quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Hélio Schwartsman Sem edição, FSP

 Para que servem debates entre candidatos a cargos políticos? Na visão clássica ingênua, seria uma oportunidade para os postulantes apresentarem suas propostas. O eleitor poderia então compará-las e decidir quem merece seu voto.

No mundo real, esse esquema nunca funcionou muito bem. São raríssimos os cidadãos que definem seu sufrágio de modo puramente racional a partir da comparação de propostas. Na prática, o que mais pesa são dinâmicas emocionais, como preferências prévias consolidadas, influência de pessoas próximas e simpatias e antipatias instantâneas, não raro com base em elementos que deveriam ser irrelevantes para a política, a exemplo da aparência.

Montagem mostra os candidatos à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) durante debate na Band - Bruno Santos/Folhapress

Um assustador estudo americano mostrou que voluntários conseguiam apontar com 68% de sucesso o vencedor de disputas para o Senado apenas olhando por um segundo para fotos dos concorrentes e indicando aquele com aparência mais "senatorial".

Ainda que não pelas razões clássicas, debates têm utilidade na arena pública. Eles colocam os candidatos em situações de mundo real não inteiramente controladas por seus marqueteiros. É uma oportunidade para o eleitor vislumbrar o postulante despido das intervenções editoriais que normalmente o acompanham.

Nesse contexto, os debates entre candidatos à prefeitura paulistana cumpriram seu papel, apesar ou talvez até por causa dos seguidos episódios de violência que os marcaram.

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José Luiz Datenaautor da cadeirada em Pablo Marçal, mostrou a todos o seu despreparo para exercer o cargo. O recurso à força física, afinal, pode ser visto como uma espécie de negação da política, que existe justamente para prevenir a violência na disputa do poder.

Já as incessantes provocações de Marçal contra tudo e contra todos e sua incapacidade aparentemente atávica de seguir as regras acordadas, que ficaram patentes nos encontros, ajudaram a fazer com que sua rejeição atingisse níveis que praticamente o inviabilizam como candidato.

Não é porque o voto não é racional que o eleitorado sempre erra, embora erre muito.


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