segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Mercadante elogia governo Lula durante evento com Tarcísio no Rodoanel Norte e ouve vaias, OESP

 

Foto do autor Geovani Bucci
Foto do autor Juliano  Galisi
Atualização: 

‘Enterro’ de candidatura de Tarcísio após pesquisa é exagero, mas tempo joga contra o governador

Capa do video - ‘Enterro’ de candidatura de Tarcísio após pesquisa é exagero, mas tempo joga contra o governador

Indicadores apontam que Tarcísio ainda pode ser mais competitivo que Flávio, mas prazo para reverter desconhecimento e convencer ex-presidente é apertado. Crédito: Fotografia e edição: Júlia Pereira

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)Aloizio Mercadante, elogiou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um evento com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e foi vaiado pelos presentes.

Mercadante participou da cerimônia de entrega do primeiro trecho do Rodoanel Norte em Arujá, na Grande São Paulo, na manhã desta segunda-feira, 22. Após dizer que as obras do trecho foram uma oportunidade de emprego aos operários que estavam com a carteira de trabalho “pegando poeira dentro da gaveta”, passou a elogiar os indicadores econômicos do governo federal, como a taxa de desemprego, que está no piso histórico.

Para você

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“Brigar com os fatos não resolve”, disse o ex-ministro de outras gestões petistas. “Se a gente não trabalhar em parceria, o País não avança na velocidade que deveria avançar”.

Durante sua fala, o presidente do BNDES reclamou da falta de menção ao banco na placa do governo estadual. Segundo ele, um terço do investimento foi feito pelo banco público.

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Ao discursar no evento, Tarcísio elogiou o papel do banco no andamento das obras. “O BNDES tem sido fundamental no financiamento das grandes obras”, disse o governador.

Por outro lado, ao falar sobre a entrega no atraso do trecho, Tarcísio afirmou que a obra ficou parada por causa da corrupção e da Operação Lava Jato. “Nós enfrentamos aqui e nós vimos aqui a Operação Lava Jato daqueles governos que se acostumaram a viver na corrupção”, disse Tarcísio.

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Também em tom elogioso, Tarcísio exaltou o ex-presidente Jair Bolsonaro ao destacar a concessão da Rodovia Presidente Dutra. Segundo o governador, o projeto resultou em aplicação das faixas, melhorias na Serra das Araras e maior capacidade da via.

Novo trecho do Rodoanel terá tráfego liberado nesta terça

Com 24 quilômetros, o novo trecho do Rodoanel será liberado ao tráfego na terça-feira, 23. Ele vai do km 129 ao km 153 e ligará as rodovias Fernão Dias e Presidente Dutra, com conexão ao trecho Leste do próprio Rodoanel, na altura da Rodovia Ayrton Senna.

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A retomada do empreendimento ocorreu em 2023, após o leilão que concedeu a rodovia à empresa Via Appia. Pelo contrato, a concessionária será responsável pela administração do Rodoanel Norte por 31 anos e deverá investir R$ 2 bilhões para a conclusão das obras.

Está previsto que o segundo trecho seja entregue no segundo semestre de 2026.

Além de Mercadante, compareceram o vice-governador do Estado, Felício Ramuth (PSD), o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Horizonte perdido, Helio Schwartsman, FSP

 Um dos problemas da democracia é o desencontro temporal. Políticos, que dependem de eleições periódicas para manter-se no poder, pensam e agem em lapsos temporais de quatro anos. Até funciona para algumas coisas, mas não para tudo. Não são poucas as obrigações do poder público que cobram planejamento e execução em horizontes bem mais dilatados.

O exemplo clássico é o saneamento. O Brasil amarga índices vexatórios de baixa cobertura, entre outras razões, porque construir rede de água e esgoto é um processo lento, caro e que envolve obras debaixo da terra, isto é, de pouca visibilidade. Pior, os benefícios do saneamento, que se medem em redução da mortalidade infantil, melhora da saúde pública, do desempenho escolar, da produtividade e da qualidade de vida, embora transparentes para a ciência, não são tão óbvios para o eleitor. Pouca gente associa o destino de dejetos a esses indicadores sociais.

