terça-feira, 5 de novembro de 2019

Justiça ordena gestão Doria a divulgar lista de empresas beneficiadas com isenção fiscal, OESP

Adriana Ferraz, O Estado de S.Paulo
05 de novembro de 2019 | 16h23


A Justiça concedeu nesta segunda-feira, 4, liminar que obriga a gestão João Doria (PSDB) a divulgar em até 30 dias a lista completa das empresas beneficiadas com isenções fiscais no Estado. A medida é resultado de uma ação apresentada em junho pelos deputados estaduais Paulo Fiorilo e Teonílio Barba, ambos do PT, que questionam a alegação de "sigilo fiscal" dada pelo governo para negar as informações aos parlamentares.
João Doria
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) Foto: Rovena Rosa/Agencia Brasil
A decisão, da 4ª Vara da Fazenda Pública, ressalta que "não há que se alegar eventual sigilo fiscal de terceiros, notadamente de empresas diretamente beneficiadas com isenções ou renúncias fiscais" quando se trata de verbas públicas e de procedimentos em relação aos quais prepondera o princípio da publicidade.
Só neste ano, o governo estima uma perda de receita de R$ 16,3 bilhões com isenções ou reduções de alíquotas e concessões de créditos de ICMS - valor que equivale a 11% de toda a arrecadação prevista para o ano. Para 2020, a estimativa de benefícios fiscais prevista na lei orçamentária em debate na Assembleia Legislativa (Alesp) é de R$ 17,4 bilhões apenas em ICMS. No total, alcança R$ 20 bilhões.
"Finalmente a Justiça possibilita que a sociedade paulista conheça quem são as empresas beneficiadas ao longo de anos. Poderemos agora verificar se houve benefício ou não aos cofres públicos", disse Fiorilo. 
O Tribunal de Contas do Estado também já criticou a falta de transparência do governo na divulgação dos dados. "A administração insiste em alegar sigilo de dados, com base em sua interpretação do artigo 198 do Código Tributário Nacional, para não fornecer informações a respeito das renúncias de receitas”, afirmou o procurador do  Ministério Público de Contas de Contas Rafael Neubern Demarchi Costa, em seu relatório sobre as contas do governo do ano passado.
Em 2018, o TCE já aprovou, com ressalvas, as contas de 2017 do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), recomendando que a Secretaria da Fazenda seja mais transparente nas desonerações de ICMS, usadas na guerra fiscal entre os Estados para atrair investimentos. A pasta sempre alega que os benefícios fiscais tendem a aumentar os investimentos e a produtividade das empresas, se refletindo em aumento da arrecadação para o Estado.
O Estado entrou em contato com a secretaria e aguarda posicionamento sobre a liminar.

Governo propõe ao Congresso fim de municípios com menos de 5 mil habitantes, OESP

Redação, O Estado de S.Paulo
05 de novembro de 2019 | 15h32


BRASÍLIA - O governo propôs ao Congresso o fim dos municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação menor que 10% da receita total. Pela proposta, esses municípios terão que ser incorporados pelo município vizinho.
Se aprovada por deputados e senadores, a extinção de muncipipios será feita a partir de 2026. Os  municípios que estiveram melhor nas contas absorvem os piores até o limite de três.
O projeto também impõe restrição à criação de municípios. A ideia, de acordo com o governo, é fortalecer a Federação brasileira.
Onyz, Guedes e Bolsonaro
Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia) e presidente Jair Bolsonaro a caminho do Congresso para entregar a primeira parte do pacote de reformas Foto: Joédson Alves/ EFE
Ao responder pergunta sobre a viabilidade dessa medida ser aprovada em ano de eleições municipais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que “quem deve decidir o tamanho mínimo dos municípios é o Congresso”. Para ele, a proliferação de municípios criou desequilíbrios. “Do ponto de vista fiscal, municípios não podem ser grandes ou pequenos demais”, afirmou.
De acordo com as estimativas populacionais divulgadas pelo IBGE em julho deste ano, o País tem 1.254 municípios com menos de 5 mil habitantes.
O próprio IBGE tem alertado, porém, que as estimativas podem conter algum nível de imprecisão porque não foi realizada a Contagem Populacional que estava programada para 2015.

Plano mais Brasil

Guedes e o presidente Jair Bolsonaro entregaram nesta terça ao Congresso Nacional as primeiras de uma série de propostas com a sua digital.
Essa nova fase de reformas, batizada de Plano mais Brasil, é a principal tentativa da equipe econômica para mudar a gestão das contas públicas nas três esferas de governo, com a criação de um novo marco institucional para o País quase 20 anos depois da aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). /Adriana Fernandes, Eduardo Rodrigues, Lorenna Rodrigues e Idiana Tomazelli

Governo Bolsonaro tem, em média, uma baixa de militar por mês; veja quem já saiu, OESP

João Ker, O Estado de S.Paulo
05 de novembro de 2019 | 15h37


Com o pedido de demissão do general Maynard Santa Rosa da Secretaria-Geral da Presidência, o governo de Jair Bolsonaro perde mais um funcionário público do seu núcleo militar. Santa Rosa, que deve levar consigo outros cinco generais e coronéis do Exército, é o último em uma lista de exonerações, rebaixamentos e saídas causados por desentendimentos pelo fogo cruzado entre a ala militar e os seguidores de Olavo de Carvalho.
Abaixo, confira os outros 10 militares que já foram exonerados ou rebaixados pelo governo Bolsonaro:

