Não acompanho a carreira de Gusttavo Lima nem sou exatamente uma fã. Tudo o que eu me lembro é que cantei "tche-tche-re-re-tche-tche" numa viagem de carro de forma muito entusiasmada, lá pelos idos de 2011.
Mas, como vivemos nas mesmas redes e consumimos informação o dia inteiro, acompanhei várias notícias sobre o cantor nos últimos anos, nem sempre sobre sua vida musical.
A primeira, do dia 26 de maio de 2022, dizia que o Ministério Público do estado de Roraima estava investigando a prefeitura de um município de pouco mais de 8.000 habitantes, que fez um contrato de R$ 800 mil para um show de Gusttavo Lima.
A segunda, publicada no dia seguinte, era sobre um possível desvio de verba de uma prefeitura mineira para pagar um cachê de mais de R$ 1 milhão para o cantor. À época, o artista alegou não pactuar com ilegalidades e que não era seu papel "fiscalizar as contas públicas".
Corta para fevereiro desse ano. Li uma matéria do UOL, intitulada "Cachê milionário, 'CPI do sertanejo': Gusttavo Lima teve shows investigados" que trazia a informação de que a Justiça havia cancelado um show de Gusttavo Lima numa cidade da Bahia, afirmando que o cachê do sertanejo, de R$ 1,3 milhão, correspondia a um gasto superior ao do orçamento de toda a Secretaria Municipal de Cultura. Ao falar da "CPI do sertanejo", a matéria lembra que o nome mais citado nos contratos investigados era justamente o de Gusttavo Lima.
Por conta dessas investigações em maio de 2022, o artista chorou numa live do Instagram e ameaçou "jogar a toalha" por estar "sendo tratado como se fosse um criminoso, um bandido". Enxugadas as lágrimas, ele seguiu sua carreira normalmente.
Eis que chegou o dia 3 setembro e o sertanejo, que costuma ostentar mansões, fazendas, carros se luxo, barcos e aviões, decidiu comemorar a chegada de seus 35 anos com um seleto grupo de amigos na ilha grega de Mykonos, a bordo de um megaiate cujas diárias equivalem a R$ 1,2 milhão. Em seu discurso, Gusttavo, que teria um patrimônio avaliado em R$ 1 bilhão, aconselhou a todos a "não ser escravo do dinheiro".
Curiosamente, o inferno astral de Gusttavo não terminou com seu aniversário. Enquanto ele continuava suas celebrações na Grécia, na manhã de 4 de setembro, um avião registrado em nome de uma empresa do cantor foi apreendido pela Polícia Civil, como parte da Operação Integration, contra uma organização criminosa ligada a jogos ilegais e lavagem de dinheiro, que já movimentou mais de 3 bilhões. A mesma operação que prendeu a influenciadora Deolane Bezerra —nesta segunda (23), a Justiça ordenou que ela fosse solta.
Gusttavo voltou para o Brasil, a família foi para sua mansão em Miami. Ele fez seus shows, foi para o Rock in Rio e viajou para encontrar Andressa e os filhos. Assim, quando chegou a notícia bombástica de que a Justiça de Pernambuco determinou a prisão preventiva de Nivaldo Batista Lima (nome verdadeiro do artista), ele já estava em solo americano.
Nivaldo/Gusttavo é suspeito de ter dado guarida a duas pessoas investigadas, de ocultar cerca de R$ 10 milhões ligados a jogos ilegais (bets) e de receber R$ 22 milhões pela venda de um avião de uma empresa investigada. A defesa do cantor nega todas as acusações e diz que ele é inocente.
Não sei o que vai acontecer agora, mas pretendo acompanhar todas as notícias. Para mim, a coisa mais importante é a verdade. Porque ninguém aguenta mais ser enganado, ser feito de trouxa. Ninguém aguenta mais ver o povo se afundando em joguinhos viciantes e viciados, que levam famílias ao desespero. Ninguém aguenta mais mentiras, fake news, nem dinheiro que compra tudo.
É hora de saber se as lágrimas que ele chorou na live ao dizer que estava sendo "injustamente tratado como um bandido" eram merecidas ou não.
Que a verdade prevaleça.
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