

Como China superou Brasil e virou grande produtora de peixes amazônicos, BBC NEWS BRASIL - FSP

 BBC NEWS BRASIL

Uma rápida pesquisa no site de comércio online chinês AliBaba permite encontrar algumas ofertas de "red pacu", um peixe cinza de barriga vermelha, vendido por US$ 0,80 a US$ 1,23 (R$ 4,35 a 6,68) o quilo.

O tal "red pacu" nada mais é que a pirapitinga, um peixe típico da região amazônica e da bacia dos rios Araguaia-Tocantins.

Os dados oficiais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que a China é hoje a maior fonte deste peixe no mundo.

Tambaqui
Peixes como o tambaqui são criados hoje na China e em outros países do continente asiático - Getty Images via BBC

Em 2020, foram produzidas 59,4 mil toneladas de pirapitinga no país asiático. Na sequência, aparecem Colômbia (33 mil toneladas), Vietnã (23 mil), Peru (2,1 mil) e Brasil (1,8 mil) - vale destacar que esse peixe não é muito apreciado entre os habitantes da região amazônica brasileira, que preferem outras opções locais, como o tambaqui, o matrinxã e o jaraqui, sobre os quais falaremos mais adiante.

Além da produção de pescados para consumo humano, a China e outras nações asiáticas viraram referência na criação de peixes ornamentais amazônicos. Hoje, há variações de uma espécie chamada acará-disco que só são encontradas neste continente, segundo pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil.

Mas como esses peixes, nativos de Amazônia e adjacências, foram parar do outro lado do mundo? Por trás dessa verdadeira saga, existem lendas, histórias de cooperação e investimento pesado em ciência de ponta.

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DA AMAZÔNIA PARA A ÁSIA

Diz a lenda que, antes da Rio-92, a histórica conferência do clima realizada no Rio de Janeiro, o primeiro-ministro chinês Li Peng teria viajado para Manaus, onde se reuniu com o então governador do Estado do Amazonas, Gilberto Mestrinho (MDB).

Durante o encontro, o emissário da China recebeu de presente casais vivos de tambaquis, que foram levados de volta ao país asiático —e teriam dado início ao interesse pelas espécies aquáticas amazônicas por lá.

O fato é que existem poucas evidências ou registros oficiais dessa reunião entre emissários chineses e amazonenses, e os principais nomes supostamente envolvidos no episódio (Li Peng e Gilberto Mestrinho) já morreram.

A BBC News Brasil entrou em contato com o Governo do Estado do Amazonas e com a Embaixada da China no país para confirmar ou descartar o tal episódio de 1992, mas não foram enviadas respostas até a publicação desta reportagem.

Os especialistas em piscicultura consideram que é muito mais provável que essa introdução de espécies amazônicas em outros países tenha acontecido aos poucos e por meio de várias fontes diferentes.

Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), lembra de um convênio firmado nos anos 1980 entre Brasil e China.

"Houve uma troca, em que nosso país recebeu carpas e tecnologias para a produção desses peixes e, em troca, ofereceu materiais sobre algumas espécies nativas", diz. "E cada parte aproveitou as informações do jeito que quis."

Pirapitinga
Hoje em dia, a China produz mais pirapitinga que o Brasil - Getty Images via BBC

Um artigo publicado em 2018 destaca que o tambaqui e espécies híbridas já foram observadas em diversos países onde eles não são nativos, como Estados Unidos, China, Indonésia, Myanmar, Vietnã, Tailândia e Singapura.

Ainda segundo os autores, essa introdução aconteceu de forma acidental ou deliberada, com o objetivo de iniciar criações desses peixes em outros lugares.

Outra possível fonte do espalhamento é o aquarismo, a prática de manter espécies aquáticas em tanques para decoração e apreciação.

Um estudo de 2011 feito na Universidade de Zagreb, na Croácia, tentou desvendar como duas pirapitingas foram parar em rios da Europa Central.

A principal hipótese levantada é a de que aquaristas jogaram por algum motivo esses seres em reservatórios de água locais, que reuniam as condições básicas para que eles pudessem sobreviver e se reproduzir.

Que fique claro: essa troca de espécies entre países era bem menos regulada há três ou quatro décadas. Só mais recentemente que surgiram leis rígidas que impedem ou dificultam a saída e a entrada de vegetais, animais, fungos e outros seres vivos entre fronteiras.

