quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Inteligência artesanal, por Nizan


A tecnologia hoje é tão disruptiva que coloca em xeque até a participação humana no processo produtivo. Por isso é melhor você prestar atenção. As notícias dessa revolução não param de aparecer.
O "Wall Street Journal" revelou recentemente que a Ikea, a fabricante de móveis sueca, agora cria seus catálogos de vendas apenas com imagens produzidas digitalmente.
Não usam fotógrafos, móveis de verdade, modelos, luz: só imagens digitais. Todas as imagens são criadas por softwares bem programados e alimentados, que substituíram custosas produções em estúdios.
E não são só os móveis da Ikea que fazem parte dessa nova realidade antes chamada virtual.
A rede global de moda jovem H&M substituiu as modelos de (pouca) carne e osso por modelos digitais ainda mais perfeitas e muito mais fáceis de lidar e de remunerar.
Já uma startup americana, a Narrative Science, criou um software capaz de escrever artigos noticiosos e espirituosos a partir de dados básicos em tempo real, como um relato de um jogo de futebol a partir de sua ficha técnica.
A inteligência humana está fazendo a inteligência artificial avançar do entendimento da linguagem para a formulação da linguagem.
E ao mesmo tempo está criando robôs capazes de fazer tarefas que nosso corpo jamais faria ou faria a um custo financeiro e humano muito maior.
Colocando de uma outra forma, sua cabeça e o seu corpinho estão a caminho de serem superados por uma dupla concorrência brutal: softwares e robôs.
Você só tem uma coisa que eles não têm: alma, emoção, coração, o nome que se queira dar àquilo que de fato nos torna nós.
Mesmo aqueles entre nós que todo dia vão e voltam do trabalho como se tivessem ido a um jogo de futebol zero a zero, sem grandes lances emocionantes, têm uma alma profunda e única.
Quanto mais a usarmos produtiva e criativamente, mais valor traremos para o que fazemos.
Essa revolução tecnológica será destrutiva para quem trabalha como máquina e pensa como máquina já que agora, para isso, já temos as máquinas.
Por isso, a revolução das máquinas deve ser uma grande oportunidade para as pessoas.
Mas o mundo só vai querer lhe ouvir se você tiver algo a dizer. A atitude quente será muito mais importante do que o conhecimento frio.
Acumular conhecimento é preciso, mas sem personalidade e atitude você não será muito diferente da união do software com o robô.
Não paute vida e carreira pelo dinheiro. Realize, e o dinheiro será consequência. Como diz aquele imortal slogan da Nike: "Just do it".
Quem pensa muito em dinheiro geralmente não ganha muito dinheiro. Steve Jobs não criou o iPad pensando em dinheiro. O software e o robô são programados para render o máximo de dinheiro. Esse não deve ser o seu caso, porque a concorrência será matadora.
Será então que os robôs e os softwares, ao libertarem as pessoas dos trabalhos mecânicos e braçais, as levarão para posições mais criativas e inteligentes ou elas acabarão na fila dos desempregados?
Essa antiga pergunta segue sem resposta.
O que eu posso dizer é que a melhor maneira de enfrentar as máquinas é não ser uma máquina.
Seja sempre você mesmo, mas também não seja sempre o mesmo. Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se.
Eu sei bem como é isso. Seja o seu próprio programador para que você não seja programado pelos outros. Tenha seu próprio programa para não passar a vida coadjuvando em programas alheios.
Na próxima vez que você olhar no espelho, faça como dizia aquele outro slogan imortal, este da Apple: "Think different".
Pense diferente, olhe à frente e caminhe. Ninguém mais pode fazer essa jornada, nem os robôs e os softwares mais avançados.
Essa é a graça do jogo. Opor à inteligência artificial a sua inteligência artesanal.
Nizan Guanaes
Nizan Guanaes publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC. Escreve às terças-feiras, a cada duas semanas, no caderno 'Mercado'.

