segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Assim é porque parece, Dora Kramer, FSP

 A rotina de baixezas ilícitas, aliada à ofensiva golpista reiterada verbalmente por Jair Bolsonaro várias vezes e materializada por seus seguidores em 8 de janeiro, caminha para mais dia, menos dia levá-lo à prisão. Ele mesmo aventa em público tal desfecho na tentativa de se aplicar a vacina de vítima do "sistema".

Pois o processo investigativo que atua para desvendar o conjunto da obra destrutiva erigida num governo que segundo avaliação da Polícia Federal abrigou uma "organização criminosa" fecha o cerco sobre o ex-presidente. Não como mártir, mas na figura do algoz.

Mauro Cid e o então presidente Jair Bolsonaro - Adriano Machado - 18.jun.19/Reuters - REUTERS

Os investigadores não diriam ter certeza do envolvimento dele no desvio de bens públicos se não tivessem elementos para isso, mesmo antes da conclusão do inquérito das milícias digitais que vem de revelar um esquema para "passar nos cobres" presentes valiosos destinados ao Estado brasileiro.

Se o Supremo autorizar, ele vai de novo depor na PF e terá seus sigilos bancário e fiscal quebrados, assim como os de sua mulher, Michelle. Daí para uma operação de busca e apreensão é um pulo nesse tipo de andar das carruagens.

Já vimos em escândalos anteriores envolvendo altos personagens da República como primeiro são mapeadas as malfeitorias do entorno até a obtenção de fundamentos que impliquem o chefe. No caso PC Farias, no mensalão e na descoberta da corrupção na Petrobras, no entanto, houve mais complexidade para o desvendamento dos crimes.

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Agora o que vemos é um volume imenso de provas produzidas pelos investigados, cujos comportamentos obtusos demonstram que as aparências não enganam. São o que são. Do abuso de poder, das urdiduras antidemocráticas ao badernaço golpista, passando pelas sabotagens e fraudes no trato da pandemia, chegamos à rapinagem de joias.

Tudo registrado em palavras e imagens que Jair Bolsonaro, para se livrar, precisa provar que só ele não viu.


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