The New York Times e The Wall Street Journal ainda resistiram, falando em "extrema direita" (far right) nos primeiros enunciados sobre as prévias na Argentina. Também lembrando que o agora suposto favorito promete "eliminar a educação pública, criar um mercado para a venda de órgãos humanos, expandir a posse de armas e proibir o aborto". E que "Bolsonaro apoiou".
Mas The Washington Post e Bloomberg evitam falar em "extrema", usando só "direita". Quando muito, veem um candidato "libertário" e "outsider". A Bloomberg ouviu, do estrategista-chefe do banco brasileiro BTG Pactual em Buenos Aires, que "os investidores gostam da mensagem econômica de Javier Milei", embora temam seu "estilo agressivo" e o "risco institucional".
Também evitando menção à extrema direita, a revista The Economist se entusiasmou com a cabeleira do candidato, em sua sequência de títulos: "O rugido do leão", "Argentina pode ter seu primeiro presidente libertário" e "Milei, um radical do livre mercado".
Em editorial, o WSJ de Rupert Murdoch abandonou a cautela de seu próprio noticiário e saiu em defesa do "outsider" que incorpora a "revolta da classe média argentina" (acima) e não seria o "louco que a imprensa internacional está retratando":
"Milei é um economista que defende limites para o governo e culpa, pelos problemas da Argentina, os impostos sufocantes, a hiperregulação, os subsídios e o protecionismo. Ele quer abrir mercados, cortar gastos públicos, acabar com os controles de capital e privatizar estatais."
Em todos os relatos, inclusive os ainda críticos, enfatiza-se que ele promete "adotar o dólar dos EUA como moeda oficial da Argentina".
NEONAZISMO SE ESPALHA
Com mapa das operações policiais antinazistas em julho, em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, o Financial Times destaca a reportagem "‘Um só povo, um só Reich’: grupos neonazistas se espalham pelo sul do Brasil" (acima).
Reproduz o vídeo célebre, dos "manifestantes que, nos dias tensos após a eleição, se reuniram em frente a um quartel do Exército em São Miguel do Oeste. Ao som do hino nacional, os apoiadores do derrotado presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, estenderam o braço direito, com as palmas das mãos abertas, em saudação".
Lembra que o brasileiro que tentou matar a vice-presidente argentina Cristina Kirchner, no ano passado, tinha tatuagem nazista. E destaca, da vereadora Ana Lúcia Martins, de Joinville: "O extremismo sempre existiu, mas há uma expressão muito mais forte dele nos últimos anos".
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