domingo, 24 de março de 2019

Órgão da USP de mais de R$ 8 milhões passa a soar depois de anos encaixotado, FSP

Instrumento está instalado na Catedral Evangélica de São Paulo

Camila Fresca
SÃO PAULO
Quando os primeiros acordes do órgão Grenzing tiverem soado na Catedral Evangélica de São Paulo neste fim de semana, um longo imbróglio envolvendo milhões de reais e a maior universidade pública do país terá chegado ao fim.
Em janeiro de 2014, uma equipe chegou à USP com um carregamento de 19 toneladas contendo as partes do instrumento fabricado pela empresa espanhola Gerhard Grenzing. Ele deveria ser instalado no Centro de Convenções da Cidade Universitária, que começou a ser erguido na gestão do reitor João Grandinho Rodas, que foi de 2009 a 2013.
Desde a crise orçamentária que se abateu sobre a universidade há seis anos, as obras foram paralisadas, mesmo depois de já consumidos R$ 34 milhões. A gestão Rodas terminou e o novo reitor, Marco Antonio Zago, que deixou o cargo no ano passado, recebeu logo de cara as caixas que ocupavam um espaço equivalente ao de dois contêineres.
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Claudia Toni, assessora de Zago e também do atual reitor, Vahan Agopyan, diz que o custo total do instrumento foi de € 2 milhões de euros, cerca de R$ 8,65 milhões, incluídos impostos, transporte e custos aduaneiros.
Coube a ela dar uma solução ao impasse. Procurou então José Luís de Aquino, único professor de órgão da USP, e contataram a Catedral da Sé.
Mas não foi dessa vez. A Sé, cujo órgão de quase 12 mil tubos, um dos maiores da América Latina, está desativado aguardando restauro, desistiu da parceria mesmo depois de assinado o contrato. A igreja afirmou que seria necessária "uma grande reestruturação" para receber o instrumento, o que exigiria "um valor quase equivalente ao de um novo".
Órgãos de tubos são os mais antigos instrumentos de teclas do mundo e sua sonoridade está intimamente ligada à tradição cristã, tanto católica quanto protestante. O que não significa que sejam usados só em peças sacras. O repertório laico data pelo menos do barroco, e no século 20 compositores como Camille Saint-Saens e Olivier Messiaen escreveram peças importantes para o instrumento.
Aquino, professor e fundador do curso de órgão da USP, conta que não foi consultado sobre a compra do Grenzing e que sempre deu aulas num órgão eletrônico. Por isso mesmo, ele já havia intermediado a doação de um outro instrumento à universidade. Esse outro órgão, do mesmo porte, permanece desde 2005 encaixotado na universidade à espera de nova destinação.
Não se pode dizer, porém, que a existência de órgãos seja algo raro na cidade de São Paulo. Mas a situação de conservação é crítica. Além do órgão da Sé, também os do Theatro Municipal e da igreja da Consolação estão parados aguardando restauro.
Outros funcionam com restrições, têm porte reduzido ou são tocados raramente. O que se encontra em melhores condições é o do Mosteiro de São Bento, fabricado pela marca Walcker, da Alemanha, e inaugurado em 1954, nas comemorações dos 400 anos de fundação da cidade.
Depois do malogro das negociações com a Sé, Aquino e Toni procuraram a Catedral Evangélica de São Paulo, "por seu significado musical na vida da cidade, por ser uma igreja na qual vários profissionais hoje atuantes deram seus primeiros passos na música", diz Toni.
Em abril de 2017, a instituição gostou da proposta. "Temos uma tradição litúrgica na qual o órgão de tubos é um instrumento importante e sempre fizemos concertos, tanto para os fiéis quanto para a comunidade do entorno. Além disso, mantemos um projeto com cerca de 200 crianças estudando música", explica o reverendo Valdinei Ferreira, titular da instituição.
O órgão Grenzing é composto por uma mesa, chamada consola, com quatro teclados, chamados manuais, 3.400 tubos de metal e 175 tubos de madeira. Mesmo que considerado de porte médio, o instrumento, explica Aquino, é moderno e tem recursos eletrônicos que fazem com que atenda bem a necessidade de todo o repertório organístico.
Na parte central do instrumento está um conjunto de trombetas horizontais, conhecidas como trombetas de batalha, características da música ibérica. Entre os tubos, um pequeno compartimento deve ser preenchido com água para que, ao ser acionado, simule os sons de pássaros --um acessório raro que remonta à época barroca.
Órgão de tubos instalado na Catedral Evangélica
Órgão de tubos instalado na Catedral Evangélica - Marcos Santos/USP Imagens
A cessão do órgão da USP para a Catedral Evangélica se deu por meio de um convênio envolvendo as duas instituições e a Fundação Mary Harriet Speers, ligada à catedral e responsável pelo aporte financeiro —as despesas de instalação já ultrapassam R$ 1 milhão e incluem o reforço da estrutura do edifício.
O convênio abarca a montagem, instalação, utilização e manutenção do instrumento. A vocação do órgão se dividirá entre difusão e formação —os alunos de música da USP, bem como de escolas de música públicas do estado de São Paulo, terão um calendário regular de acesso ao órgão para ensaios e aulas.
Há ainda, nas condições, a previsão de apresentações abertas ao público, bem como um festival internacional de órgão a ser realizado já em 2020.
As apresentações deste fim de semana inauguram uma programação gratuita que se estende até junho. "O órgão vai poder ser ouvido de diversas maneiras: acompanhando coro, fazendo música de câmara com outros instrumentos, tocando partes solistas em orquestra, em recitais de órgão solo e a quatro mãos", explica Aquino.
"Como igreja, temos consciência de que estamos acolhendo um bem que é público e que será colocado a serviço da comunidade sem qualquer tipo de distinção", ressalta o reverendo Valdinei Ferreira.
A nova missão de Toni e Aquino, agora, é dar destinação ao outro órgão armazenado na USP —e que necessita de restauro.

