domingo, 18 de novembro de 2012

Engenharia para o desenvolvimento, por Arnaldo Jardim




O Brasil tem pela frente um conjunto de desafios para se consolidar no rol das maiores economias do planeta. Além de aumentar os investimentos públicos e privados, o País não poderá abrir mão de tecnologia e inovação para alcançar o desenvolvimento econômico e social.

Os investimentos anunciados para destravar o nó logístico por meio de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos dependerão da capacidade de planejamento do próprio governo, da iniciativa privada e de profissionais capacitados para a execução e a elaboração dos projetos.

Somam-se ainda a necessidade de exploração do pré-sal, a realização da Copa do Mundo de 2014, das Olimpíadas de 2016 e o fato do Brasil ser o destino de fluxo significativo de recursos. Tudo isso vai demandar mão de obra qualificada, especialmente de engenheiros, para atender as oportunidades de expansão dos mais diversos setores da nossa economia.

Portanto, investir em educação e na formação profissional será essencial para nos firmamos como potência econômica. Para tanto, vamos precisar de mais engenheiros, carreira diretamente relacionada com a infraestrutura e o crescimento econômico do país.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) estima que, até 2014, o Brasil vai demandar 90 mil engenheiros para se somarem aos 854 mil profissionais atualmente inscritos no Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia).

Se não conseguir aumentar o contingente de engenheiros, o país continuará importando mão de obra, mesmo tendo duplicado o número de formandos em engenharia, que passou de 18 mil para 41 mil entre 2001 e 2010. Desse total, porém, apenas um terço atua na parte técnica. A Coréia do Sul, com um quarto da população brasileira, forma anualmente 80 mil engenheiros.

Na Rússia, o número de engenheiros formados a cada ano chega a 120 mil, na Índia 300 mil e na China ultrapassa dos 400 mil. Talvez pela quantidade de profissionais é que cinco construtoras chinesas estão no ranking das maiores empresas do mundo do setor, conforme aponta reportagem da revista The Economist. Até 2003, de acordo com a publicação, nenhuma construtora da China figurava neste seleto grupo.

Segundo dados do Censo da Educação Superior (Inep/MEC), no ano de 2000, 77.633 pessoas ingressaram na graduação de algum curso superior na área de engenharia, produção e construção. Em 2009 o número aumentou para 198.593, o que ainda se mostra insuficiente.

É preciso também atenção à qualidade na formação desses profissionais neste momento em que surgem condições para termos políticas públicas estáveis e planejamento de curto, médio e longo prazo.

Motivado por essas convicções, apresentei emenda à Medida Provisória 582/2012 para permitir a inclusão de empresas de consultoria e projetos das áreas de engenharia e arquitetura entre as beneficiárias da desoneração prevista na proposta.

Hoje a realidade é que essas empresas trabalham com baixa rentabilidade, contratando profissionais na figura jurídica de “PJs”, além de enfrentarem uma desleal e crescente disputa com consultorias estrangeiras cada vez mais presentes no País.
Como o apoio do Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia) e da ABCE (Associação Brasileira de Consultoras de Engenharia), estamos trabalhando pela aprovação dessa emenda que significará o fortalecimento de nossa engenharia e arquitetura consultiva e de projetos.

O engenheiro é um profissional indispensável. Na condição de engenheiro politécnico, me empenho pelo reconhecimento da qualidade de nossos arquitetos e engenheiros. O Brasil não pode prescindir desses profissionais.

Arnaldo Jardim é deputado federal pelo PPS-SP, engenheiro civil (Poli/USP) e 
Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional 
E-mail: arnaldojardim@arnaldojardim.com.br
Site oficial: www.arnaldojardim.com.br

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Construtoras dominam doações para PT e PSDB