    Cesp rejeita renovação de concessões


    O Estado de S.Paulo
    A revisão do valor de indenização e a decisão do governo de ressarcir as geradoras pelos investimentos feitos em ampliações, reformas, melhorias e modernizações não convenceram a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a antecipar a renovação das concessões com vencimentos em 2015. Em assembleia realizada ontem, os acionistas recusaram a renovação, até mesmo da Hidrelétrica de Três Irmãos, cujo contrato venceu em dezembro de 2011. Ou seja, a usina já poderá ser retomada pela União.
    "Não concordamos com os valores de indenização. Ainda não sabemos como, mas vamos ter de contestar", afirmou o presidente da estatal, Mauro Arce. A decisão da Cesp é um balde de água fria nos planos da presidente Dilma Rousseff, que prometeu em rede nacional reduzir a conta de luz do brasileiro, em média, em 20%. O governo apostava que, com as últimas mudanças promovidas, teria uma adesão maciça das empresas.
    Agora terá de lançar mão de um plano B, com redução de impostos e encargos, para garantir o desconto na tarifa e compensar as empresas que não aceitaram antecipar a renovação. Antes da Cesp, a Cemig já havia recusado renovar a concessão de três hidrelétricas - medida que reduziu em um ponto porcentual o corte na conta de luz. Em relação aos demais ativos, a estatal mineira deixou para hoje a decisão de renovar ou não os contratos.
    Na direção oposta, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), que em novembro recomendou aos acionistas a não renovação dos ativos, ontem voltou atrás e decidiu aceitar a proposta do governo. Em nota, a empresa afirmou que, após análise dos estudos apresentados pela diretoria e da nova proposta do governo, que dá direito à indenização de ativos anteriores a 2000, os acionistas aprovaram a prorrogação.
    Com as mudanças feitas pelo governo, a renovação das instalações de transmissão se mostrou mais vantajosa do que a das geradoras. Na sexta-feira, a Companhia Paranaense de Energia (Copel), por exemplo, aprovou a renovação da rede de transmissão e reprovou a prorrogação dos contratos de quatro usinas.
    Enquanto isso, na Eletrobrás não há dúvidas. Como já havia antecipado, a estatal vai renovar o contrato das subsidiárias Furnas, Chesf e Eletronorte. A empresa acredita que a nova proposta de indenizar ativos de transmissão anteriores a 2000 vai elevar de forma significativa o montante a receber pela estatal. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Armando Casado, as linhas valem hoje, em valores contábeis, cerca de R$ 11 bilhões.
    Para Mauro Arce, a Cesp continuará aberta a novas conversas com o governo. Mas, nas condições atuais, a renovação não é vantajosa. A receita anual da companhia iria para R$ 184 milhões, mas o custo real é de R$ 270 milhões. / RENÉE PEREIRA, EDUARDO RODRIGUES e WELLINGTON BAHNEMANN

    Geradoras vão ter indenização extra

    Um dia antes de vencer o prazo para a renovação das concessões, governo baixa decreto reconhecendo investimentos feitos no passado

