Alexandre Baldy é de uma família de empresários, mas fez sua carreira na política. Conhece como poucos o funcionamento das engrenagens do governo. Sua trajetória o colocou na presidência do conselho da montadora chinesa BYD, que disputa a liderança global dos carros elétricos e escolheu o Brasil como peça-chave de sua expansão.
Baldy, principal peça para fazer esse plano funcionar no país, ajudou a costurar o acordo para a instalação da fábrica na Bahia. A ideia é inaugurá-la em outubro e, a partir de 2024, colocar o Seagull no mercado, um veículo na faixa de R$ 100 mil. É a aposta da fabricante para que os brasileiros migrem do carro tradicional, a combustão, para o elétrico.
O plano da BYD se encaixa com o da reindustrialização pelo governo? É um símbolo importante reabrir, nesse momento, uma fábrica que já foi ícone para o Nordeste para criar cinco mil empregos.
Por que o governo da Bahia interferiu na negociação entre a BYD e a Ford pela fábrica de Camaçari?
A tratativa com a Ford se iniciou no fim do ano passado e foi tomando muito tempo, sem muitos argumentos para fazer sentido a demora.
A rivalidade entre China e EUA pesou? Não saberia dizer. Para que não fôssemos para outro local, o governo [da Bahia] acionou uma cláusula contratual de reversão da propriedade, porque ela estava parada. Foi amigável.
Terão um contrato similar? Será nos mesmos moldes.
Ganharam incentivos fiscais? Basicamente, uma redução de 95% do ICMS e de 75% do Imposto de Renda.
Qual o potencial de vendas? Em dois meses, foram vendidas cinco mil unidades do Dolphin. Ele tem preço acessível [R$ 149 mil] e acessórios de um carro de meio milhão de reais. Chega para alavancar 60 mil unidades ano. O Dolphin tem potencial para 36 mil. Em 2024, chegaria o Seagull, de R$ 100 mil, para concorrer com o E-JS1 [JAC] e o Ora [GWM]. Com ele, adiciono mais volume com preços na faixa do Polo [da Volkswagen] só que mais equipado.
Qual será a produção inicial? Partimos de 150 mil unidades, sendo 80 mil só para o Brasil.
Ou seja: vocês estimulam a migração do carro tradicional para o elétrico. Isso só ocorre com escala e a China tem esse papel de massificação. O que caberá ao Brasil? Será o segundo mercado. Partirá daqui a produção e distribuição para a América Latina.
Quase toda a produção da BYD foi vendida. Isso mostra interesse pelo elétrico ou somente um desequilíbrio entre oferta e procura? O Dolphin oferece autonomia de 400 km com uma bateria de 44.9 kW (kilowatt). Ao custo de 1 kWh (kilowatt-hora) em São Paulo, você carregaria essa bateria com R$ 32. No carro a combustão, o desembolso seria de R$ 250. Isso desperta o interesse.
Já entraram nos EUA?
Só oferecendo baterias para a Tesla.
E na Europa?
Estamos na Itália e na Inglaterra. Estamos tentando entrar na França.
RAIO-X | Alexandre Baldy, 43
Formação: Direto pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás
Carreira: Iniciou sua carreira na vida pública como secretário de Indústria e Comércio de Goiás, foi deputado federal, ministro das Cidades, secretário dos Transportes Metropolitanos de SP e atualmente preside o conselho da BYD no Brasil
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