quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Maia diz que vitória de Bolsonaro em 2018 se deu em ambiente de polarização e fake news, FSP

Em Londres, presidente da Câmara falou em palestra sobre o uso intensivo de redes sociais no processo eleitoral brasileiro

Célia Froufe, O Estado de S.Paulo
24 de outubro de 2019 | 09h09
LONDRES - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira, 24, em Londres que foi num ambiente de uso intensivo das redes sociais e de polarização - não apenas no Brasil, como em todo o mundo - que Jair Bolsonaro foi eleito presidente.
"Era um ambiente de muitas fake news", afirmou durante palestra no Brazil Institute, do King's College.
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Rodrigo Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia Foto: Dida Sampaio / Estadão
Para Maia, o Brasil saiu das eleições de 2018 com um resultado que, de alguma forma, converge com alguns outros eventos que ocorreram no mundo, como a eleição norte-americana, que levou Donald Trump ao poder, e o Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
"É um caminho de viralizar o ódio contra as instituições democráticas. Não é apenas no Brasil. Na Europa, Espanha é um exemplo disso, talvez também o Brexit, e, nos Estados Unidos, também a eleição", citou.
 A grande questão, segundo o presidente da Câmara, é que a intenção de votações como esta é a de "tirar algo do lugar", mas há uma dificuldade de se colocar algo que possa substituir o sistema concretamente. "É nesse ambiente que o presidente Bolsonaro e o Parlamento atual vencem a eleição."

O Anhangabaú conta a história de São Paulo melhor do que ninguém, OESP

Mauro Calliari
24 de outubro de 2019 | 11h50

Outubro de 2019
O Anhangabaú está em obras novamente. Que espécie de cidade vai surgir daí?
Alguns lugares parecem conter em si um DNA da história da cidade, numa espécie de metonímia urbana. O Anhangabaú é um deles.
Se é verdade que, como sugere o sociólogo espanhol Manuel Castells, o espaço é uma expressão da sociedade, o Anhangabaú pode contar muito sobre a sociedade paulistana e suas transformações.
Assim, se viajarmos no tempo, através das fotos históricas até hoje, podemos acompanhar um pouco do espírito de cada época. Quem sabe isso ajude a pensar no novo projeto?
O vale do Anhangabaú, 1890
Durante o século XIX, o vale era um cenário bucólico, com o Ribeirão Anhangabaú cercado de plantações e algumas casas nas encostas. Nada na foto acima podia preparar os habitantes para as transformações que viriam.
Início do século XX
No início do  século XX, a vila já havia se transformado em cidade e o vale virava um jardim.
O dinheiro do café, a República, a abolição, a imigração e o início da industrialização sacodem a vida e abrem espaço para um espaço urbano à altura dessas mudanças.
O projeto para o vale partiu do Plano Bouvard, de 1911, compondo, com o Teatro Municipal e a Líbero Badaró alargada, uma paisagem quase francesa. O complexo não chegava até a São João, que seria promovida a avenida em 1912 e, até 1930, alargada e transformada no grande palco da modernidade paulistana.
Década de 1950.
No início da década de 1950, o vale é violentamente transformado numa passagem de carros, parte de uma das pernas do chamado ‘sistema Y’, do plano de Avenidas, de Prestes Maia.
Edifícios são suprimidos, vias alargadas e uma passagem subterrânea é criada. O Anhangabaú deixa de evocar rios, plantações, jardins e paisagem e se transforma num eixo viário, representando as aspirações de deslocamento rápido e mobilidade a todo custo dos paulistanos.
Década de 1970
É o momento em que a cidade sacrifica a qualidade de seus espaços públicos e começa a sofrer do mal que acometeu as grandes cidades durante o século XX, o rodoviarismo, ou seja, a prevalência dos fluxos de passagem sobre os lugares.
Na foto acima, alguns pedestres tentam em vão atravessar a rua. Os dois lados do vale se desconectam.
Alguma coisa não fazia sentido. De um lado, um milhão de pessoas circulando a pé pelo centro, obrigadas a dar a volta para atravessar o vale pelos dois viadutos, o do Chá e Santa Ifigênia. De outro, 12 mil carros por hora, ocupando um dos espaços mais simbólicos da cidade.
Década 1990

Com esse diagnóstico, em 1991, a Prefeitura realiza um concurso público, com mais de 150 projetos inscritos, numa mostra da importância do assunto. É escolhido o projeto de Jorge Wilheim e Rosa Kliass. A solução, nas palavras, de Wilheim, foi “óbvia”: esconder os carros num túnel e liberar espaço para as pessoas em cima.