    04 de dezembro de 2012 | 2h 08
    EDUARDO RODRIGUES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
    Para tentar dar um último impulso às companhias do setor elétrico, na véspera do prazo final para a assinatura dos contratos de renovação das concessões, o governo publicou ontem decreto garantindo às companhias de geração uma indenização extra pelos investimentos feitos ao longo dos contratos antigos, e que ainda não tinham sido contabilizados. As autoridades ainda precisam definir a forma como isso será pago às empresas.
    A medida saiu por meio de uma edição extra do Diário Oficial da União, editada durante o fim de semana com data da última sexta-feira, e definiu que as companhias que aceitarem a renovação dos contratos terão de apresentar até o fim de 2013 os cálculos de melhorias nas concessões durante a vigência dos contratos antigos. Após esse período, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai descontar a desvalorização desses investimentos para calcular então o quanto o governo terá de pagar para cada companhia.
    De acordo com o decreto, nessa segunda fase de compensação serão consideradas as ampliações, reformas, melhorias e modernizações feitas pelas empresas. Esses investimentos posteriores não foram considerados no cálculo original das indenizações, que contabilizava apenas o chamado Valor Novo de Reposição (VNR) - o custo atual para a construção do projeto básico das usinas. Esses investimentos também não foram considerados pelo governo ao definir as novas tarifas que serão aplicadas pelas empresas.
    Pelas primeiras contas apresentadas pelo governo, o setor de geração receberia apenas R$ 7,07 bilhões dos cerca de R$ 20 bilhões totais oferecidos pelo governo pelos ativos não amortizados - somados aos valores destinados à transmissão. Esse valor já foi corrigido no fim da última semana, após um erro nas contas da Aneel sobre a depreciação de alguns ativos. Com o novo decreto, o total a ser gasto com indenizações pode ser substancialmente aumentado até o fim do próximo ano.
    Pagamento. O decreto, por outro lado, jogou uma decisão importante para o futuro. De acordo com o texto, o reconhecimento pelos investimentos feitos pelas companhias de geração poderá ser feito pelo governo tanto por meio de indenizações, quanto nas tarifas desses concessionários. Caso as autoridades do setor escolham a primeira alternativa, o Tesouro fatalmente terá de realizar um novo aporte de recursos, visto que os fundos setoriais que garantem uma espécie de reserva para a quitação de indenizações já estarão quase esvaziados, por conta do primeiro pacote de compensações.
    Por outro lado, se a escolha for o reforço tarifário, o tão prometido desconto nas contas de luz das indústrias e dos consumidores ficará parcialmente comprometido em um curto prazo, não resistindo mais do que cinco anos - prazo para a primeira revisão das geradoras.
    Eletrobrás. O diretor financeiro e de relações com investidores da Eletrobrás, Armando Casado, considerou importante a publicação do decreto ontem. "Esses investimentos nunca deixaram de ser feitos pela Eletrobrás e aumentaram a vida útil dos bens da concessão. Mas como medida é muito recente, ainda não é possível estimar valores", completou o executivo.
    Na semana passada, o governo já havia adotado outra medida para diminuir a resistência das empresas com redução de tarifas e receitas. Foi incluída na lista de possíveis indenizações, os investimentos feitos pelas empresas de transmissão referendados em contratos assinados antes de 2000. No texto original da MP, esses ativos não podiam ser incluídos.


