sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Dilma entrega primeira estação de bombeamento do Eixo Norte da Integração do São Francisco


A presidenta Dilma Rousseff entrega nesta sexta-feira (21) a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). A estrutura levará a água por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova, localizado em Cabrobó (PE). Com isso, o PISF chega a 77,8% das obras concluídas. O investimento nesse trecho é de R$ 625 milhões.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco vai garantir segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios. A execução do empreendimento gerou 9.980 empregos. Foto: Guilherme Rosa/Blog do Planalto
O Projeto de Integração do Rio São Francisco vai garantir segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios. O empreendimento gerou 9.980 empregos. Foto: Guilherme Rosa/Blog do Planalto
A água é captada no rio São Francisco até a estação. “Lá, ela é bombeada para uma parte superior, que é um grande reservatório. São dois conjuntos de motobomba com vazão de 12,4 m³/segundo que elevam a água a uma altura de 36 metros, o que corresponde a aproximadamente a um edifício de 12 andares. A potência de cada motor é de 5,5MW”, explica o diretor de projetos estratégicos doMinistério da Integração Nacional, Róbson Botelho.
A estação tem capacidade de bombear a água do São Francisco por sete quilômetros, até o primeiro reservatório de Tucutú. Em seguida, a água correrá por quatro aquedutos até Terra Nova, segundo reservatório do Eixo Norte. Tucutú estará cheio em 39 dias, com a bomba em operação durante 16 horas diárias, cinco dias por semana. Após essa etapa, serão necessários mais 18 dias para encher o reservatório Terra Nova. Enquanto isso, as obras da segunda Estação de Bombeamento (EBI-2) do Eixo Norte estarão em fase de conclusão.
Para Róbson, essa obra é emblemática para o Nordeste e vai trazer uma nova etapa de desenvolvimento. “Ela tem uma importância fundamental para suprir essa grande deficiência que o Nordeste enfrenta de secas seguidas. Estamos hoje com cerca de quatro anos com reservatórios em baixa. Eu diria que a transposição vem a ser uma espécie de redenção do Nordeste. Não tenho dúvida de que isso vai dar um impulso grande ao desenvolvimento da região”.
Com 6.836 trabalhadores, o Eixo Norte abrange a construção de 15 reservatórios, oito aquedutos, três túneis, canais, além das três estações elevatórias. A entrega faz parte da pré-operação da obra e testes são iniciados para verificação dessas estruturas, antes do recebimento definitivo das águas do rio. Nessa fase, além do funcionamento da EBI-1, são monitorados os sistemas elétricos e de telecomunicações, painéis, válvulas e motores, que compõem a estação elevatória.
Dois conjuntos de motobomba, com vazão de 12,4 m³/segundo, elevam a água a uma altura de 36 metros, o que permitirá que a água corra no canal por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova. Fotos: Guilherme Rosa/Blog do Planalto
Dois conjuntos de motobomba elevam a água a uma altura de 36 metros, permitindo que ela corra no canal por 45,9 km até o reservatório de Terra Nova, em Cabrobó (PE). Fotos: Guilherme Rosa/Blog do Planalto
Preservação do rioSegundo a Agência Nacional das Águas (ANA), o PISF pode captar 26,4 m³/segundo, mesmo em períodos de seca. Isso representa 1,4% da vazão média do rio, ou seja, duas colheres de sopa para cada litro d’água despejado no mar. Na cheia, a captação pode chegar a 127 m³/segundo sem prejudicar o rio.
Além disso, o Ministério da Integração Nacional já investiu cerca de R$1,7 bilhão em ações de revitalização no rio. O total aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para esse fim é de R$ 2,5 bilhões.
Projeto São FranciscoO Projeto de Integração do Rio São Francisco vai garantir segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios espalhados pelos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Foram 9.980 empregos gerados nos dois eixos e mais de três mil equipamentos estão em operação.
O projeto é composto por 477 quilômetros de extensão, organizados em dois eixos de transferência de água: Norte, com 260 quilômetros, e o Leste, com 217. A previsão do final das obras é entre dezembro de 2016 e início de 2017.