Festival de inauguração
Dom. (24), às 16h30, recital com o organista Márcio Arruda. Sex. (29), às 20h, recital com José Luís de Aquino. Sáb. (30), às 20h, recital com Alexandre Rachid, professor da Escola de Música da UFRJ. Catedral Evangélica, r. Nestor Pestana, 136, Consolação. Grátis. Até 28/6.

Gestão Covas planeja passar hospitais municipais para governo do estado, FSP


Rogério GentileGuilherme Seto
SÃO PAULO
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), quer repassar para o governo paulista a gestão de 19 hospitais municipais e de 15 unidades de pronto atendimento.
A Prefeitura de São Paulo, que já iniciou negociações com o governo João Doria (PSDB), argumenta que esse tipo de atendimento, de média e alta complexidade, de acordo com a Lei Orgânica da Saúde, é de responsabilidade dos estados.
Hospital do Servidor Público Municipal, que pode passar para o governo do estado - Jefferson Coppola/Folhapress
Entre os hospitais que o município pretende repassar ao governo estão, por exemplo, o Tide Setúbal, em São Miguel; o Menino Jesus, no centro; o do Servidor Público Municipal, também no centro; o Mario de Moraes Altenfelder, que também é maternidade, na zona norte; o Cidade Tiradentes e o Ermelino Matarazzo, na zona leste. 
 