    Corintiano ganha estádio que terá a sua própria cara



    02 de dezembro de 2012 | 2h 07
    EDUARDO ASTA / INFOGRAFIA, TEXTO, JONATAN SARMENTO / ILUSTRAÇÃOALMIR LEITE, PAULO FAVERO, REPORTAGEM - O Estado de S.Paulo
    A cada dia que passa a Fiel está vendo o sonho da casa própria se tornar realidade. Em Itaquera, a Arena Corinthians caminha em ritmo acelerado para receber a abertura da Copa do Mundo de 2014 em um projeto que já conquistou o VIII Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa no ano passado e que tem como principal aspecto conciliar a simplicidade das formas com os anseios do corintiano. "A primeira ideia é que o estádio servisse à torcida, que ajudasse o time a ganhar jogos. Então eu quis botar a torcida dentro do campo para empurrar a equipe", conta Anibal Coutinho, idealizador do projeto.
    Ele também revela que uma exigência do clube foi dar conforto à torcida. "No estádio não haverá nenhum ponto ruim para ver o jogo, pois as curvas de visibilidade são boas. Optamos por fazer um estádio compacto, para ter a ideia da massa", diz. Com capacidade para 48 mil torcedores, será ampliado para receber a abertura da Copa. Ganhará arquibancadas móveis atrás dos gols e em um dos lados do campo, o que aumentaria sua capacidade para até 72 mil lugares.
    Mas, para receber o jogo inaugural do Mundial, alguns assentos serão sacrificados para atender posicionamentos de câmeras e áreas vips, o que faria com que a capacidade ficasse em 65 mil lugares.
    E, justamente por causa da Copa de 2014, a grande dificuldade foi fazer uma arena que servisse ao clube, mas também ao maior evento do planeta.
    "As exigências da Fifa foram um estímulo, pois superamos os desafios e fomos além do que era pedido", explica Coutinho. "O estádio sairia de qualquer maneira e o legado é para o torcedor corintiano." Ele revela que o banheiro da área vip será igual ao da área comum. "O banheiro luxuoso é o da área comum, são todos excepcionais. Fizemos também menos cadeiras do que poderíamos colocar, com mais espaço entre elas, para dar um grau de conforto maior."
    Um ponto alto do projeto arquitetônico é a cobertura, que passa a impressão de que o teto está flutuando em cima das arquibancadas. "Quisemos passar a ideia de leveza, que tem a ver com o futebol do clube, com a categoria dos atletas. É uma identificação e acho que o estádio terá a cara da torcida", afirma.
    A cobertura permite ainda que o estádio seja ventilado e ao mesmo tempo que ela é arrojada arquitetonicamente, também possui o formato perfeito para iluminação HD 3D.
    Em reunião com a Osram, empresa que fornecerá a iluminação, o Corinthians ouviu do parceiro que o teto tem boa angulação e altura para as transmissões em três dimensões que serão usadas em 2014.Aliás, a empresa alemã de iluminação é uma das 33 que vão participar de alguma forma da construção do estádio.
    Custo reduzido. O Corinthians sentou com cada fornecedor, negociou preços, ofereceu contrapartidas e conseguiu descontos significativos nos produtos. Segundo Luis Paulo Rosenberg, vice-presidente do clube, a economia que foi feita ajudou até a introduzir novos itens, que não estavam previstos, na arena. "Acho que vamos conseguir fazer uma obra mais barata do que estimamos, mas colocando de 30% a 40% a mais do que imaginávamos", revela.
    O telão que ficará na fachada externa e que mostrará imagens da torcida, considerado o maior do mundo, veio dessa economia que foi feita. Ele terá 170 m de comprimento por 20 m de altura. "Quando começamos a ver os fornecedores, falamos para a Odebrecht: 'deixa que a gente negocia'. Acredito que até o final do ano teremos acordos com 50 empresas", lembra Rosenberg. Ele aponta como pontos cruciais do estádio o gramado, as posições das câmeras e a iluminação, lembrando que todos esses itens ficarão acima do que a Fifa exige.
    Setores. O dirigente diz que vai colocar oito faixas de preços de ingressos, mas partindo do conceito que ele apelida de Robin Hood: cobrar caro de quem pode mais para subsidiar os ingressos de quem pode menos.
    "O Corinthians tem capacidade de extrair dinheiro da classe alta como ninguém. Os setores mais caros terão escadas rolantes, elevadores, bares temáticos e restaurantes três estrelas. Isso vai gerar o excedente para baratear os ingressos populares."
    A partir deste princípio de segmentar a arena, Coutinho criou na parte oeste os setores para a elite, onde o Corinthians poderá vender ingressos por temporada, cadeiras vip, etc, para que isso possa subsidiar o estádio inteiro. "A torcida não será expulsa, o Corinthians vai contra a maré. Foram pedidos do clube. A parte vip subsidia o ingresso da massa, e a massa terá o mesmo conforto dos outros setores: ar-condicionado, piso da mesma qualidade, mesmo banheiro."
    Com o ingresso caro, o torcedor terá estacionamento mais próximo, comida incluída e áreas exclusivas para frequentar, entre outras coisas. Enfim, o sonho da casa própria está se tornando realidade. E com a cara da Fiel.