"É só lembrar que a soja, um dos principais produtos de exportação do Brasil nas últimas décadas, é originária da China", ilustra Medeiros.

"Ou seja, falamos de um processo legal. A diferença, no caso dos peixes, é que a China resolveu transformá-los num produto comercial e ganhar dinheiro com isso."

MAIS BELEZA NOS AQUÁRIOS

Além das espécies criadas para consumo (como o tambaqui e a pirapitinga), também chama a atenção o que aconteceu com os peixes ornamentais amazônicos.

"O acará-disco, nativo da Amazônia, é vendido no exterior com novas colorações e características que não existem no próprio Brasil", aponta Giovanni Vitti Moro, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Essas novas linhagens da espécie foram desenvolvidas a partir de cruzamentos ou pela seleção de características desejadas por meio da manipulação genética e são apreciados por aquaristas do mundo inteiro.

"Hoje em dia, nós temos que importar essas matrizes diferentes do acará de China, Índia e Tailândia", complementa Moro.

O biólogo Adalberto Luis Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, aponta que o Brasil também está ficando para trás nesse mercado do aquarismo.

Isso porque os produtores locais ainda dependem do extrativismo, que se baseia em coletar esses peixes diretamente na natureza, em vez de criá-los e reproduzi-los em tanques.

"Nós precisamos desenvolver tecnologias para a produção desses animais em cativeiro. A China já faz isso, e o mercado de aquarismo sinalizou que, entre 2025 e 2030, vai reduzir aos poucos a importação de peixes ornamentais oriundos do extrativismo", conta o pesquisador e professor.

"Isso porque, de cada dez peixes que são coletados do ambiente natural para exportação, nove morrem no caminho."

Acará disco
Nativo da Amazônia, o acará-disco ganhou variações na Ásia - Getty Images via BBC

O QUE DIZEM OS NÚMEROS

Não há dúvidas de que a China é de longe a líder global no mercado de pescados. Segundo os registros da FAO, o país asiático produziu 83,9 milhões de toneladas métricas de peixe com captura e aquicultura só em 2020.

Para se ter uma ideia, o segundo lugar é da Indonésia, com 21,8 milhões, um valor quase quatro vezes menor. Na sequência, aparecem Índia (14 milhões), Vietnã (8 milhões) e Peru (5,8 milhões).

Dentro desse cenário, os peixes amazônicos ainda representam uma fatia muito pequena, quase insignificante, do mercado piscicultor chinês.

"Por lá, a pirapitinga atende a alguns nichos específicos. Ela é vendida pequena, grande, inteira, em filé... Conforme o tamanho, o preço muda", descreve Moro.

Medeiros acrescenta que "a China vê a pirapitinga como um produto de combate, vendido para públicos com baixo poder aquisitivo de África e Índia". "O preço é menor, mas eles ganham no volume", diz.

E O BRASIL?

Apesar de possuir uma costa litorânea extensa e a maior quantidade de recursos hídricos do planeta, o país está bem longe da liderança do mercado de pescados.

A FAO calcula que o Brasil produziu 1,3 milhões de toneladas de peixes para consumo em 2020. Isso faz com que o país ocupe a 21ª posição no ranking mundial, atrás de nações com menos território, como Equador, Marrocos, Japão e Peru.

Também é curioso pensar que o peixe mais consumido pelos brasileiros é "estrangeiro": a tilápia, originária do Rio Nilo, no continente africano, reina absoluto nas cozinhas do país.

O anuário de 2022 da Peixe BR aponta que a tilápia já representa 63,5% da produção brasileira (486,2 mil toneladas), e a tendência é que esse número suba para 80% até o final da década.

Na sequência, aparecem os peixes nativos do país, que representam hoje 31,2% do total (262,3 mil toneladas). E o principal representante do grupo é justamente o tambaqui.

O grande problema, apontam os pesquisadores, é que esse consumo dos peixes nativos está concentrado principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, e as carnes de tambaqui, matrinxã, pirarucu e companhia são muito menos frequentes nos lares no Nordeste, Sudeste e Sul, onde a densidade populacional é maior.

Para Moro, há pelo menos três entraves para a popularização desses pescados.

"Vamos pegar a tilápia como exemplo. Ela tem uma proteína de alta qualidade, um preço competitivo e é fácil de preparar", diz.

"O tambaqui e outros peixes amazônicos são vendidos inteiros e têm espinhas entre os músculos, o que dificulta o preparo e o consumo."