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A negociação está sendo realizada pelos secretários municipais Mauro Ricardo (Governo) e Edson Aparecido (Saúde).
A prefeitura entende que deve se responsabilizar pela atenção básica e primária, assim como pela atenção ambulatorial especializada, seguindo os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde) de hierarquização dos serviços.
Por conta disso, propôs ao estado assumir a administração dos 10 Ames (Ambulatórios Médicos de Especialidades) que o governo tem na cidade. Essas unidades oferecem consultas com especialistas, exames e, em algumas delas, pequenas cirurgias.
Ações de vigilância sanitária, ambiental e epidemiológica, assistência farmacêutica e atenção pré hospitalar de urgência continuariam a ser compartilhadas pelos governos estadual e municipal.
Com a negociação, Covas espera economizar cerca de R$ 1,18 bilhão para os cofres municipais. O orçamento previsto para a Saúde em 2019 é de R$ 10,6 bilhões.
O custo dos equipamentos a serem repassados ao estado, na verdade, é de cerca de R$ 2 bilhões por ano. Mas a prefeitura recebe do SUS cerca de R$ 620 milhões para essas unidades e assumiria uma despesa de custeio dos Ames estimada em R$ 200 milhões.
Uma possibilidade não descartada é a prefeitura continuar a administrar os equipamentos, mas receber o valor correspondente aos dos gastos com a manutenção.
Além de ser prevista em lei, a divisão das tarefas, de acordo com o entendimento da prefeitura, faz sentido em um contexto em que hospitais, por serem de referência, acabam recebendo milhares de pacientes de outras cidades da região metropolitana.
Cerca de 30% dos atendimentos no Hospital de Campo Limpo, por exemplo, seriam de pessoas provenientes de cidades como Itapecerica, Taboão da Serra e Embu das Artes, de acordo com a prefeitura.
O planejamento dos gastos em 2019 com Saúde na cidade inclui a construção de novas UBSs (Unidades Básicas), a conclusão do hospital de Parelheiros e o avanço nas obras do de Brasilândia. 
Em 2018, a nove dias de renunciar ao cargo para concorrer ao governo do estado, o então prefeito João Doria inaugurou o hospital de Parelheiros, no extremo sul da capital, mas a unidade ainda não estava pronta e contava apenas com o funcionamento do pronto-socorro. O hospital ainda não está em plena atividade até hoje.
Os dois hospitais, Brasilândia e Parelheiros, estão na lista daqueles que a prefeitura deseja passar para a administração do governo estadual.
O secretário Mauro Ricardo afirma que a negociação faz parte de uma amplo processo de revisão das despesas e de procedimentos a fim de aumentar a capacidade de investimento da cidade.
No ano passado, os gastos da cidade foram de cerca de R$ 51,3 bilhões, sendo que apenas R$ 1,8 bilhão pôde ser utilizado para investimentos em novas obras (3,6%).
“Diante de suas necessidades, São Paulo precisa ter, no mínimo, um investimento na casa dos 10%”, afirma.
O aumento de gastos com saúde tem gerado dificuldades para municípios de todo o Brasil, estrangulando a capacidade de investimento. 
O estudo “O sistema de saúde brasileiro em encruzilhada: progresso, crise e resiliência”, de 2018, escrito por especialistas da Universidade de Harvard e do Imperial College de Londres, publicado na revista científica BMJ Global Health, mostra que os municípios assumem fatia cada vez mais significativa dos gastos com saúde no Brasil.
Entre 2003 e 2016, a participação federal nos gastos públicos no Brasil com saúde caiu de 50% dos recursos para 41%. No caso dos municípios, a participação passou de 25,5% para 32%.
O estudo também mostra o crescimento do gasto municipal per capita com saúde no período. Em 2003, o investimento era de R$ 315,7 por cidadão, e chegou a R$ 617, ajustados pela inflação, em 2016.
Em São Paulo, os números corroboram a tendência. Em 2013, a participação da administração municipal nos investimentos em saúde na cidade era de 72%. Cinco anos depois, em 2018, já havia crescido para 80%.
Há seis anos, os investimentos com fonte em transferências federais representavam 27% do total em São Paulo. Em 2018, a participação da União ficou em 19,7%.