ANTP lança publicação sobre a importância do caminhar nas cidades


Foto: shutterstock
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Por Luiz Carlos Mantovani Néspoli*
Temos medo de andar pela cidade. Esta é a triste realidade constatada em pesquisa recente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o bem-estar em seus 34 países-membros, citada em recente artigo no caderno Aliás (Estadão) pela professora Fraya Frehse. Neste artigo, com o sugestivo título “Medo da rua”, a professora ressalta que a “associação entre insegurança e espaço público é concepção recente, no Brasil urbano.
Ao menos em alguns jornais paulistanos, a imagem da rua como lugar de perigo em função da violência só ganha vigor nos anos 1980”. Cabe perguntar: o que houve desde então para que perdêssemos parte do prazer de caminhar por nossas cidades? O medo venceu o prazer. E pelo que se conclui, andar tornou-se um desafio em tempos de violência. Mas seria apenas a violência (insegurança) a explicar este temor?
Em qualquer cidade brasileira o ato de caminhar tornou-se por si só um desafio. Pesquisa de Imagem dos Transportes na Região Metropolitana de São Paulo 2012, da ANTP, já detectava isso. Como sintomas da ausência de segurança e da má qualidade dos serviços urbanos e de estrutura, ela indicava (citado pelo usuário) a “falta de policiamento, medo de assalto, presença de mendigos / drogados / ‘nóias’ na rua”, além de “ruas desertas com pouca gente no local”.
Não era para ser desta forma, mas no Brasil “ser pedestre” tornou-se antagônico a “dirigir automóvel”
Calçadas esburacadas, além da presença de lixo na rua, somado a ruas escuras e falta de iluminação, foram citações determinantes do usuário da ausência de serviços urbanos e de estrutura em sua primeira etapa da porta de casa à condução. Pontos de ônibus sem abrigos e mal cuidados e grande distância a percorrer, foram também citados na pesquisa de imagem.
E se na calçada os riscos já são grandes, ao atravessar a rua o perigo aumenta exponencialmente, graças às condições de sinalização amplamente favoráveis aos automóveis, como tempos exíguos de travessia – o pedestre mal consegue alcançar o meio da rua –, ou, pior ainda, o tempo absurdamente grande de espera para abertura do sinal.
Não era para ser desta forma, mas no Brasil “ser pedestre” tornou-se antagônico a “dirigir automóvel”. Como se fossem opostos, integrantes de tribos estranhas e rivais, eles disputam o espaço público a cada centímetro, disputa que repercute na sinalização e nos semáforos, semáforos que historicamente priorizaram o movimento dos veículos em detrimento das pessoas.
Pedestres e motoristas não são diferentes apenas no modo de se locomover, mas principalmente na maneira como o estado brasileiro investiu em infraestrutura para cada qual dos modos. Chega a ser absurda a comparação. Mas há mais a dizer…
Uma pesquisa realizada pelo Ipea, com a coordenação da ANTP em 2003 (Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas), estimava que entre 2002 e 2003, 9 a cada 1000 moradores de aglomerações urbanas brasileiras haviam sofrido quedas como pedestres. O custo médio de resgate e tratamento de cada um deles era estimado em R$2.656,00. São os acidentes de trânsito “invisíveis”…
Além de tudo isso, pode-se afirmar sem medo de erro que carro faz mal à saúde, e não apenas por causa do ar poluído e da poluição sonora. As doenças que o sedentarismo tem provocado – hipertensão, obesidade e diabete –, perfilam ao lado dos distúrbios psiquiátricos como as epidemias do século 21. O remédio? Caminhar, pedalar, usar transporte público… Não cura, mas diminui em muito os riscos.
Mas na lógica humana (e urbana) argumentos como os apontados acima não convencem, tampouco mudam hábitos e costumes. O debate que se estabeleceu recentemente sobre a abertura da Avenida Paulista para as pessoas, fechando-a para os carros, é uma evidência de que precisamos caminhar muito ainda para conseguir transformar nossas cidades.
A ANTP criou a Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade, que vem realizando um amplo debate sobre o tema, além de fornecer subsídios e diretrizes para o desenvolvimento de legislação e políticas públicas.
– Para fazer o download do caderno técnico Cidades a Pé, clique aqui –
Luiz Carlos Mantovani Néspoli é superintendente da ANTP.
** Publicado originalmente no site EcoD.

