quarta-feira, 4 de setembro de 2019

O QUE A FOLHA PENSA Disfarces da CPMF

Equipe de Guedes insiste em proposta que levará tumulto à reforma tributária

O secretário da Receita, Marcos Cintra - Charles Sholl/Agência O Globo
Em uma de suas declarações mais sensatas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) relatou ter desencorajado sua equipe econômica de propor a ressurreição, em caráter definitivo, da famigerada CPMF. Trata-se, em suas palavras, de ”um imposto muito carimbado já”.
Desde suas origens, de fato, o tributo incidente sobre os débitos em conta corrente se mostrou um logro aos contribuintes brasileiros. Em primeiro lugar, por ter sido apresentado como um instrumento temporário, emergencial —que, na verdade, os governantes perpetuaram o quanto puderam.
O inaugural Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira foi instituído em 1993, com duração prevista até o fim do ano seguinte. Ressurgiu em 1997, com o nome de contribuição e prazo de 13 meses. A cobrança se arrastou até 2007, quando o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi derrotado em sua tentativa de prorrogação.
[ x ]
Argumento recorrente dos defensores do tributo, que agora se repete, é sua suposta insignificância para o bolso dos pagantes. “Pequenininho, não machuca”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes.
A CPMF começou com alíquota de 0,2%, que logo seria quase duplicada, para 0,38%. O atual secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, já falou em até 0,9%, divididos entre as duas partes da transação financeira, mas as especulações mais recentes se dão em torno de metade dessa cifra.
Os engodos mais elaborados dizem respeitos às finalidades do gravame. Seria, dizia-se de início, um reforço às verbas da saúde —uma lorota repetida à exaustão mesmo depois de estabelecidas, a partir de 2000, regras para os gastos obrigatórios no setor que independiam da fonte dos recursos.
Desta vez, a ideia é apresentada como uma maneira, pasme-se, de gerar empregos. Segundo o raciocínio tortuoso, as novas receitas compensariam uma redução das contribuições previdenciárias que encarecem as contratações.
Desnecessário apontar que tal compensação poderia ser feita por meio de um imposto já existente. A obsessão por uma CPMF rebatizada, assim como o apego fervoroso de governos passados à contribuição, parece explicável, isso sim, pelo conforto na arrecadação.
A cobrança do tributo, afinal, é facílima e quase independe da competência do fisco. Em busca dessas vantagens, faz-se vista grossa para efeitos regressivos e cumulativos como o encarecimento de transações e mercadorias ao longo da cadeia produtiva.
 
A insistência em uma proposta tecnicamente precária e politicamente explosiva só leva tumulto ao já complexo debate em torno da reforma tributária, urgente para o país. Não existe suposta benesse, finalidade ou atenuante capaz de disfarçar esse fato.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Prédio de R$ 1,2 bi é a ‘menina dos olhos’ do presidente do TJ-SP, FSP

Prédio de R$ 1,2 bi é a ‘menina dos olhos’ do presidente do TJ-SP

Em sessão a portas fechadas, na última quarta-feira (28), o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Manoel Pereira Calças, apresentou ao Órgão Especial o planejamento para construção do “Edifício Tribunal de Justiça de São Paulo”.
O terreno do novo prédio –numa área de 11.853,36m²– fica entre as ruas Conde de Sarzedas, Rua Tabatinguera e Conselheiro Furtado, no centro de São Paulo, próximo à sede do TJ-SP e ao Fórum João Mendes.
O projeto prevê reunir os gabinetes de todos os 360 desembargadores e dos juízes substitutos em segundo grau. No prédio de 31 pavimentos serão instalados 584 gabinetes (com 70,29m2) entre o 4º e o 23º andar.
Haverá seis andares de garagem (com mais de 1.200 vagas), heliponto, 12 elevadores privativos e 16 para funcionários e público.
Reportagem de Tábata Viapiana, da revista Consultor Jurídico, traz o Anteprojeto de Arquitetura.
O valor preliminar da licitação da obra, que ainda depende de aprovação, é de R$ 1,2 bilhão. A licitação do projeto executivo terá valor máximo de R$ 25,3 milhões. O projeto começou com a desapropriação de áreas na região da Sé, em 1975. A expectativa é inaugurar o prédio entre 2025 e 2027.
Com o novo prédio, o tribunal espera economizar R$ 52 milhões ao ano, com redução nos gastos de transporte dos desembargadores e nos aluguéis.
Hoje, o valor anual do aluguel de sete imóveis chega a R$ 37,4 milhões. O do antigo Hilton Hotel, na avenida Ipiranga, onde funciona a Seção de Direito Público, é de R$ 18,7 milhões.
Em junho, em entrevista ao Conjur, Manoel Pereira Calças disse que o novo prédio “vai mudar o centro de São Paulo”. “É a minha menina dos olhos”, disse Calças, cujo mandato termina em dezembro. Ele quer deixar o projeto pronto e aprovado para o próximo presidente.
Questionado sobre o tamanho dos gabinetes dos desembargadores, o presidente disse que “os gabinetes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal são muito maiores”.
“Essa concepção usada nos tribunais superiores é mais adequada e econômica. Hoje, no Tribunal de Justiça, cada gabinete tem quatro assessores e dois escreventes. Nada impediria que houvesse seis, oito assessores. A despesa é muito menor e ainda há investimentos na capacitação dos servidores. Pelo menos, idealmente, é isso que imagino como o futuro do Poder Judiciário”, afirmou Calças.

Caoa sela compromisso para compra da fábrica da Ford de São Bernardo do Campo, OESP


O anúncio foi feito em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na presença do governador João Doria

Tião Oliveira, O Estado de S.Paulo
03 de setembro de 2019 | 16h55
Os presidentes da Ford América Latina, Lyle Watters, e da CaoaCarlos Alberto de Oliveira Andrade, selaram na tarde desta terça-feira, 3, os entendimentos finais para a venda da fábrica da empresa norte-americana em São Bernardo do Campo (SP), no ABC Paulista, ao grupo brasileiro. O anúncio foi feito em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na presença do governador do Estado, João Doria.
A venda será feita em duas etapas, de acordo com Doria. A conclusão do negócio deverá ser feita após essa primeira fase e anunciada em até 45 dias, afirmou o governador.
ctv-ilf-caoa---ford
De acordo com Andrade, na planta de São Bernardo do Campo serão feitos veículos 'de uma marca chinesa' Foto: Rahel Patrasso/ESTADÃO
De acordo com Andrade, na planta de São Bernardo do Campo serão feitos veículos "de uma marca chinesa", sem informar qual. "Estamos negociando", afirmou.
O presidente da Caoa diz que o negócio não terá financiamento governamental. 
Caoa, Doria e Lyle
Carlos Alberto Oliveira Andrade, o Caoa (a esq), cumprimenta o governador João Doria e o presidente da Ford para a América do Sul, Lyle Watters
A produção de caminhões da Ford na fábrica do ABC será mantida até o fim de outubro. Essa é uma das regras que foram negociadas. Inicialmente, 600 dos atuais funcionários da Ford serão mantidos. 
Outros cerca de 1.500 ex-empregados da Ford que aderiram ao PDV poderão disputar 750 vagas que devem ser abertas.