quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Solange Srour - Futuro da recuperação tende a ser mais incerto do que o usual, FSP

 A retomada da atividade global até a primeira metade deste ano foi muito mais rápida e forte do que o esperado há um ano e meio. Políticas fiscais e monetárias extremamente expansionistas, aliadas à produção de vacinas eficazes, permitiram que o mundo saísse rapidamente da recessão. No entanto, o mundo não estava preparado para uma pandemia, assim como parece não estar preparado para os novos desafios que estão sendo postos, cujas implicações podem surpreender. O futuro da recuperação tende a ser mais incerto do que o usual.

De um lado, o processo de convergência da renda dos países emergentes para o nível dos desenvolvidos corre sério risco de ser interrompido. Até o fim de setembro, 58% da população de países de alta renda estava totalmente vacinada, ante 36% nas economias emergentes e 4% nos países de baixa renda. Enquanto a vacinação permanecer tão díspar, o risco de novas variantes não será pequeno.

Em seu último World Economic Outlook, o FMI previu que o crescimento econômico global ficará em 5,9% neste ano e 4,9% no próximo. Entretanto, com exceção dos EUA, cuja produção em 2024 deve ser 2,8 pontos percentuais maior do que o previsto em janeiro de 2020, grande parte do mundo ainda estará bem atrás. Nas economias emergentes asiáticas (excluindo a China) estima-se que a produção seja 9,4 pontos percentuais menor na mesma base de comparação. A projeção é de redução de 5 pontos percentuais na América Latina, 2,1 na China e 2,3 no mundo. Quanto mais os países emergentes ficarem para trás, maiores serão as chances de o mundo ter de enfrentar fluxos imigratórios, instabilidade financeira e ameaças geopolíticas.

De outro lado, a Covid também aumentou as disparidades dentro dos países ao afetar desproporcionalmente as pessoas mais vulneráveis. Tanto nas economias de alta renda quanto nas emergentes, as maiores perdas de emprego foram vistas entre os jovens, as mulheres e os trabalhadores de baixa qualificação. As crianças —particularmente as mais pobres— sofreram com as interrupções em seus estudos. A produtividade de médio prazo ficou comprometida. No curto prazo, a desigualdade social foi agravada pela adoção de tecnologias e do trabalho remoto, o que aumentou justamente a empregabilidade dos mais qualificados.

Apesar de toda recuperação a que temos assistido, o emprego permanece abaixo do nível pré-pandemia em todos os países. O mais intrigante é que, mesmo nos países onde a retomada tem sido mais intensa, o nível de emprego não responde ao crescimento das vagas ofertadas. Apesar do fim de estímulos fiscais que aumentaram diretamente a renda disponível dos trabalhadores que estavam deslocados do mercado de trabalho, o retorno destes tem sido lento, gerando pressões salariais em segmentos específicos. Nos países avançados, encontrar caminhoneiros, entregadores de pizza e garçons para preencher vagas em aberto tem sido uma tarefa árdua, o que tem causando pressões salariais não desprezíveis.

Tudo isso vem ocorrendo em um ambiente de alta inflação, com traços mais persistentes do que transitórios. É fato que grande parte da inflação global é explicada pelo aumento generalizado dos preços das commodities —e agora, mais notadamente, do petróleo e do gás. As quebras nas cadeias produtivas de diversos insumos não deveriam ser tão surpreendentes, dada a escala da desaceleração da atividade em 2020. Mas ainda que boa parte da produção já esteja reestabelecida, as pressões por aumentos de preços continuam significantes, indicando que provavelmente a demanda global por certos produtos será estruturalmente mais alta, como a da indústria de chips.

Ao mesmo tempo, a China, que sempre foi exportadora de deflação para o mundo em virtude de seus produtos mais baratos, tem enfrentado interrupções frequentes na transmissão de energia devido à oferta insuficiente de carvão. Tudo indica que a transição para a energia verde será mais lenta e custosa do que o previsto.

