Bitucas de cigarro jogadas no chão são uma praga ambiental. Mesmo pessoas que costumam cuidar de seu lixo se liberam tranquilamente para lançar suas baganas em qualquer lugar, como se fosse um mal menor. Seja nas grandes cidades, seja nas pequenas, esse comportamento se repete. É algo universal. Há uma inconsciência geral sobre o problema e sobre suas consequências para a natureza.
Mundialmente, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), existem 1,6 bilhão de fumantes e, de acordo com a ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho), cada um deles joga, em média, 7,7 bitucas por dia nas ruas.
Isso significa que 12,3 bilhões de guimbas são descartadas todos os dias emporcalhando as cidades e mostrando que a maioria dos tabagistas é irresponsável e desleixada.
No Brasil, o ato de jogar bitucas nas vias públicas se naturalizou. Por aqui, segundo a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), de 2019, há 26,9 milhões de fumantes, 12,6% da população, o que representa sete pontos percentuais a menos do que a média mundial. Mas considerando as 7,7 baganas lançadas por fumante todos os dias chega-se ao estratosférico número de 207,1 milhões. Desse total, cerca de 13,8 milhões sujam o município de São Paulo.
Basta andar pelas ruas para constatar que a situação é grave. Elas estão em toda parte, principalmente diante de bares e lugares de grande aglomeração onde não há cinzeiros disponíveis para os fumantes.
É bom saber que o tempo de degradação de um filtro jogado no asfalto ou num canteiro é de até dez anos. A maioria deles é feita de acetato de celulose, material de difícil degradação.
Outro problema é que o cigarro contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas, incluindo nicotina, monóxido de carbono, amônia, arsênico, pólvora, solventes como benzeno e metais pesados como acetato de chumbo, cádmio e níquel, entre outros.
Os filtros de cigarro contaminam o solo e também córregos, rios e mares. Em termos de impacto ambiental sobre as águas e a vida aquática ele é tão destrutivo como sacolas e canudos de plástico, podendo causar intoxicação ou a morte de peixes, tartarugas e aves.
Durante as estações secas, segundo informações da Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) do governo do estado de São Paulo, as bitucas se transformam num risco sério e imediato. Lançadas inadvertidamente nas estradas são capazes de causar acidentes de grandes proporções e muitos prejuízos financeiros.
As baganas acesas são uma das principais causas de incêndios florestais, que destroem a vegetação e, por causa da fumaça, reduzem a segurança dos motoristas em locais próximos das vias de rodagem. "É importante conscientizar a população sobre os riscos envolvidos", diz a Semil.
Não bastasse esse malefícios, as bitucas vão para nos bueiros e também causam obstrução dos sistemas de drenagem e favorecem o alagamento de áreas urbanas. Sem contar que agravam a poluição visual e podem expor as pessoas, em especial as crianças, a substâncias químicas nocivas.
A lista de danos causados por um simples lançamento de uma bagana na rua é extensa. Para combater o problema o primeiro passo é uma campanha de educação para conscientizar os fumantes de que eles devem apagá-la e colocá-la num recipiente ou no próprio maço de cigarro até encontrar uma lixeira ou um cinzeiro disponível.
Estabelecimentos comerciais também deveriam manter sempre cinzeiros na calçada para que os transeuntes tenham onde colocá-las. Finalmente, é fundamental a manutenção de políticas antitabagistas, o que fará com que a quantidade de fumantes e de filtros descartados diminuam. Parar de jogar bitucas na rua é uma questão de consciência e civilidade. Além disso, serve para diminuir bastante o trabalho dos garis.
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