A ampliação da produção de etanol de milho no Brasil, especialmente em Mato Grosso, mas também em Mato Grosso do Sul e Goiás, surpreendeu muitos especialistas do setor sucroenergético. O produto passou de um “extra” das usinas flex – que aliam cana e milho na fabricação de etanol – para um negócio independente. Dois exemplos são as empresas Inpasa e FS, que utilizam somente o grão em suas indústrias e estão entre as maiores em capacidades produtivas no país, liderando o fornecimento do biocombustível.
De olho neste panorama claramente favorável, o BTG Pactual tem uma perspectiva ainda mais expansionista. Na visão do banco, a cana-de-açúcar poderá ser destronada pelo milho em pouco tempo.
Para defender sua tese, o BTG observa que a produção doméstica do renovável com o grão saiu de quase zero, há apenas cinco anos, para 6 bilhões de litros estimados na temporada vigente. Com isso, representaria cerca de 19% da produção de etanol no Centro-Sul.
Por outro lado, a fabricação do renovável a partir da cana caiu de 32 bilhões de litros em 2019/20 para 26 bilhões de litros estimados para este ciclo. Conforme dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), por sua vez, a produção em 2019/20 foi um pouco maior: 33,26 bilhões de litros.
“Olhando para a economia do negócio, para as usinas que já estão em funcionamento, inclusive as que estão anexadas às de cana-de-açúcar, ficamos impressionados. Um dos aspectos do negócio que equivocadamente ignoramos foram os subprodutos, principalmente o DDG (grãos secos de destilaria)”, enxergam os analistas.
O relatório completa que o DDG cobre boa parte dos custos do milho e mitiga a aparente falta de correlação entre os preços do etanol e do milho.
Outro fator relevante é a simplicidade operacional e financeira do negócio que, segundo os analistas do banco, permite retornos mais rápidos, menos capital empregado e menos riscos operacionais.
“Nossa percepção é que, como a produção brasileira de milho deve continuar crescendo rapidamente, essas vantagens se sustentarão: nos últimos dois anos, o Ebitda pelo capex por litro do etanol de milho foi de R$ 1,27 contra R$ 0,91/L da cana-de-açúcar”, compara o documento.
As análises estão em relatório de julho do banco, assinado pelos analistas Thiago Duarte, Henrique Brustolin e Pedro Soares.
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