2017
Resgatado do julgo do carro, nas próximas décadas, o Anhangabaú é palco de manifestações, shows e até a fan fest da copa de 2014, mas sem ser brilhante como espaço de vida cotidiana. Passa-se por ali, mas prefere-se os viadutos. Estaciona-se por ali, mas não é tão agradável assim.
Em 2019, a Prefeitura anunciou o projeto de requalificação do Anhangabaú, retomando um projeto concebido na gestão anterior, através de um processo de workshops, com convidados interagindo com o escritório do influente urbanista dinamarquês Jan Gehl. Gehl é uma referência em espaços públicos no mundo e um dos arautos da ‘cidade para pessoas’.
O projeto de requalificação.
Os workshops ajudaram a mostrar as rotas de circulação das pessoas e apontara sugestões na melhoria de ligação com as colinas, na reconstituição do eixo da São João, na abertura de lojas no vale e no resgate das fachadas ao redor.
O custo não é baixo, cerca de R$ 80 milhões, e tem sido objeto de questionamentos. Havia problemas que talvez pudessem ter sido endereçados sem gastar tanto dinheiro, como o infame buraco para os banheiros que cortavam a passagem da São João, a falta de pontos de atratividade, como algum comércio, ou um café, a própria  dificuldade em atrair frequentadores, os acessos à colina e a falta de lugares de permanência.
Por outro lado, não houve propriamente audiências públicas que conseguissem submeter as propostas ao crivo de frequentadores e comerciantes, e há pelo menos um ponto muito controverso, umas fontezinhas que serão ligadas em dias de calor. Quem já andou pelas fontes do centro sabe a dificuldade que é manter o funcionamento, a limpeza e a segurança desses lugares.
Mais uma vez, o vale vai mostrar a face da sociedade que o criou.
Já tivemos plantações, já escondemos o rio, já andamos num jardim europeu, já vimos a dominância dos automóveis, já vimos esforços para trazer as pessoas de volta.
Agora, esperamos que a cidade que está se reencontrando com seus espaços públicos assista pelo menos o renascimento de um lugar de encontro, de inspiração e de respeito à sua história.
Diante de tudo o que o vale do Anhagabaú representa na história da cidade e do gasto já empenhado, vou torcer para o projeto dar certo e cobrar para que seja incrível. O mínimo que deveríamos esperar nesse momento é que a gente invista nosso dinheiro para criar um espaço maravilhoso, que sirva de ponto de encontro e que faça jus à importância simbólica desse lugar.


Fotos início do século: autoria desconhecida
Foto década 1990: Nelson Kon/Vitruvius
Foto 2017 e 2019: Mauro Calliari
Foto Projeto: Prefeitura

Futura estação João Dias da Linha 9-Esmeralda recebe licenciamento ambiental da Cetesb e já pode iniciar obras, Diário do Transporte

Futura estação João Dias da Linha 9-Esmeralda recebe licenciamento ambiental da Cetesb e já pode iniciar obras

  24/10/2019
person Diário do Transporte
  
Futura estação João Dias da Linha 9-Esmeralda recebe licenciamento ambiental da Cetesb e já pode iniciar obras Divulgação
Com estimativa de demanda de 10,7 mil passageiros por dia e investimentos previstos de R$ 60 milhões a Estação João Dias da Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) já pode iniciar as obras.
A Companhia, que entrou com pedido de licença ambiental junto à CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo há alguns meses, acaba de receber a autorização para iniciar o empreendimento. A publicação está no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira, 24 de outubro de 2019. Como mostrou o Diário do Transporte, no dia 1º de março de 2019 a CPTM abriu procedimento de manifestação de interesse pela iniciativa privada para receber doações sobre direitos de propriedade para a construção da estação João Dias.
O procedimento foi necessário diante da oferta para a CPTM de doação da TG São Paulo Empreendimentos Imobiliários S.A. - Tegra, antiga Brookfield São Paulo Empreendimentos Imobiliários SA. A empresa ofereceu os direitos sobre propriedade de unidade autônoma em condomínio do empreendimento imobiliário, com torres residenciais, que possui ao lado da área correspondente à futura estação.
Pelo projeto aprovado, a estação terá duas entradas: uma dentro do prédio da incorporadora e outra, a principal, na pista local da Marginal Pinheiros. A Tegra faz a doação com propósito específico de implantar a estação João Dias, o que a execução das obras e o projeto contemplando o edifício de acesso, a plataforma de embarque e desembarque e a passarela de acesso, sobre a Avenida das Nações Unidas, que interligará a estação à plataforma de embarque, além da infraestrutura ferroviária da Linha 9 - Esmeralda, que inclui realocação temporária da rede aérea e sinalização ferroviária.
Anunciada em 2016 pela CPTM, em conjunto com a construtora Brookfield, a estação estava prevista para ser entregue até 2018. A Estação João Dias será implantada entre as Estações Granja Julieta e Santo Amaro, do km 27,5 ao km 29,4 da Linha 9-Esmeralda.
SEM NOVIDADE
No dia 15 de março, portanto duas semanas após a CPTM lançar o procedimento por manifestação de interesse, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou em coletiva a nova estação para a Linha 9-Esmeralda, totalmente reformada e equipada pela livre iniciativa.
Nesse dia, Doria afirmou que tão importante quanto essa obra, é o fato de que ela será paga integralmente pelo setor privado, e ainda estabelece um novo modelo para licitações na CPTM.
Ainda segundo o governador, todas as estações da Companhia passarão a ter o padrão metrô, o que foi repetido pelo Secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy. São estações seguras, com um grau de conforto maior, acessibilidade plena, com sinalização em padrão internacional, concluiu o governador.