segunda-feira, 25 de julho de 2022

Bolsonaro pede multidão nas ruas em 7 de setembro contra TSE, Meio

 Enfrentamento com as instituições e mobilização de sua base de apoio. O presidente Jair Bolsonaro confirmou o tom de sua campanha à reeleição diante de um Maracanãzinho lotado na tarde de ontem, onde a convenção nacional do PL homologou sua candidatura, tendo o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto como vice. Durante um discurso de cerca de uma hora, Bolsonaro conclamou seus apoiadores para irem às ruas “pela última vez” no dia 7 de setembro. O alvo, mais uma vez, é o Supremo Tribunal Federal, a quem se referiu como “esses poucos surdos de capa preta”, dizendo que os ministros do STF “têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo”. Ele também não poupou ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem chamou de “bandido” e “ex-presidiário”. (g1)

Ao longo de seu discurso, Bolsonaro repetiu sete alegações enganosas sobre assuntos que vão da pandemia de covid-19 às urnas eletrônicas. Confira. (Estadão)

Como prova de que não vai mesmo ouvir os pedidos de moderação da ala política, Bolsonaro ignorou um discurso mais leve preparado por um empresário da área de comunicação. Segundo Igor Gadelha, o texto havia sido revisado e aprovado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e por Braga Netto. Mas, para o presidente, o discurso “não tinha sua cara” e não agradaria a base. Ele falou de improviso. (Metrópoles)

Bolsonaro não foi o primeiro a falar. A primeira-dama Michelle, que vinha resistindo aos apelos do PL para se integrar à campanha e atrair o voto feminino, abriu os discurso. Falando em tom religioso, ela apresentou o marido como “um escolhido de Deus”. (Poder360)

Além de Michelle, estavam no palco, entre outros, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vaiado pela plateia, mas apresentado por Bolsonaro como “enorme aliado” e “amigo de longa data”. Junto a eles, o presidente garantiu que não houve corrupção em seu governo. Duas ausências, porém, foram notadas: Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos Zero-Dois e Zero-Três do presidente. Ambos estão nos EUA, Carlos passeando com a namorada e Eduardo participando de um evento conservador. (Metrópoles)

Malu Gaspar: “O discurso de Bolsonaro ontem contrastou com o tom antissistema adotado em 2018. Ele defendeu feitos do governo ao lado de outros expoentes do Centrão. Em 2018, Bolsonaro chamou o grupo que hoje lhe dá base política no Congresso Nacional de ‘escória’, o que inclui seu atual partido.” (Globo)

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Cortejado pela ala do MDB que aderiu à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o também ex-presidente Michel Temer acha improvável que seu partido apoie o petista, no primeiro turno, conta Andréia Sadi. “Eles mandam emissários, mas como vamos apoiar se eles falam que é golpe? Se falam que a reforma trabalhista, que eu fiz, é escravocrata? Querem destruir com meu governo”, diz. Temer se ressente de ter sido chamado de golpista por Dilma Rousseff, cuja deposição o levou ao Planalto. (g1)

A tumultuada relação entre Temer e o PT mostra o dilema de Lula diante da necessidade de ampliar sua base de apoio, na avaliação do cientista político da Tendências Consultoria Rafael Cortez. Segundo ele, há uma percepção de que, se eleição se encerrar no primeiro turno, haverá menos espaço para o questionamento do resultado, o que implica o PT buscar alianças com quem participou ativamente de sua retirada do poder. (CNN Brasil)

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O Supremo Tribunal Federal (STF) tem marcado para o mês que vem um julgamento crucial para dezenas de políticos. Os ministro vão decidir se a nova e muito mais branda Lei da Improbidade pode retroagir para beneficiar pessoas condenadas antes de sua promulgação. Condenados com base na versão anterior da lei, políticos como o ex-governador do DF José Roberto Arruda (PL) e do Rio Anthony Garotinho (União Brasil), conseguiram recuperar os direito políticos graças a decisões do STJ, embora Garotinho siga inelegível devido a outra condenação no TRE-RJ. (Globo)

Quem também está de volta ao páreo é o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB). Em decisão monocrática, o desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), anulou a parte da resolução da Câmara que cassou o mandato de Cunha em 2016 determinando sua inelegibilidade por oito anos. Segundo a defesa do ex-deputado, houve “vícios no processo”. (g1)

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Principal estrategista da eleição de Donald Trump em 2016 e conselheiro da família Bolsonaro, Steve Bannon foi condenado na sexta-feira nos EUA por desacato ao Legislativo. Ele ignorou uma intimação para depor diante da comissão a Câmara que investiga a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro do ano passado. “Perdemos a batalha hoje, mas não vamos perder a guerra”, disse Bannon após o julgamento. A sentença será proferida no dia 21 de outubro. (CNN)

Elio Gaspari: “A comissão que investiga o comportamento de Donald Trump durante a insurreição de 6 de janeiro fechou o foco em 187 minutos durante os quais o presidente permaneceu em silêncio cúmplice. Ele havia estimulado a marcha para o Capitólio, sugerindo que a acompanharia. Foi para a Casa Branca, onde ficou grudado nas televisões.” (Globo e Folha)

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Marcus André Melo - 'Estão falsificando a Acta' -FSP

 

Marcus André Melo

"Estão falsificando a Acta", gritaram apoiadores de Joaquim Nabuco na Igreja Matriz de São José, onde se realizava a votação em 1884. Ato contínuo a multidão chacinou o fiscal do Partido Conservador e seu sobrinho; o abolicionista José Mariano saiu ferido do episódio.

TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral) realiza o teste e lacração das urnas eletrônicas que serão enviadas para votação no exterior. As urnas são testadas e carregadas com o cartão de memória que guarda os dados da votação, depois lacradas e guardadas para envio aos locais de votação fora do país (no caso de votação no exterior, ocorre apenas a votação para presidente). - Pedro Ladeira - 19.set.18


A repercussão foi tamanha que o imperador escreveu 13 cartas a respeito do "affair" em três semanas. As atas registraram a vitória, por um voto, do Conselheiro Portella, adversário de Nabuco, tendo a Justiça determinado um segundo escrutínio. Nele, Nabuco triunfa. No entanto, foi "degolado" a bico de pena no processo parlamentar de reconhecimento.

Na sequência, o gabinete Dantas, que propunha a abolição da escravidão sem indenização, foi derrubado por uma moção de desconfiança por apenas dois votos. Novas eleições e uma solução: o partido oferece a vaga de deputado do 5º. Distrito (agreste de Pernambuco) a Nabuco, que concorre e é eleito. O episódio é descrito por Carolina Nabuco em "A Vida de Joaquim Nabuco".

Sim, no Império e na República Velha as eleições eram marcadas por violência e fraudes diversas: eleitores fantasmas ("fósforos"), cédulas ("chapa de caixão") e envelopes ("sobrecartas") falsos; idem atas eleitorais. Mas, ao contrário do que o regime varguista propagandeou, não era muito diferente nas atuais democracias no século 19.

A independência dos eleitores aumentou após o Código Eleitoral (1932), com o voto secreto (cabine eleitoral) e a gestão das eleições para a Justiça Eleitoral. O alistamento tornou-se obrigatório, mas não o voto, o que só aconteceu com o Código de 1965.

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Paradoxalmente, a medida reforçou a manipulação do eleitorado analfabeto (majoritariamente rural até a década de 70), que votava a despeito da proibição formal. Isso explica porque, ao contrário do que ocorreu nos EUA no período das leis "Jim Crow", as oligarquias nunca se opuseram à inclusão da massa da população no sistema eleitoral; afinal, podiam manipulá-la.

A mudança crucial ocorreu a partir de 1955, com a introdução da cédula oficial substituindo a fornecida pelos partidos. A nova cédula exigia que os eleitores escrevessem o nome dos candidatos.
O impacto foi avassalador para o eleitorado analfabeto: os votos inválidos para deputado federal chegaram a 41% em 1990. Entre 1980 e 2000, o Brasil ostentava o título do campeão de votos inválidos na América Latina.


A introdução da urna eletrônica muda radicalmente as coisas: em 2000, os votos inválidos caíram de 41% para 7,6%, um recuo de 82%. A EC 25/85, que garantiu o voto dos analfabetos foi simbólica; a urna foi um instrumento que emancipou "de facto" o eleitorado pobre.


Ruy Castro - Como 007 nos ganhou em 1 segundo, FSP

 James Bond, com 26 ou 27 filmes até agora, deve ser a série mais bem sucedida do cinema. Não sei de outra franquia nas mãos da mesma empresa por 60 anos. Como muita gente, aderi a Bond desde o primeiro, "O Satânico Dr. No" (1962, rebatizado anos depois como "007 Contra o Satânico Dr. No"), mas só lhe fui fiel até "Com 007 Viva e Deixe Morrer" (1973) ou coisa assim. Já então a necessidade de cada filme superar o anterior em efeitos especiais, explosões e gadgets tornara-os impróprios para maiores de 13 anos, e eu estourara a idade. Nunca mais vi nenhum.

Pôsters, livros e CDs em torno dos filmes de James Bond
Pôsters, livros e CDs em torno dos filmes de James Bond - Arquivo pessoal


Bond nos ganhou logo a um segundo de jogo em "Dr. No", com os títulos de Maurice Binder (as luzes em cores que se tornavam a mira da pistola) e o tema composto por Monty Norman, com o riff de guitarra, então moderníssimo, e o arranjo de cordas e big band. Pelo que sei, as luzes e o tema acompanharam Bond para sempre, mesmo que estilizados, mantendo a unidade da série. Binder morreu em 1991. Norman se foi no dia 11 último.


Ao contrário de Binder, designer brilhante, autor também dos títulos de "O Sol por Testemunha" (1960), "Barbarella" (1968) e muitos outros filmes, Monty Norman nunca mais fez nada importante. Nem precisou —só o uso de seu tema em tudo que se referisse a Bond iria sustentá-lo pelo resto da vida. O problema é que, já no segundo filme, "Moscou Contra 007" (1963), ele esteve a pique de perder a música.


John Barry, responsável pela trilha deste e dos 007 seguintes, incorporou "The James Bond Theme" aos seus próprios temas. Para todos os efeitos, ficou sendo seu autor e, espertamente, não se lembrava de desmentir. Norman levou anos disputando-o na Justiça até ser reconhecido.


O tema de Bond foi ouvido pela primeira vez na estréia de "Dr. No" em Londres, na noite de 5 de outubro de 1962. Poucas horas antes, chegara às lojas o primeiro compacto dos Beatles: "Love Me Do". Que dia, hein?