A imagem mostra uma praça ampla com um monumento em forma de torre à esquerda, que possui um design angular e é feito de concreto. Ao fundo, há dois edifícios modernos, um deles com uma fachada espelhada. O céu está nublado, com nuvens escuras, e há algumas palmeiras na área. O piso da praça é de pedras claras dispostas em um padrão quadrado.
Praça dos Três Poderes, na região central de Brasília - Pedro Ladeira - 25.abr.25/Folhapress

A estabilidade monetária é outra área em que a diferença de perspectivas pode custar caro ao país. Torrar dinheiro público para assegurar a reeleição é sempre uma tentação. Não é difícil empurrar a conta para administrações futuras. Dirigentes petistas juntam esse apetite natural de políticos com a crença pouco razoável de que equilíbrio fiscal não passa de uma cortina de fumaça da Faria Lima para sacanear os pobres e promovem gastanças pantagruélicas. Ao que tudo indica, a atual gestão de Lula acrescentará nada menos do quer dez pontos percentuais à dívida pública, que ultrapassará os 80% do PIB.

Para tentar conter as pressões inflacionárias decorrentes dessa política, o BC nomeado pelo próprio Lula vem prolongando a vigência da Selic em assustadores 15%. Com uma mão, o petista oferece bondades a pobres e outros grupos que podem ajudar a reelegê-lo e, com a outra, patrocina um formidável programa de transferência de renda para os ricos.

A conta ficaria mais barata e menos contraditória se políticos fossem menos imediatistas e se dobrassem aos interesses de longo prazo do país.

Alvaro Costa e Silva - Devassa na política fluminense deixa Flávio Bolsonaro em pânico, FSP

 

"Cherchez la femme" é uma expressão popularizada por Alexandre Dumas no romance "Os Moicanos de Paris", de 1854, significando que, para resolver um crime, deve-se procurar a mulher. Menos misógina, "follow the money" (siga o dinheiro) é o resumo do caso Watergate, na década de 1970. Hoje a dica óbvia é quebrar a senha do celular.

O vício de usar o aparelho é tão irresistível que o bandido —seja um pé de chinelo ou um engravatado— sabe que vai se comprometer, produzindo provas contra si mesmo, mas não resiste à compulsão de teclar com os polegares.

Homem de camisa azul clara e óculos sentado em escritório, gesticulando com as mãos. Ao fundo, quadro desfocado com imagem de pessoa e bandeira.
O senador Flavio Bolsonaro durante entrevista à Reuters em seu gabinete, em Brasília - Adriano Machado - 19.dez.25/Reuters

Um caso célebre é o do tenente-coronel Mauro Cid, cujo celular foi apreendido em 2023 durante a operação da Polícia Federal sobre a inclusão de dados falsos no cartão de vacina de Bolsonaro. A investigação acabou arquivada, mas o conteúdo do aparelho de Cid foi mais importante para elucidar a trama golpista do que a própria delação premiada do ajudante de ordens.

A prisão em setembro do então deputado TH Joias, aliado do governador Cláudio Castro, sob a acusação de negociar armas com o Comando Vermelho, puxou um fio de conversas que jogam o Legislativo e o Judiciário fluminenses no centro da atual devassa que liga a elite política ao crime organizado.

Antes de ser preso, TH Joias limpou seus aparelhos, mas usou um novo para conversar com o ex-presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. A partir de dados encontrados em três celulares de Bacellar, a PF prendeu o desembargador Macário Júdice Neto por obstrução de investigação e violação de sigilo funcional.

A troca de mensagens entre Bacellar e Macário é uma fofura: "Te amo", "Sou teu fã", "Saudade de falar com o amigo". Agora são os celulares do desembargador, já desbloqueados, que vão falar.

Um dos alvos da operação Unha e Carne é Gutemberg de Paula Fonseca, secretário estadual e homem de confiança de Flávio Bolsonaro. Nos corredores do Palácio Guanabara dizem que Gutemberg manda mais do que Cláudio Castro. A pré-campanha presidencial do filho 01 está em pânico.