domingo, 22 de setembro de 2024

Operação de Israel com explosão de pagers teve uma essência terrorista, Elio Gaspari, FSP

 Os serviços de inteligência de Israel falharam miseravelmente em outubro do ano passado, quando o Hamas atacou o país. Daí a subestimá-los, é mau negócio.

O Hezbollah do Líbano comprou pagers e walkie-talkies que começaram a explodir, matando e ferindo centenas de pessoas.

Membros do exército libanês próximo ao local no qual ocorreu algumas das explosões de pagers - Taher Abu Hamdan/Xinhua

A operação teve uma essência terrorista. Morreram pessoas que não sabiam da origem dos aparelhos e também outras que estavam apenas por perto.

Durante a ditadura, quando o Brasil teve um programa nuclear secreto (e mambembe) com a ditadura de Saddam Hussein no Iraque, os israelenses teriam sido finíssimos. Segundo um ministro contou à época, caixas de equipamentos fabricados na França chegaram a Bagdá contendo também exemplares do Velho Testamento.

O programa era tão mambembe que Saddam Hussein, falando de um empresário paulista a um embaixador brasileiro, disse-lhe: "Por favor, diga a ele para não vir aqui para oferecer o que vocês não têm" (era o projeto de uma bomba atômica).

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Essa operação resultou na morte de um jornalista brasileiro, assassinado em 1982 por brasileiros, junto com a mulher e um barqueiro. O casal passeava no mar do Rio.

Alexandre von Baumgarten escrevia um livro sobre a transação nuclear com o Iraque. Chamava-se "Yellow Cake", nome de um pó de urânio natural.

Como havia um toque de trapalhada nas operações secretas da ditadura, sua mulher, o barqueiro e até o barco sumiram, mas o cadáver de Baumgarten acabou batendo numa praia. Ele estava sentado na borda da lancha quando foi baleado e caiu no mar. Afundou e apareceu dias depois, com duas balas no corpo.

A GRANDE PAMELA

Saiu nos Estados Unidos mais uma biografia de Pamela Harriman. Chama-se "Kingmaker" e conta a vida dessa grande mulher. Ela morreu em 1997, aos 76 anos, depois de sofrer um AVC enquanto nadava (sem molhar o cabelo) na piscina coberta do hotel Ritz de Paris.

Pamela era embaixadora dos Estados Unidos na França, nomeada pelo presidente Bill Clinton. Anos antes, quando ele era um gorducho provinciano do Arkansas e havia perdido a reeleição para governar seu estado, sentia-se um caco. Ela o apresentou às pessoas certas de Washington, Clinton ganhou a eleição seguinte no Arkansas e acabou na Casa Branca.

Ela havia montado um fundo de arrecadações apelidado de PamPac que refrescou campanhas democratas pelo país afora, inclusive de outro que estava na pior e chamava-se Joe Biden.

A autora, Sonia Purnell, tentou sair do estereótipo da cortesã. Os homens passavam pela vida de Pamela e saíam maiores. O grande exemplo foi Gianni (Fiat) Agnelli, que entrou como um playboy italiano e saiu como o grão-senhor internacional que era.

Pamela nasceu Digby, filha de um baronete inglês. Casou-se com o filho (chato e bêbado) de Winston Churchill. Num século em que homens colecionavam namoradas, ela colecionou namorados. Purnell calcula-os na casa da centena. Um dos últimos pode ter sido o guarda-vidas da piscina do Ritz.

Purnell mostra que Pamela era uma mulher forte, sabia o que queria e gostava do andar de cima onde vivia. Tomou chá com Adolf Hitler e foi amiga de Mikhail Gorbachov.

Pamela foi Churchill, mas morreu como Pamela Harriman, viúva do ícone americano Averell Harriman. Apelidado de Crocodilo, ele nasceu milionário, foi o homem do presidente Franklin Roosevelt em Londres nos primeiros anos da Segunda Guerra (quando começou a namorar Pamela, nora do primeiro-ministro). Reencontraram-se em 1971 e casaram-se meses depois.

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