Poder 360 – A Eldorado Brasil, indústria de celulose controlada pela J&F, quer iniciar em breve a construção de um ramal ferroviário de 90 km de extensão no Mato Grosso do Sul. A ideia é conectar a fábrica da companhia, localizada no município de Três Lagoas (MS), à Aparecida do Taboado (MS), onde começa a ferrovia Malha Norte (antiga Ferronorte), operada pela Rumo Logística, que vai até o Porto de Santos (SP).
O projeto já teve aval do governo para construção, que deve contar com cerca de R$ 900 milhões em recursos privados. O ramal ferroviário permitirá à Eldorado mais eficiência e redução de custos na exportação da celulose. A empresa inaugurou nesta 2ª feira (31.jul.2023) um novo terminal portuário em Santos, que permite o recebimento de trens e tem capacidade de escoar até 3 milhões de toneladas de celulose por ano.
Se por um lado o novo terminal comporta a chegada de carga pelo modal ferroviário, sem o ramal no Mato Grosso do Sul a empresa precisa embarcar a celulose em caminhões até Aparecida do Taboado, para só lá a carga pegar os trilhos até Santos. Segundo Joesley Batista, acionista da J&F, a obra da nova ferrovia deve ser iniciada em até 1 ano.
“Ter um terminal no Porto de Santos conectado com a fábrica era um sonho desde quando a gente iniciou o projeto da Eldorado em 2010. O setor de celulose é muito consolidado e nós somos uma das empresas mais novas do setor no mundo. Fomos construindo um maciço florestal, a fábrica e a parte logística. E agora fica faltando só uma linha ferroviária de 90 quilômetros, que deve iniciar as obras daqui a 1 ano, e vai conectar 100% a fábrica ao porto”, disse Joesley.
Flávio Costa, diretor de logística da EBLog (Eldorado Brasil Logística), disse que hoje a empresa transporta 100% da celulose por caminhão. Com o terminal, será possível transportar parte da carga em trens. Mas o escoamento apenas por ferrovia depende do investimento no ramal. “Esse projeto está em estudo, devemos finalizar e levar para aprovação do conselho da empresa até o final do ano”.
Ao Poder360, o diretor-executivo Comercial e de Logística da Eldorado, Rodrigo Libaber, disse que no momento estão sendo feitos todos os estudos preliminares para submeter o projeto final ao conselho da companhia. Com o novo terminal portuário inaugurado e o futuro ramal ferroviário, a empresa quer chegar aos 40 países para onde exporta atualmente de forma mais competitiva e eficiente.
Libaber disse que a disputa judicial entre os sócios não tem afetado os planos de investimentos da Eldorado. A empresa segue sob o controle da J&F, que trava uma briga na Justiça com a Paper Excellence, gigante do setor de origem indonésia, que tenta assumir o comando da companhia. Segundo ele, a inauguração do terminal em Santos, com capacidade de exportar até 3 milhões de toneladas por ano, é prova de que os projetos estão tendo seguimento.
Foram investidos mais de R$ 500 milhões no projeto de expansão, batizado de EBlog STS 14. O terminal terá capacidade de realizar o embarque de até 2 navios simultaneamente. A obra foi iniciada em janeiro de 2022 e permitirá que a empresa triplique sua capacidade de exportação e embarque celulose também em contêineres.
A área do terminal, com 53.000 metros quadrados, conta também com amplo espaço de armazenagem. Pode abrigar até 150 mil toneladas de celulose. O terminal tem capacidade de receber cargas de caminhões e composições de trem com até 72 vagões, acelerando o processo de embarque.
EXPANSÃO DA FÁBRICA
Hoje, a fábrica da Eldorado tem capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano. Com a inauguração do novo terminal, a empresa tende agora a ampliar a capacidade da indústria. Segundo Libaber, a indústria já foi projetada pensando numa futura expansão com a implantação de uma nova linha de produção.
“A perspectiva de ampliação da fábrica nasceu junto com a Eldorado. A gente já iniciou o projeto em 2010 almejando ter 2 ou mais linhas de produção. A expansão, ao nosso ver, é o caminho natural. Quando ela vai vir e como vai ser, a gente não sabe ainda. Parte do que podia ser feito já fizemos, que não demandava um volume tão alto de investimentos e permitiram a gente ampliar a produção”, comentou.
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