terça-feira, 11 de dezembro de 2012


O muro vai cair
Governo vai construir ciclopassarela ligando a USP ao parque Villa-Lobos; custo estimado é de R$ 80 milhões
JAIRO MARQUESDE SÃO PAULO
Uma "ciclopassarela" ligando a Cidade Universitária, nas imediações da raia olímpica, ao parque Villa-Lobos, na zona oeste, deve ser anunciada nos próximos dias pelo governo de São Paulo.
A iniciativa é parte de um megaprojeto para revitalizar as marginais de São Paulo.
Para ser construída, a obra vai exigir que se derrube os 2,3 km de muro, erguidos na década de 1960 para evitar invasões e risco aos usuários da área. Ainda não foi definido o que irá ocupar o lugar: grades ou outro tipo de material.
As obras de revitalização naquela região, que devem começar no início do ano que vem, vão demorar pelo menos dois anos para serem concluídas.
INTEGRAÇÃO
A intenção do projeto é que a "ciclopassarela" se integre à ciclovia que já existe ao longo dos trilhos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Parte dos investimentos feitos deve vir de financiamento do Banco Mundial. As conversas sobre um possível convênio estão em curso, segundo informações do órgão internacional.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ainda acerta os último detalhes do projeto para oficializar a divulgação do início das obras.
A previsão é que a "ciclopassarela" atenda, somente nos finais de semana, cerca de 50 mil pessoas.
A ideia é que a instalação urbana permita o trânsito, de um lado a outro da marginal, de pedestres e ciclistas que frequentam o parque e a Cidade Universitária.
O investimento inicial previsto para a remodelagem da área é de R$ 80 milhões.
RÚSTICO
Há cerca de três anos, Andrea Matarazzo (PSDB), então secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo e eleito vereador para o próximo mandato, tinha apresentado um projeto para acabar com o muro da Cidade Universitária que, segundo ele, prejudicava a imagem da cidade devido o seu aspecto rústico.
A motivação de Matarazzo era que o muro do Jockey Club de São Paulo, nas proximidades da ponte Euzébio Matozo, também fosse derrubado, mas isso não foi confirmado, por enquanto, no atual projeto do governo.

Vício, Francisco Daudt


11/12/2012 - 04h32


Afinal, quando é que os cientistas vão inventar a pílula da moderação? Incentivo é o que não lhes falta, pois quem descobrir sua fórmula vai se tornar multibilionário instantaneamente. Até lá, o único remédio que dispomos para combater o vício é a medieval abstinência.
Buscando uma definição para vício, pesquisadores de Harvard acompanharam um grupo aleatório de quatrocentos alunos, e, ao fim de SESSENTA ANOS, publicaram suas conclusões: é vício a atividade compulsiva que resulta em fazer merda repetitivamente, sobretudo para si, envolva ou não terceiros (eles que me desculpem pela concisão).
A base do vício é algo que produza algum barato instantâneo. Não é exclusividade da nossa espécie. Vários mamíferos africanos se embriagam com o fruto fermentado da marula, enquanto os haja (divirta-se no Youtube vendo "drunk from marula"). Mas a nossa é uma espécie desmesurada e excessiva por natureza, particularmente propensa a se viciar. Principalmente com:
1. entorpecentes/excitantes (álcool, tabaco, cafeína, cocaína, maconha etc.);
2. causadores de intensidade/adrenalina (paixão, sedução, sexo, jogo, riscos diversos, sadomasoquismo etc.);
3. engordativos (carboidratos com gordura).
Estes últimos são uma praga de tão bons. Pão com manteiga deve estar entre as dez maiores invenções da humanidade. Mas entendê-lo é fácil. Nossos genes são herdeiros dos que tiveram prazer com essa combinação na savana africana. Acumulavam reservas para os tempos de vacas magras (é uma metáfora, não um insulto). Nunca imaginaram que ela seria tão disponível, seja nas padarias, seja nos fast-foods, daí a epidemia de obesidade.
Já o sadomasoquismo me fascina pela complexidade. E não estou falando de tons de cinza, mas das formas viciantes e sutis do s&m, a mais comum delas aquilo que chamei, num livro, de "jogo fodão-merda", que chega a ser um estilo de vida apreciado nos Estados Unidos (lá chamado de winner-loser). Consiste em se estar obsessivamente preocupado em ser fodão/winner, e apavorado de virar merda/loser. Como subproduto desta preocupação, vem a atividade s&m em si: o merda se sente fodão se humilhar alguém, se conseguir fazer alguém mais por perto se sentir merda. Olhe em torno. Quantos casais conhecidos seus vêm jogando esta droga há anos? O pior é que o s&m produz mais bodas de ouro do que o amor, e não se cura com separação. Quantos chefes inseguros se valem deste expediente para afastar o fantasma da merda? Quantos alunos imbecis o usam (como bullying) para momentaneamente se sentirem superiores aos nerds?
Não conheço vício mais comum. É um fenômeno sociológico de larga escala, tornando-se epidêmico, sem respeitar etnia (!), religião (!), classe social ou gênero.
É verdade que ele é mais encontradiço em quem não está "na sua" e vive preocupado com a opinião alheia. Momentos frágeis da vida (adolescência, afirmação profissional) nos deixam vulneráveis ao jogo.
Há quem ache que "isso é a vida". Mas no Japão, adolescentes se suicidam por ele. Eu o considero um problema de saúde pública.
Francisco Daudt
Francisco Daudt, psicanalista e médico, é autor de "Onde Foi Que Eu Acertei?", entre outros livros. Escreve às terças, a cada duas semanas, na versão impressa do caderno "Cotidiano".

    Nota fiscal vai ter que mostrar peso dos tributos a partir de junho de 2013


    11/12/2012 - 06h00


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    FERNANDA ODILLA
    DE BRASÍLIA
    A partir de junho de 2013, o consumidor será informado sobre o peso de impostos embutido no preço final de cada produto e serviço comprado no Brasil.
    A informação terá de ser discriminada nas notas ou nos cupons fiscais de venda e também poderá ser divulgada em painéis dispostos nos estabelecimentos.
    A nova determinação está prevista em lei aprovada no Congresso e sancionada pela presidente Dilma Rousseff.
    No total, a legislação cita sete tributos que devem ter seu valor informado -seja em termos percentuais, seja em valor nominal-, além da contribuição previdenciária e dos impostos incidentes sobre as importações.
    O texto, contudo, não deixa claro se haverá a obrigação de discriminar o peso de cada tributo individualmente ou apenas apresentar o valor total de tributos federais, estaduais e municipais que incidem sobre o bem. A Receita informou que a lei ainda será regulamentada.
    As empresas terão seis meses para se adequarem às novas regras. A partir daí, quem descumprir a lei pode ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, que prevê multa, suspensão da atividade e até cassação da licença de funcionamento.
    Diante da necessidade de adequar seus sistemas para emitir os tributos nas notas e cupons fiscais, as empresas aguardam regulamentação do governo, que pode ser feita por meio de decreto presidencial ou instrução normativa, para saber exatamente como os tributos serão divulgados ao consumidor.
    Especialistas defendem a divulgação da lista somente em cartazes para minimizar o trabalho nas empresas.
    "Ainda que seja louvável o intuito, o imposto na nota representa mais burocracia para as empresas", afirma o advogado tributarista Maucir Fregonesi Junior.
    Editoria de Arte/Folhapress