terça-feira, 2 de abril de 2019

Servidores da Assembleia de SP fazem serviço de empresa contratada por R$ 2,6 mi, FSP

José Marques
SÃO PAULO
Embora a Assembleia Legislativa de São Paulo tenha feito há mais de nove meses um contrato anual de quase R$ 2,6 milhões para uma empresa automatizar sua triagem diária de notícias, o serviço continua a ser feito manualmente por quatro funcionários da Casa.
Após um longo processo licitatório iniciado em 2017, a Boxnet Serviço de Informações Ltda assinou em 20 de junho contrato de um ano, que pode ser renovado, para expandir a chamada clipagem da Assembleia.
A clipagem é a pesquisa de notícias que mencionam os interessados —nesse caso, a Assembleia e seus deputados.
Em vez de serem monitorados 17 jornais e seis sites, como já era feito, a Boxnet expandiria o serviço para 441 órgãos de imprensa, incluindo TV e rádio.
Além disso, produziria relatórios estatísticos, serviços de alerta e avaliação da exposição da Casa, inclusive nas redes sociais. Pelo contrato, faria até workshops (oficinas) a funcionários da Casa sobre o seu sistema.
Só que, nove meses depois, o serviço ainda não foi nem instalado nos gabinetes de deputados, que continuam a receber o antigo clipping de informações feito por funcionários do Legislativo.
Gabinetes de parlamentares —de reeleitos e novatos, de aliados e opositores do presidente Cauê Macris (PSDB)— disseram à Folha que não recebem as clipagens ou relatórios do serviço.
Desde o contrato, mais de metade dos 94 deputados não se reelegeu e uma nova legislatura foi empossada.
Procurada, a Assembleia afirma em nota que "assim que o sistema estiver instalado em 100% dos gabinetes, a clipagem realizada pelo Departamento de Comunicação será descontinuada". A previsão atual é que ainda em abril isso aconteça.
A Boxnet diz que presta o serviço para a Assembleia desde a contratação.
O pregão eletrônico que levou à contratação da firma se iniciou em setembro de 2017, durante a presidência de Macris, e só foi encerrado em abril de 2018.
O edital previa um "sistema de captura de dados e informações com gestão e controle por plataforma modular de gestão da informação", incluindo licenciamento, suporte, treinamento, serviço de sustentação operacional e integrações diversas.
Durante os sete meses do pregão, duas outras empresas venceram a concorrência, mas acabaram reprovadas posteriormente.
A primeira após um recurso da Boxnet: a mesa acatou o pedido da empresa contra a vencedora, que não era especializada em clipagem. Outra caiu porque não passou no teste de comprovação da eficácia dos seus serviços.
Por fim, a Boxnet acabou contratada por R$ 2,58 milhões. A empresa já presta serviços para a Prefeitura de São Paulo (em contrato de R$ 1,4 milhões) e para o Governo de São Paulo (R$ 7 milhões, para as secretarias da Casa Civil, Pessoa com Deficiência, Fazenda e Cultura).
Ela tem polêmicas em seu histórico: durante a reeleição de Gilberto Kassab (então DEM, hoje PSD) à Prefeitura de São Paulo, em 2008, monitorou adversários de campanha apesar de ser paga com dinheiro da prefeitura.
 
À época, o diretor da Boxnet, Décio Paes Manso, disse que o serviço buscava entre 400 e 500 palavras-chave e não distinguia fatos relacionados à campanha ou não.
Procurado, o Departamento de Comunicação da Assembleia afirma em nota que "foi contratada a empresa que ofereceu melhor preço e comprovou a capacidade técnica de executar os serviços, por meio de aplicação de prova objetiva".
"Os serviços são auditados pelo Departamento de Comunicação, com o recebimento de relatórios mensais das matérias que dizem respeito à Assembleia e ainda informações estatísticas sobre as redes sociais do Poder Legislativo", diz a nota.
Ainda afirma que a clipagem dos servidores, que não inclui rádio/TV e não atua os finais de semana, "tem capacidade significativamente reduzida de captação de meios de comunicação do estado".
"O serviço será descontinuado ainda neste início de abril, quando 100% dos gabinetes estarão operando plenamente com o sistema." 
A Boxnet diz que desde a contratação fornece à Diretoria de Comunicação da Assembleia clipping geral, em plataforma digital, para acompanhamento da cobertura de imprensa de SP e nacional. As informações, diz, se referem ao institucional da Casa.
"Tudo se faz via prestação de relatórios de medição e entregas que fazem parte da comprovação do serviço e liberação de autorização de ordem de pagamento."
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segunda-feira, 1 de abril de 2019

Nota Monica Bergamo, Coluna FSP

NA TELA 

A Câmara Municipal de São Paulo prorrogou por mais três meses o contrato firmado com a Fundação Padre Anchieta (FPA), que cuida da TV Cultura, para que esta administre a equipe e o conteúdo da TV Câmara. O valor do aditamento foi de 
R$ 3.330.172,98. ​

Com cortes da Vale, exportação de minério tem menor volume em 6 anos, FSP

Brasil registrou queda de 25,9% em comparação ao mesmo mês de 2018

SÃO PAULO
    As exportações de minério de ferro do Brasil em março caíram 25,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 22,18 milhões de toneladas, o menor volume mensal em seis anos, diante de cortes de produção pela mineradora Vale, maior produtora global da commodity.
    Os dados divulgados nesta segunda-feira (1º) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmam tendência de perda de ritmo nos embarques verificada em meados de março, após crescerem em fevereiro, antes de os desdobramentos da tragédia com a barragem da Vale em Brumadinho (MG) apresentarem seus efeitos.
    Logo da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais
    Logo da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais - Adriano Machado/Reuters
    Na semana passada, a Vale informou que poderá vender até 75 milhões de toneladas a menos do que o programado em 2019, ou 20% menos do que o previsto neste ano, uma vez que tem atualmente cerca de 93 milhões de toneladas/ano de capacidade de produção congelada, por iniciativa própria ou determinação de autoridades.
    Os cortes da Vale ocorrem enquanto há um aumento das exigências de segurança em estruturas para armazenar rejeitos de minério após o rompimento da barragem em Minas Gerais, em 25 de janeiro.
    A Vale responde pela grande maioria do minério de ferro exportado pelo Brasil, que tem no produto um dos principais da sua pauta de exportação.
    Apesar da queda no total embarcado, o preço do minério de ferro exportado pelo país subiu 11,6% ante o mesmo período do ano passado, para US$ 62,5 por tonelada, limitando uma perda maior no faturamento com as exportações.
    A exportação de minério de ferro rendeu ao país em março US$ 1,39 bilhão, queda de cerca de 17% ante o mesmo mês do ano passado.
    A alta nos preços do minério de ferro tem ajudado a sustentar as ações da Vale, apesar de uma queda nos volumes previstos pela própria companhia.
    A ação da Vale subia mais de 3% nesta tarde, na esteira do preço do minério de ferro negociado na China, que atingiu uma máxima de sete semanas nesta segunda-feira.
    Em parte de março, além dos cortes já anunciados de capacidade produtiva, a Vale sofreu os efeitos da interdição do terminal portuário de minério de ferro na Ilha da Guaíba, pela Prefeitura de Mangaratiba (RJ), que citou problemas de poluição. O terminal, que tem exportado cerca de 40 milhões de toneladas ao ano, já voltou a operar.