Bruno Boghossian - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Construtoras e empresas do setor imobiliário doaram pelo menos R$ 7,6 milhões em São Paulo aos comitês de campanha do PT e do PSDB, partidos que disputaram o 2.º turno na eleição para a Prefeitura com Fernando Haddad e José Serra, respectivamente. O valor representa 62% das doações depositadas diretamente nas contas abertas duas legendas na capital paulista.
Mais de 80% dos repasses aos comitês financeiros não puderam ser rastreados - Werther Santana/ESTADÃO
Werther Santana/ESTADÃO
Mais de 80% dos repasses aos comitês financeiros não puderam ser rastreados
Os petistas receberam R$ 4,6 milhões do setor de construção civil e do mercado imobiliário, o que representa 75% das doações feitas aos comitês financeiros da legenda. Já os tucanos obtiveram dessas empresas R$ 3 milhões - o equivalente a 49% dos depósitos feitos em suas contas.
Construtoras e empresas do mercado imobiliário fizeram nove das dez maiores doações recebidas diretamente pelo comitê que financiou parte da campanha de Haddad, prefeito eleito, e das candidaturas a vereador do PT. No caso de Serra e de seus aliados, o setor representou sete dos dez maiores repasses.
Parcial. Os números são apenas uma pequena parcela das doações recebidas pelos candidatos a prefeito e vereador nas eleições deste ano. Mais de 80% dos repasses aos comitês financeiros não podem ser rastreados, pois foram feitos de maneira indireta por diretórios nacionais, estaduais e municipais.
Os dados sobre doações aos comitês financeiros do PT e do PSDB foram divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Nessas contas, o PT recebeu R$ 36,7 milhões e os tucanos arrecadaram R$ 33,9 milhões. Os recursos repassados diretamente às contas de Haddad e de Serra só serão divulgados no fim de novembro, pois os candidatos que disputam o 2.º turno têm prazo de um mês para prestar contas após a votação.
Entre as maiores doadoras dos comitês do PT estão a UTC Engenharia, a Construtora OAS e a WTorre Empreendimentos Imobiliários. A UTC, que deu R$ 1 milhão aos petistas, também foi a empreiteira que mais fez repasses diretos a candidatos a vereador de São Paulo, com R$ 750 mil.
Os comitês que ajudaram a financiar as campanhas de Haddad e dos candidatos do PT também receberam doações de R$ 1 milhão do Banco Safra e outras firmas ligadas ao grupo (J. Safra Participações, Safra Leasing, e Safra Vida e Previdência).
Os petistas também obtiveram R$ 380 mil de duas empresas privadas da área da saúde: Preslaf Serviços Hospitalares e Hospital de Clínicas de Niterói. As duas doações, de R$ 190 mil cada, foram feitas no 1.º turno, quando Haddad ainda não havia sido acusado por Serra de querer encerrar contratos entre a Prefeitura e grupos privados do setor.
A editora Cered (Centro de Recursos Educacionais) repassou R$ 200 mil às campanhas do PT paulista. Haddad foi ministro da Educação até janeiro, quando deixou a pasta para disputar a eleição para prefeito.
Os comitês do PSDB, que financiaram parcialmente as campanhas da sigla em São Paulo, receberam doações de 16 construtoras e empresas do setor imobiliário. Os maiores repasses foram da OAS (R$ 500 mil), da JHSF (R$ 500 mil) e da Gafisa (R$ 400 mil).
O partido, que teve como candidato a prefeito José Serra, ex-ministro da Saúde, também arrecadou R$ 1 milhão de empresas ligadas ao grupo Amil, gigante do setor de planos de saúde. 

Em fim de semana com 25 mortes, Alckmin vê violência sob controle


ADRIANA FERRAZ , BRENO PIRES , ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a afirmar ontem que a violência em São Paulo está sob controle, apesar de a Região Metropolitana ter registrado pelo menos 25 mortes entre a noite de sexta-feira e a de ontem - só de sábado para domingo foram 17. A declaração foi dada de manhã em Carapicuíba. Sem determinar prazo, Alckmin ainda disse que a polícia já venceu o crime organizado no passado e vai vencer novamente.
Ao comentar a onda de violência enfrentada pela população, o governador pediu que as pessoas confiem na polícia paulista, que classificou como a mais bem preparada do País. "Temos a melhor e a maior polícia do Brasil, com 135 mil policiais extremamente bem treinados. Além de alta tecnologia", afirmou.
Segundo Alckmin, a parceria estabelecida com o governo federal - que será oficializada hoje com a assinatura de um protocolo de intenções, em parceria com o Ministério da Justiça - deixará o Estado mais preparado para enfrentar o crime organizado.
Ele listou três medidas que considera essenciais para esse objetivo: a remoção de líderes de facções para presídios fora de São Paulo, a criação de uma agência de inteligência integrada, que combaterá pontos estratégicos do tráfico, e o fortalecimento do Instituto de Criminalística (IC), para pesquisar o "DNA" da droga que sustenta o crime.
Sobre os casos de violência praticados por policiais militares, o governador afirmou que todos os episódios serão investigados pela Corregedoria e pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que registra as chamadas "resistências seguidas de morte".
Engano. Alckmin não quis comentar o caso envolvendo o soldado Edcarlos Oliveira, que foi preso em flagrante na madrugada de sábado após assassinar, por engano, dois homens em São Mateus, na zona leste da capital. Disse apenas que a polícia cumpriu seu papel ao prendê-lo.
Para o governador, no entanto, denúncias sobre a existência de grupos de extermínio dentro da Polícia Militar merecem cautela. "Há muitos aproveitadores fazendo notícias falsas", afirmou sobre supostas ameaças de PMs a jovens que moram na periferia da capital.
Ontem, o Estado mostrou que já há mães mandando os filhos para fora da cidade por medo de que sejam assassinados por criminosos ou policiais.