Eram precisos 39 minutos de jogo em Itaquera, com 40 mil torcedores, quando Memphis Depay bateu falta na meia-lua da área do Ceará, que jamais havia vencido os alvinegros paulistas, pelo Campeonato Brasileiro, em São Paulo, e ganhava por 1 a 0, gol marcado nove minutos antes, em raro ataque que, dominados, os cearenses conseguiram armar.
Memphis ajeitou a bola com carinho só menor do dedicado por ele à seleção holandesa e bateu rasteiro, na direção do gol.
Eis que, de repente, não mais que de repente como disse o poeta, surge do nada, como assombração, a figura do zagueiro corintiano André Ramalho, que se joga no chão de costas para a bola, como se tivesse sofrido um ataque epilético, e leva uma senhora, com todo respeito, bolada no traseiro, no bumbum, na bunda. Sim, uma bolada na bunda!
Perdoe a rara leitora, talvez devesse ter escrito "derrière" porque em francês é mais chique.
Só que o Corinthians não tem feito por merecer vocabulário de salão, daí a verdade nua e crua, de botequim: abundam motivos para escolher palavreado chulo.
Se bem que dona Luiza Kfouri, educadora e chamada de Tia Luíza nos bons tempos da Escola Lourenço Castanho, mãe deste indignado jornalista que voz escreve, dizia ser bunda uma palavra linda, e crisântemo, sim, feia.
O Corinthians, saco de pancadas como visitante, perdeu pela quinta vez em casa neste Brasileirão, com quatro empates e sete vitórias, apenas 25 pontos ganhos dos 48 disputados em Itaquera.
Sem ser capaz de apresentar nem sequer uma ideia interessante de jogo, jogadas ensaiadas só as secretas, tão sigilosas a ponto de os jogadores, como os torcedores, as desconhecerem.
Dorival Júnior fracassou no Corinthians a exemplo do que aconteceu na seleção brasileira e, caso venha a vencer a Copa do Brasil, o que é altamente improvável com o Cruzeiro pela frente nas semifinais, tudo indica, terá o mesmo fim que teve no Flamengo, mesmo campeão: a porta da rua, serventia da casa.
Com a quarta folha de pagamentos do campeonato, o Corinthians está em 13º lugar e só não corre risco de rebaixamento porque há times ainda piores.
Quanto a sonhar com vaga na pré-Libertadores, convenhamos, por mais que signifique alguns trocados para saldar a dívida bilionária, melhor evitar.
Preferível será se contentar com a Copa Sul-Americana, a única que falta na sala de troféus — e, por favor, entenda que contém ironia, porque nem mesmo a segunda divisão continental é para o bico corintiano, de avestruz, mais para buraco que para pódio.
Existem no fundo do poço, ou como luz no fim do túnel sem ser um trem na contramão, apenas duas saídas para o centenário Sport Club Corinthians Paulista, segunda maior torcida do país e bicampeão mundial de clubes Fifa: a SAFiel e a possível solução negociada com a Caixa Econômica Federal para ser detentora dos direitos de botar sua marca no estádio na zona leste paulistana.
Para tanto, porém, que o Fiel não se iluda: ou pressiona, se manifesta nos jogos e exige mudanças, ou o futuro será ainda pior que o presente, uma lição de como não se administra a mina de ouro que um grupo de operários fundou e um bando de desqualificados afundou.
Salvem o Corinthians, ex-campeão dos campeões!

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