segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Alexandre Baldy deixa Secretaria dos Transportes em SP para se candidatar, FSP

 O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, pediu demissão nesta segunda-feira (18). O motivo para abandonar o cargo é a intenção de se pré-candidatar a uma vaga no senado, por Goiás, nas eleições de 2022.

O secretário-executivo Paulo Galli assume interinamente a pasta.

Baldy chegou à secretaria em 2019, com João Doria (PSDB) à frente do Palácio dos Bandeirantes.

A trajetória nos Transportes Metropolitanos de São Paulo teve, em agosto de 2020, o momento mais crítico.

Baldy pediu afastamento após ser preso pela Polícia Federal sob a acusação, que ele nega, de envolvimento em esquemas na área da saúde em anos anteriores, sem relação com a sua passagem pelo governo paulista .

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Foi solto por determinação do ministro Gilmar Mendes logo na sequência. Baldy foi também deputado federal por Goiás e ministro das Cidades na gestão Michel Temer (MDB).

Além da prisão, Baldy foi alvo de busca e apreensão pela PF, que encontrou R$ 200 mil em dinheiro vivo, divididos em duas casas mantidas por ele em Brasília (DF) e em Goiânia (GO).

Ele disse então que “cada centavo” encontrado nos imóveis estava declarado no Imposto de Renda e que o dinheiro era “fruto de trabalho, suado, lícito e moralmente correto”.

Alexandre Baldy, secretário de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, durante evento - Lucas Seixas - 28.ago.2019/Folhapress

Nesta segunda, com a despedida, o governo estadual destacou que a passagem de Baldy pela secretaria teve como marcas o fato de destravar obras paralisadas, levando São Paulo a ultrapassar a marca de 100 km de metrô. Também foi citada a entrega de trens para a linha 10-turquesa.

Na carta enviada a Doria, Baldy se disse grato pela confiança e disse que conseguiu "entregar dignidade e respeito" aos trabalhadores que usam, diariamente, a estrutura dos transportes metropolitanos, citando ainda a fase crítica da pandemia. "Foi em meio a minha gestão que passamos por um dos maiores desafios da humanidade, vencendo dia a dia na luta contra o coronavírus, sempre tomando atitudes pioneiras e copiadas dos demais sistemas de transportes sobre trilhos do mundo todo”, afirmou.

Em nota, Doria agradeceu a Baldy pelo período em que esteve no comando da secretaria. “Alexandre Baldy foi competente, dedicado e inovador à frente da Secretaria de Transportes Metropolitanos. Deixa amigos e um grande legado com sua atuação”, afirmou Doria.

Um país pouco sério, Hélio Schwartsman, FSP

Não é um país sério”. A frase, cujo sujeito é o Brasil, teria sido dita por Charles de Gaulle. Só que ele nunca a proferiu. A “fake news” diz respeito apenas à autoria, porque, no conteúdo, não vejo como discordar da conclusão de que o Brasil não é sério. E não é preciso mais que uma rápida olhadela em notícias recentes para prová-lo.

O caso mais gritante é o de Jair Bolsonaro. A CPI levantou farta documentação de que suas ações e omissões resultaram em dezenas (talvez centenas) de milhares de mortes evitáveis. Ele também se pôs em repetidos flagrantes de democraticídio, que culminaram no 7 de Setembro. Não obstante, nem o Congresso nem a Procuradoria-Geral da República mexem uma palha para removê-lo do cargo, como ocorreria num país sério.

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou o retorno imediato das aulas presenciais em caráter obrigatório para todos os alunos das redes pública e privada, mas 75% das escolas estaduais só poderão receber 100% dos estudantes em novembro, quando deixará de valer a exigência do governo do estado de manter as carteiras a um metro de distância umas das outras.

Ou bem Doria deveria ter antecipado o fim do espaçamento mínimo, ou não deveria ter anunciado o retorno imediato. O Brasil está entre os países que por mais tempo suspenderam as aulas presenciais, só as retomando muito depois de reabrir bares, restaurantes e shoppings, o que também é incompatível com qualquer definição de seriedade.