Gal. Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo

O primeiro ministro do núcleo militar a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido do ministério da Secretaria de Governo após atritos com Olavo de Carvalho e o vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente. Quem assumiu o cargo foi o também general de Exército, Luiz Eduardo Ramos.
Santos Cruz
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz durante cerimônia de diplomação de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foto: REUTERS/Adriano Machado (10/12/18)

Gal. Franklimberg de Freitas, ex-presidente da Funai 

A pressão da bancada ruralista por terras também derrubou o general Framklimberg de Freitas do comando da Fundação Nacional do Índio (Funai), menos de seis meses após ter assumido o cargo. Em entrevista ao Estado, ele afirmou que, na administração atual, “o que menos sobra é o foco no índio” e que “a Funai praticamente não tem conhecimento de nada” sobre as demarcações de terra, negociadas diretamente em Brasília. 
Franklimberg Ribeiro de Freitas
Franklimberg Ribeiro de Freitas Foto: Isaac Amorim/MJSP

Gal. Juarez Aparecido de Paula Cunha, ex-presidente dos Correios

O general Juarez Aparecido de Paula Cunha deixou os Correios após ser acusado de “agir como sindicalista” pelo presidente da República. A declaração de Bolsonaro veio após o militar ter ido ao Congresso e criticado publicamente os planos de o Governo privatizar a empresa. “Quem vai pagar essa conta? Esse alguém será o Estado brasileiro ou o cidadão brasileiro que paga imposto”, disse à época. 
General Juarez Cunha
General Juarez Cunha, que deixa o comando dos Correios Foto: Reprodução/Twitter.com/GenJuarezCunha

Cel. Ricardo Roquetti, ex-diretor de programa da Secretaria Executiva do MEC

Antes de Weintraub assumir o Ministério da Educação, a ala “olavista” já havia retirado o primeiro militar da pasta, com a exoneração do coronel Ricardo Roquetti, demitido na mesma leva de Luiz Antonio Tozzi, em março. Roquetti, que é ex-aluno de Olavo de Carvalho, foi acusado pelo próprio como responsável pela carta enviada às escolas, que pedia a filmagem de crianças cantando o Hino Nacional. 

Ten. Cel. Claudio Titericz, ex-diretor de programa da Secretaria-Executiva do MEC

Mais uma exoneração que veio com o fogo cruzado entre a ala “olavista”, militares e ex-alunos do ex-ministro Vélez. 

Cap. Eduardo Miranda Freire de Melo, ex-secretário-executivo do MEC

Capitão de corveta da Marinha brasileira, Eduardo Miranda Freire de Melo também foi exonerado na mesma leva em que Claudio Titericz e Ricardo Roquetti por ligações ao grupo de viés ideológico dentro do ministério.

Gal. João Carlos Jesus Corrêa, ex-presidente do Incra

Anunciado em fevereiro para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o general João Carlos Jesus Corrêa foi exonerado em outubro, por pressão exercida pela bancada ruralista. Seu desempenho no órgão não agradou ao secretário de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, que é ligado a grupos ruralistas e achou “tímida” a operação que gerou 25 mil novos títulos de propriedades de terra entregues pelo Instituto
Em julho, o presidente Bolsonaro já havia declarado durante café da manhã com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) sua lealdade à bancada ruralista: “Esse governo é de vocês”. Com a demissão do general Corrêa, o coronel Marco Antonio dos Santos também saiu do Incra, não antes de afirmar que o órgão estava tomada por pessoas com interesses “não exatamente republicanos”, dentre eles o próprio Nabhan. 
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O general Jesus Corrêa em revista a tropas do Exército em foto de 2011 Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

Gal. Floriano Peixoto, de ministro a chefe dos Correios

Com a exoneração de Cunha dos Correios, a estatal passou para o domínio do general Floriano Peixoto que, para assumir o cargo, foi rebaixado do seu posto de ministro da Secretaria Geral da Presidência. "Presidir os Correios me enche de satisfação, pelo grau de confiança do presidente", declarou o general à época.
Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro concede coletiva no Palácio do Planalto ao lado de Floriano Peixoto e Jorge Oliveira. Foto: Gabriela Biló / Estadão

Gal. Roberto Severo Ramos, ex-secretário executivo da SGPR

Exonerado em 21 de junho do cargo de Secretário-Executivo da Secretaria-geral da Presidência da República, o general Roberto Severo Ramos chegou a ir para a Procuradoria-Geral da República, sob Augusto Aras. O novo PGR indiciou Ramos como Assessor Especial para Assuntos Estratégicos, mas ficou na posição apenas entre 26 de setembro e 4 de outubro. Ramos teria sido designado para “abrir a caixa-preta” da PGR.

Ten. Ricardo Machado Vieira, ex-secretário executivo do MEC

Indicado por Bolsonaro ao ministério da Educação, o tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira não foi poupado durante a demissão do colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, em abril. Sob a administração de Abraham Weintraub, a nova ordem do MEC é menos militares e mais “olavistas”.
Ricardo Machado Vieira
O tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira foi nomeado para o segundo cargo mais importante do Ministério da Educação (MEC) Foto: Agência Força Aérea