Deputado paulista inova e passa a apresentar talk show em TV pública11 Nathan Lopes Do UOL, em São Paulo23/12/201506h00


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Seis meses após ser eleito presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) com o apoio de 92 dos 94 deputados da Casa, o deputado estadualFernando Capez (PSDB), segundo na linha sucessória do governador Geraldo Alckmin (PSDB), passou a conduzir o programa de entrevistas "Discussão Nacional". Ele é o primeiro chefe do Legislativo paulista a conduzir um programa e o único parlamentar que tem uma atração própria na TV Assembleia SP (antiga TV Alesp), uma emissora de televisão pública.
Capez ganhou notoriedade por atuar como promotor de Justiça no Ministério Público do Estado, investigando a atuação de torcidas organizadas de times de futebol na década de 90 e viu, recentemente, seu nome ser cotado para ser o candidato tucano na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
O programa de Capez costuma ir ao ar às 22h de sexta-feira e tem reprises de segunda a sexta em três horários: 9h, 22h e 0h.
Em três meses no ar, o talk show já recebeu diversas figuras da política nacional de diferentes partidos. Entre os tucanos, já foram entrevistados o senador José Serrae o governador Geraldo Alckmin, assim como a primeira-dama, Lu Alckmin. Do lado petista, já passaram os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Edinho Silva (Comunicação Social) e o presidente nacional da sigla, Rui Falcão.

'Inadequada' 

Ao iniciar o programa, o tucano diz que quem está apresentando não é o "deputado Capez", mas sim o "presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo", na condição de representante da Casa.
Para o professor de Direito Arthur Scatolini, especialista em processo legislativo e controle de administração pública, a atuação do parlamentar como apresentador é, "no mínimo, inadequada".
"O presidente tem a tarefa de superintender os trabalhos [da Assembleia] e de chefiar a administração. E, nessa condição, ele precisa ter uma conduta de impessoalidade. Com o programa, acaba havendo uma vinculação de temas a um único parlamentar". 
O cientista político Rogério Baptistini diz não ver com "bons olhos" o "Discussão Nacional". "Outros deputados que se tornem presidente da Assembleia, a partir de agora, poderão ter um programa", afirma. 
Capez diz não acreditar que o fato de apresentar um talk show possa ser confundido com um ato de promoção pessoal. "Se alguém tem essa opinião, é porque não me conhece. Eu não procuro ser um presidente que está tendo destaque, que está atuando para virar governador, para virar prefeito". 
Para o presidente da Alesp, todos os deputados da Assembleia podem ter um programa próprio na grade da TV pública. "Todos os deputados que quiserem podem vir a ter um programa. E pode convidar quem ele quiser para fazer o programa. A TV é dos deputados, é da Assembleia, é da Casa". 
Outro programa da TV pública do Legislativo paulista que também tem a participação de parlamentares é o "Assembleia Convida". No ar há pelo menos seis anos, a atração faz um rodízio de "deputados-apresentadores" na bancada
"A postura dele [Capez] agride a razoabilidade, a impessoalidade. Dizer que aparecer na televisão não tem impacto [político] é inocência", avalia Scatolini.

Baixa audiência e custos

A TV Assembleia SP tem uma audiência que oscila entre 0,1 e 0,2 ponto, segundo o Ibope. Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande São Paulo. No canal da Alesp no YouTube, as edições do programa também não são um sucesso de audiência e raramente passam de 100 visualizações. A mais vista até agora foi a com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que registrava mais de 1,7 mil visualizações até esta semana. 
Segundo Capez, o custo de produção do programa "não existe". Isso porque, de acordo com ele, a TV Assembleia SP trabalha com um orçamento geral que engloba todas as 14 atrações da grade de programação e também as transmissões das sessões plenárias. Em 2015, a Alesp pagou R$ 14,3 milhões à Fundac (Fundação para o Desenvolvimento das Artes e da Comunicação), uma fundação de direito privado, sem fins lucrativos, que tem um contrato com o parlamento paulista para cuidar da programação da TV. 
"Se eu chegar amanhã, atendendo aos anseios de pessoas que estão inquietas com o programa e cancelar o 'Discussão Nacional', o custo vai continuar o mesmo", diz Capez.