China mira América Latina em seu maior projeto de influência exterior, FSP


Pequim deve usar reunião dos Brics no Brasil para propor adesão de países da região ao Belt and Road

Carolina Vila-Nova
SÃO PAULO
Depois de ganhar impulso a partir de 2017, o maior projeto da Presidência Xi Jinping para ter acesso a mercados internacionais e atrair países para sua esfera de influência vai mirar a América Latina --e naturalmente seu maior mercado, o Brasil.

A chamada Belt and Road Initiative (BRI ou, informalmente, Nova Rota da Seda) liga Ásia, Oriente Médio, Europa e África por meio de ferrovias, portos e outras obras de infraestrutura.

O projeto já soma 22 países e 180 memorandos assinados, segundo o governo chinês; eram 46 memorandos até o fim de 2016, quando já estavam funcionando 39 ferrovias ligando a China à Europa.
Devido à sua posição geográfica, voltada para o Pacífico, o Chile tradicionalmente negocia com países asiáticos. Assim, foi o primeiro latino-americano a aderir à BRI por meio de um memorando assinado no fim de 2018.

É na cúpula dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em novembro, em Brasília, que Pequim deve propor adesão dos países da região ao que Xi chama de "projeto do século", dizem analistas e a mídia local. 
 
Operários fazem manutenção de trilhos da estação de Dazhou, na China, que integrará uma conexão ferroviária entre Chongquing e a Duisburgo, na Alemanha, como parte da Nova Rota da Seda - 14.mar.19/Reuters
Trata-se de uma decisão política relevante a expansão da BRI tão amplamente em termos geográficos e para além da concepção original.

O governo de Jair Bolsonaro tem emitido sinais dúbios em relação à China. A ala mais ideológica quer reduzir a exposição brasileira ao gigante asiático, que vê como uma ameaça estratégica.

Em aula magna a alunos do Instituto Rio Branco, academia do Itamaraty que forma diplomatas, o chanceler Ernesto Araújo disse que o Brasil "não vai vender sua alma para exportar minério de ferro e soja". A China é a maior compradora de soja e minério de ferro do Brasil.
 
O setor reclamou, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, mais pragmático, afirmou que não haveria redução do comércio com a China.
Antes de embarcar para os EUA para se encontrar com o presidente Donald Trump, Bolsonaro anunciou uma visita a Pequim --uma vitória dos moderados, segundo Oliver Stuenkel, professor da FGV.

"Existe na China uma preocupação com a intensidade da retórica de Bolsonaro. Isso pode ter implicações para a relação com a China, mas a expansão da Belt and Road para a América Latina continua sendo uma prioridade para Pequim. A reunião entre Bolsonaro e Trump não muda essa lógica", afirmou.

A preocupação dos Estados Unidos com o avanço chinês é justificada. Ao financiar obras para o porto de Pireus, na Grécia --quando o país estava estrangulado pela crise financeira--, Pequim fincou os pés em Bruxelas.

Vai fincar um pouco mais, já que no sábado (23) Pequim assinou com a Itália um memorando da BRI para investir em portos, logística e transporte marítimo --o primeiro acordo com um país do G7. 

"Isso dá uma legitimidade muito grande ao projeto. Na Europa há um debate muito interessante sobre como a competição interna entre países europeus por investimentos chineses acaba reduzindo a capacidade europeia de agir com uma voz só e articular uma estratégia mais coerente em relação à China", afirmou Stuenkel. "A adesão italiana dificulta essa estratégia." 

Para atuar em território afegão, a China conversou com o Taleban e grupos locais. Obteve voz no governo em Islamabad ao fazer do Corredor Econômico China-Paquistão (CEPC) peça central da BRI. Vai fixar presença militar na África ao construir uma base em Djibuti que será a única instalação militar chinesa fora da China. 

Mas o fato é que os Estados Unidos têm pouca capacidade de competir com o avanço chinês, que se dá em áreas em que a China tem superioridade estratégica. "Os EUA não têm uma empresa para construir trem de alta velocidade na África nem têm trens de alta velocidade em seu território", exemplifica Stuenkel.
 