Filé de tilápia
Nativa do Rio Nilo, a tilápia é o peixe mais consumido do Brasil - Getty Images via BBC

O desafio está, então, em desenvolver linhagens com menos espinhas e mais carne, capazes de crescer rapidamente e que tenham um tamanho padrão.

Esse é mais ou menos o caminho que levou a tilápia e o salmão ao sucesso de vendas em mercados e peixarias: nos últimos 40 anos, foram feitos vários estudos com o objetivo de desenvolver um produto que reunisse uma série de características desejáveis, como maciez, gosto, facilidade de preparo...

E o mesmo processo já começou a ser feito com o próprio tambaqui mais recentemente. Além dos trabalhos realizados na China e no resto da Ásia, os pesquisadores brasileiros também pensam em como desenvolver esse setor por aqui.

"Nos últimos cinco ou seis anos, temos trabalhado na Embrapa formas de garantir a rastreabilidade dos tambaquis, para garantirmos que aquele produto não foi retirado da natureza de forma indevida", destaca Moro.

"Isso é algo que certamente fará a diferença, especialmente na hora de exportar o pescado para mercados cada vez mais preocupados com o manejo sustentável dos recursos."

Cientistas brasileiros também descobriram linhagens do tambaqui que possuem pouca ou nenhuma espinha entre os músculos, o que futuramente pode render cortes maiores e mais fáceis de preparar ou consumir.

UM POTENCIAL ENORME

Entre os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, não há dúvidas de que peixes como o tambaqui podem turbinar o mercado nacional e até as exportações.

"Trata-se de uma carne de excelente qualidade, muito apreciada pelo público, com a qual é possível fazer diferentes cortes e pratos, como o lombo, a costelinha, a moqueca, as iscas fritas ou os filés assados", diz Antonio Leonardo, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do Instituto de Pesca de São Paulo.

Outro ponto positivo do tambaqui está na facilidade de produção. Afinal, trata-se de uma espécie resistente e que cresce com velocidade - na natureza, ele pode chegar a até 30 ou 40 quilos.

"Além disso, o tambaqui se alimenta principalmente de frutos. Isso significa que, para se desenvolver, ele não depende de farinhas de peixe usadas em outras criações", afirma o zootecnista Alexandre Hilsdorf, pesquisador do Núcleo Integrado de Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo.

"Essas farinhas estão se tornando um problema de sustentabilidade, pois as empresas precisam capturar peixes para processar e transformar em ração para os outros peixes."

"Reunindo todas essas características, para mim não há dúvidas de que peixes como o tambaqui podem se transformar em uma commodity no futuro", opina Hilsdorf, que publicou um artigo no ano passado sobre a produção sustentável desse pescado.

Homem segurando tambaqui
Carne do tambaqui é muito apreciada e pode ser consumida de várias maneiras - Getty Images via BBC

A ECONOMIA DA FLORESTA EM PÉ

Mas aumentar a produção de pescados nativos não pode representar uma ameaça à biodiversidade?

"A piscicultura depende do meio ambiente. Sem o equilíbrio dos recursos naturais, nosso negócio fracassa", responde Leonardo.

Para Val, é possível incentivar esse mercado sem destruir a natureza: "O segredo está no manejo das espécies".

O biólogo, inclusive, acredita que há potencial em desenvolver a produção não apenas do tambaqui, como também do pirarucu, do jaraqui, do matrinxã e de outras variedades populares entre os moradores da Amazônia.

"Sabemos que o matrinxã, por exemplo, pode ser produzido em pequenos igarapés espalhados pela Amazônia. Um canal de 20 metros de extensão, dois metros de largura e um metro de profundidade é capaz de gerar até uma tonelada desse peixe por ano", calcula o biólogo.

"Agora, imagine que esse pequeno igarapé seja gerido por uma família de quatro pessoas, que vai consumir 400 quilos de pescado por ano. Os 600 quilos que sobram poderiam ser vendidos para cooperativas, que fariam o processamento e a venda em larga escala", complementa.

Segundo o especialista, "o produto mais importante da bioeconomia, ou a economia da floresta em pé, é a informação".

"Ao saber como os peixes vivem, comem e se reproduzem, temos o domínio do conhecimento para fazer o manejo adequado, sem prejuízo à biodiversidade", conclui.

Este texto foi publicado originalmente aqui.