Por fim, o PT edita uma espécie de cartilha em que tenta desvencilhar-se de acusações de corrupção. Lula fora condenado por um juiz que não agiu com imparcialidade. Os julgamentos foram corretamente anulados, o que dá a Lula o direito de proclamar-se inocente. Mas o partido já adentra no reino na ficção quando sugere que não houve corrupção sistêmica na Petrobras e nem mesmo no mensalão. Ignorar os fatos não é coisa de gente séria.

O bolo de Hitler no aniversário da estudante gaúcha, Marcos Nogueira- Cozinha Bruta, FSP

 

Uma estudante de história da UFPel (Universidade Federal de Pelotas, RS) comemorou o 24º aniversário com um bolo com a imagem de Adolf Hitler impressa na cobertura. Caroline Gutknecht ainda compartilhou fotos da festinha nazi nas redes sociais, mas depois apagou. O caso, ocorrido em setembro, ganhou destaque nacional ontem, com a nota publicada pela colunista Monica Bergamo.

Um bolo de Hitler tem muita coisa a nos dizer. Aqui vão algumas:

1. Não é piada

Os responsáveis pelo bolo podem, a qualquer momento, vir dizer que era piada. Sátira. Tiração de sarro. Está evidente que não há humor sarcástico ou crítica ao nazismo no bolo. Se fosse sátira, Hitler estaria enforcado, decapitado, no mínimo seria retratado como um filhote de Satanás. É um desenho sério, solene, com o líder nazista em uniforme militar. De qualquer forma, há algo de estranho nessa história, há elementos conflitantes. Caroline tinha balões com mensagens como “o mundo é das mulheres” e “mais amor, menos guerra”. Seu perfil no Twitter tem uma arte típica de estudantes de história –ou seja, esquerdistas–, com figuras do naipe de Lênin numa montagem fotográfica. Um grupo de discussão num post do DCE da UFPel no Facebook fala que Caroline é neuroatípica, tem alguma questão relativa à saúde mental. Resta à estudante (ou a alguém que a represente) vir a público para tentar se explicar.

2. A aniversariante não está sozinha

Obviamente, havia mais gente na festa. Alguém assou o bolo e o confeitou sem questionar a imagem. Ninguém se retirou do recinto na hora do parabéns. Um  homem mais velho (pai?) posa com Caroline junto ao bolo em uma das fotos na internet. Nenhuma dessas pessoas sabia nada sobre Hitler e nazismo?

3. Os nazistas nunca deixaram de existir

Ninguém se torna fã de Adolf Hitler e uma hora para outra. A farta produção de revista com “reportagens históricas” sobre o nazismo nos últimos 20 anos é uma amostra de que esse pessoal estava quieto. Mas agora decidiu sair da toca.

4. Nazistas saíram do armário e não querem voltar

Bolo de aniversário, fotinho no Instagram, reunião com partido neonazi alemão… isso pode parecer falta de senso de noção, mas é estratégia. Vão, aos poucos, empurrando os limites do normal, do admissível. Cada ousadia aparentemente burra é um passo na direção da normalização do nazismo.

5. Conservador, uma ova

No Brasil, a ultradireita se agarra ao rótulo “conservador”, mas na verdade é reacionária e retrógrada. O emprego de eufemismos, o uso de palavras suaves para designar coisas bárbaras é parte da estratégia de normalização do obscurantismo. E quem é o líder desse movimento, hein?

6. O Sul do Brasil tem um problema

Não é preconceito contra a gente do Sul: são os fatos. Os estados do ParanáSanta Catarina e Rio Grande do Sul colecionam episódios de ataques racistas e louvor ao nazismo. A ascendência europeia, o déficit de educação e outras questões 100% brasileiras talvez expliquem o apelo que o discurso da supremacia branca tem entre muitos sulistas –uma minoria que faz barulho.