ENDIVIDAMENTO POR PROJETOS PREOCUPA ANALISTAS

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Para além da questão da influência política, analistas se preocupam com a falta de transparência dos projetos relativos à Belt and Road Initiative e o alto endividamento que geram.

Segundo algumas avaliações, isso torna uma série de países --especialmente nações pequenas, sem acesso ao sistema internacional de crédito-- praticamente reféns de dívidas milionárias com a China. 
Isso porque os projetos são geralmente financiados por empréstimos junto ao Estado chinês ou a instituições semiestatais chinesas.

Relatório do Centro para Desenvolvimento Global aponta oito países para quem a BRI já cria problemas de sustentabilidade da dívida, com impacto negativo sobre os gastos dos governos e sobre o crescimento econômico em geral. 

"Não há dúvidas de que podemos identificar benefícios nos projetos sob a BRI, seja uma maior eficiência no comércio ou uma atividade econômica mais alta", disse Scott Morris, um dos autores. 
"Mas não podemos deixar de olhar para os custos. Para muitos países isso tem a ver com uma avaliação do endividamento e da sustentabilidade dessas dívidas. E aí não fica tão claro se há um benefício líquido para alguns países." 

"Praticamente todo o financiamento da BRI é feito por empréstimos e não por ajuda financeira, e não está claro no caso de muitos países se eles têm a capacidade para assumir tais dívidas", explicou.

Djibuti, por exemplo, viu sua dívida externa pública aumentar de 50% para 85% do PIB em dois anos, segundo o FMI. A maior parte dessa dívida é com o China Exim Bank. 

A China ainda pretende construir no país africano um porto, um terminal petrolífero e uma estrada ligando Djibuti a Addis Abeba, na Etiópia.

Uma das nações mais pobres da Ásia, apesar do crescimento de em média 8% por ano na última década, o Laos tem quase metade do seu PIB --US$ 6 bi-- empenhada numa ferrovia que o liga à China. 
No Paquistão, 80% dos US$ 62 bilhões do custo estimado para o CEPC são financiados pela China. Devido ao alto endividamento, o país já cancelou projetos ligados ao BRI e pediu créditos ao FMI. 

Em 2011, a China concordou em perdoar uma parte da dívida do Tadjiquistão em troca de uma área de 1.158 km² em território disputado. Autoridades do país asiático dizem que cederam apenas 5,5% das terras que Pequim queria.

O Sri Lanka contraiu uma dívida de US$ 8 bilhões a uma taxa de juros de 6% para a construção do porto de Hambantota. Em julho de 2017, Pequim concordou em fazer um swap (troca) da dívida com um contrato de arrendamento de 99 anos para administrar o porto.

No Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro, uma mesa com presença de representantes da China e de países participantes do evento, como o Azerbaijão, discutiu a BRI.

Na ocasião, o presidente azeri, Ilham Aliyev, lembrou que por anos o país buscou e não obteve financiamento para construção de uma ferrovia. "Instituições financeiras deveriam prestar mais atenção e ajudar países a investirem em infraestrutura que terá impacto", afirmou. 

O Laos volta a ser citado como exemplo: o pequeno país tem um papel central em projetos ferroviários que são centrais para a agenda da BRI, mas tem capacidade muito limitada de financiá-los.

"O Banco Mundial ou Banco de Desenvolvimento da Ásia simplesmente não financiaria projetos nessa escala em um país como o Laos porque o risco é muito alto. Então o país fica num dilema", concorda Morris. "Isso não significa que o investimento em tais projetos seja a resposta certa."

Uma das ambições chinesas é usar a BRI como uma marca para atores financeiros --no caso da América Latina, por exemplo, com um banco de desenvolvimento regional investindo no projeto ao lado de alguma participação chinesa.