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Há preocupação de que, por um lado, a alta da inflação afete as expectativas de médio prazo, tornando o seu controle mais difícil, e, por outro, reduza a renda real dos trabalhadores menos afortunados, causando uma perda significativa de seu poder de compra. Este seria o cenário de estagflação, um verdadeiro pesadelo para os bancos centrais.

O desenrolar da pandemia trouxe desafios novos, mas que podem ser parcialmente tratados com políticas já conhecidas. É urgente que o mundo caminhe na direção de um esforço acelerado de vacinação global, de uma maior determinação para proteger os mais vulneráveis do impacto de longo prazo desta crise, da busca por aumento da produtividade —e que alguns bancos centrais sejam mais rápidos na retirada dos estímulos monetários e no controle da inflação.

Em um ano, importação de gasolina pela Petrobras dispara 950% e a do diesel, 548%, OESP

 RIO - A importação de gasolina e óleo diesel por parte da Petrobras teve uma alta considerável no terceiro trimestre. A da gasolina disparou 950% em relação a igual período do ano passado, e a do diesel, 548,1%. A explicação está no crescimento do mercado doméstico, diz a Petrobras. O crescimento das importações está no centro do embate da Petrobras com as distribuidoras.

No início deste mês, a petrolífera estatal avisou aos seus clientes que não vai fornecer uma parcela dos pedidos feitos para novembro. Para fazer frente à toda demanda nos postos, as distribuidoras vão ter de importar por conta própria. Algumas delas não gostaram da notícia e foram reclamar à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A estatal sempre cumpriu o papel de importadora porque sua produção nunca foi suficiente para cobrir toda demanda brasileira. O custo costumava ser repassado aos seus clientes. Agora, no entanto, a empresa é alvo de pressões políticas e dos consumidores. Os caminhoneiros, por exemplo, ameaçam parar o País em greve por causa do preço do diesel. A solução encontrada pela estatal foi reduzir os custos, cortando importações.

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Petrobrás
Crescimento das importações de gasolina e diesel está no centro do embate da Petrobras com as distribuidoras. Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Esse aumento de importação aconteceu ao mesmo tempo em que a Petrobras ampliou a produção nas suas refinarias de petróleo. No terceiro trimestre, a empresa utilizou 85% da sua capacidade de produção, mesmo porcentual de igual período de 2020 e 10 pontos porcentuais acima do que no trimestre anterior.

Em outubro, o fator de utilização já chegou a 90%. Com esse crescimento expressivo da importação, a exportação da empresa caiu 49,7% na comparação com o terceiro trimestre de 2020. As exportações totais foram de 813 mil barris por dia (queda de 17,3%) e as importações, de 415 mil barris por dia (alta de 116%). A maior parcela importada foi de diesel (175 mil barris por dia) e a exportada foi de petróleo (604 mil barris por dia).

Helicóptero com 246 quilos de cocaína cai na região da fronteira com Paraguai, FSP

Um helicóptero com 246 quilos de cocaína caiu nesta quarta-feira (20) em um fazenda na região de Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai.

Duas pessoas morreram no acidente e seus corpos foram encontrados carbonizados.

A região da fronteira dos dois países, dominada por facções brasileiras, foi cenário de chacina com quatro mortos, atentados contra políticos e mortes de policiais paraguaios nas últimas semanas.

A região é corredor para o tráfico do PCC (Primeiro Comando da Capital), com destino a estados do Brasil e da Europa. Como há muito policiamento naquela região devido aos crimes, a opinião entre fontes na área de segurança é que no momento os traficantes estão acuados e tendo prejuízo financeiro.

O helicóptero modelo Robinson R66 Turbine, prefixo PR ITT, que caiu, consta em nome de empresa imobiliária de Taubaté, no interior paulista. A aeronave tinha situação regular.

Droga apreendida após queda de helicóptero na região da fronteira com o Paraguai
Droga apreendida após queda de helicóptero na região da fronteira com o Paraguai - Reprodução

Policiais militares, federais e da Guarda Civil Municipal de Ponta Porã e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estiveram no local, assim como uma equipe da DRACCO (Departamento de Repressão a Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul).

A Polícia Civil solicitou exames periciais e papiloscópicos para tentar identificar os ocupantes da aeronave.

De acordo com apurações preliminares, uma das vítimas teria no peito a tatuagem com a inscrição "salmo 63". No segundo corpo, haveria outras tatuagens com palavras "amor" e "gratidão".

O acidente aconteceu no começo da tarde, em uma fazenda onde trabalhadores atuavam em uma área de plantio de sementes.

O helicóptero que caiu deve servir de pistas para a polícia tentar rastrear o dono da droga.

A aeronave está em nome de uma sociedade de propósito específico, uma SPE, usada geralmente como pessoa jurírica de um determinado empreendimento imobiliário. Essa sociedade, por sua vez, está no nome de uma construtora e três sócios, em uma ampla teria de empresas e sócios.

Nesta semana, criminosos armados invadiram hangares na madrugada de domingo (17) e fugiram com duas aeronaves, uma no Brasil e outra no Paraguai.

Na madrugada deste domingo, criminosos roubaram um avião Cessna 207 em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai.

No Paraguai, um monomotor Cessna 172 foi levado de um hangar em Loma Plata, na região do Chaco Central. Os criminosos teriam arrombado a fechadura de um hangar a tiros e depois fugido com o veículo.

ONDA DE VIOLÊNCIA NA FRONTEIRA

Agosto de 2016 - traficante Jorge Rafaat Toumani, 56, é morto a tiros, no centro de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia onde morava, em execução planejada pelo PCC. Um traficante que abastecia o PCC e Comando Vermelho, Jarvis Chimenes Pavão, tomou o controle da região

Abril de 2017 - Criminosos invadiram a sede da transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, próxima à fronteira com o Brasil, e roubaram cerca de US$ 40 milhões. Crime foi atribuído ao PCC

Dezembro de 2017 - O narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 49, foi extraditado do Paraguai para cumprir pena de 17 e nove meses no Brasil

Julho de 2018 - O brasileiro Eduardo Aparecido de Almeida, 39, considerado o chefe regional do PCC, no Paraguai e Bolívia, é preso em Assunção, capital paraguaia

Novembro de 2018 - O Paraguai expulsa do país o traficante Marcelo Piloto, apontado como um dos líderes do CV, e o também traficante Rovilho Alekis Barboza, conhecido como Bilão, e integrante da facção criminosa PCC

Fevereiro de 2019 - Considerado pelas autoridades policiais como o chefe do PCC na fronteira do Brasil com o Paraguai, Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como Minotauro é preso pela Polícia Federal em Balneário Camboriú (SC)

Abril de 2019 - A Polícia Federal apreendeu cerca de meia tonelada de cocaína no momento em que um helicóptero, que transportava a droga, havia pousado para reabastecer na zona rural de Presidente Prudente (558 km de SP). A organização criminosa que usava o helicóptero buscava a droga no Paraguai

Dezembro de 2019 - Sob o argumento de que há "níveis críticos de violência" e ações da facção criminosa PCC na região, o Ministério Público Federal decidiu fechar o seu prédio em Ponta Porã (MS), na fronteira do Brasil com o Paraguai, e transferir suas atividades para a cidade de Dourados (MS), a 120 km de distância​

Janeiro de 2020 - Setenta e cinco presos, a maioria membros do PCC fugiram de uma prisão em Pedro Juan Caballero, no Paraguai

27.set.21 - Carlos Limar de Souza Lima é encontrado decapitado em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia. Ele é o 4º brasileiro morto na região em três dias

8.out.21 - O vereador de Ponta Porã (MS), Farid Afif (DEM), foi assassinado a tiros na cidade enquanto andava de bicicleta

9.out. 21 - Ataque com mais de cem tiros mata quatro pessoas em Pedro Juan Caballero. Entre as vítimas, duas brasileiras estudantes de medicina e a filha do governador de Amambay. A polícia suspeita que o alvo era o paraguaio Osmar Vicente Álvarez Grance

11.out.21 - Polícia paraguaia prende seis brasileiros suspeitos de participarem da chacina na fronteira

12.out.21 - O policial paraguaio Pastor Miltos Duarte foi morto a tiros próximo a Capitán Bado, no país vizinho