domingo, 30 de setembro de 2012

MEC: 'Educação não é sabonete' juros do cartão


 Estado de S.Paulo 24 set 2012
Os empresários do ensino superior privado estão se mobilizando para barrar um projeto de lei de autoria do Ministério da Educação que propõe a criação de uma nova autarquia para fiscalizar as entidades do setor. Entre os artigos mais polêmicos, está o que determina que fusões e aquisições de empresas de educação terão de ser aprovados previamente pela autarquia - além de continuar passando pelo crivo do Cade.
"O texto é confuso e não explica, por exemplo, sob que ótica as negociações serão avaliadas", diz Hermes Figueiredo, presidente do sindicato que reúne as empresas de São Paulo e dono da Universidade Cruzeiro do Sul. "Os processos já são morosos e o Cade também já interfere fortemente. Não entendemos a necessidade disso", afirma a executiva da Kroton, Gislaine Moreno. Amanhã, alguns dos principais executivos do setor devem se reunir em Brasília com representantes do MEC para discutir o assunto.
Sobre a crítica dos empresários, o ministro da Educação Aloizio Mercadante foi enfático: "Educação não é sabonete". Ele ressaltou que 75% dos estudantes do ensino superior estão em instituições privadas e boa parte deles integra programas do governo federal. "Não se trata de um setor da economia que produz sabão, mas que forma a maioria de nossa juventude. Portanto, precisa ser monitorado."
ENERGIA
Empresas do setor perdem uma JBS na bolsa em 2012
As 36 empresas de capital aberto que atuam no setor de energia viram seu valor de mercado despencar R$ 18 bilhões durante 2012, segundo levantamento da consultoria Economática. Foi como se o setor tivesse perdido o equivalente a uma JBS entre janeiro e setembro. Parte considerável dessa queda é reflexo das medidas anunciadas recentemente pelo governo federal para redução das tarifas de energia elétrica, que geraram um clima enorme de insegurança no setor.
CONSTRUÇÃO
A dura vida da Gafisa
Quando parece que a construtora está caminhando para solucionar um problema, esbarra em outro. Já faz quase duas semanas que o banco Rothschild está nas ruas com um mandato de venda de Alphaville - a empresa de loteamentos que mais tem dado alegria à Gafisa nos últimos meses e também uma das mais cobiçadas do mercado imobiliário. Mas são poucas as concorrentes que teriam condições, neste momento, de desembolsar o que a Gafisa está pedindo por Alphaville - algo em torno de R$ 1,8 bilhão. Quase todas as companhias do setor estão concentradas em entregar empreendimentos atrasados e organizar a casa. Cyrela, MRV e Eztec seriam as candidatas mais prováveis, mas o preço assustou, segundo uma fonte que tem acompanhando de perto as negociações. O valor pedido por Alphaville é sete vezes o seu patrimônio líquido. A Eztec, por exemplo, que é uma das empresas mais rentáveis do setor, vale na bolsa duas vezes o seu patrimônio. A Gafisa não comenta o assunto.

Os retalhos de uma trajetória de empreendedorismo


O Estado de S.Paulo
O casal de judeus poloneses recém-chegados ao Brasil, Szaja e Chaja Mindla Szajman não sabia nada de português. Os dois foram acordados numa noite de 1940 e obrigados a sair de casa, com a roupa de dormir. Não tinham nem como perguntar o que estava acontecendo: Adhemar de Barros, interventor federal no Estado de São Paulo, tinha decidido que a rua em que os imigrantes moravam, no Bom Retiro, ia dar lugar à "Zona de confinamento das prostitutas". Juntamente com todos os moradores da rua, os pais do hoje empresário Abram Szajman estavam sendo despejados de surpresa, no meio da madrugada.
Recheado de casos como esse, que acabam retomando a história da cidade de São Paulo, o livro Alguns retalhos - Abram Szajman: A Construção De Um Homem e De Seu Legado, escrito pelo jornalista e editorialista do Estado, Jorge J. Okubaro, conta a trajetória do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), cargo que Szajman ocupa desde 1984.
A carreira do empresário no comércio, como conta a obra que está sendo lançada hoje, às 18h30, na sede da Fecomércio (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista), começou bem antes. Aos dez anos de idade, Szajman começou a trabalhar como office-boy na loja de malhas de um tio, que havia migrado para o Brasil anos antes de seus pais. Aos dezoito anos, já era gerente. Quando o tio faleceu, assumiu o negócio e, poucos anos depois, montou sua própria loja.
O grande salto aconteceu nos anos 70. Convidado por um amigo, Szajman decidiu entrar em um ramo que ainda era novidade: o de vale-refeições. Foi quando a VR, mais tarde Grupo VR, nasceu. A empresa cresceu tanto que, em 2008, o empresário vendeu a divisão de vale-refeição e alimentação para a francesa Sodexo por R$ 1,03 bilhão.
Diversificação. Szajman tem no seu histórico a atuação em várias áreas de negócios. Chegou a ter 19% do antigo Mappin. Também foi o segundo maior acionista do Banco Real. Recentemente, com mais de 70 anos, o empresário decidiu se aventurar por um novo ramo: o imobiliário. Em 2010, quando o setor viveu um dos seus melhores momentos, Szajman comprou uma participação na Yuny Incorporadora. Também investiu R$ 60 milhões em um novo produto voltado para o mercado de meio de pagamentos.


Um perfil de Clarence Seedorf, um cidadão do mundo


GONÇALO JUNIOR - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Bebês prematuros, aqueles que nascem antes das 38 semanas de gestação, normalmente não conseguem respirar sozinhos. Sofrem de apneia (ausência de respiração), gemem bastante e até podem ficar roxos nos momentos de crise. Por isso, precisam de cuidados especiais o tempo todo. A construção de uma unidade neonatal respiratória no Hospital Acadêmico de Paramaribo, capital do Suriname, contribuiu com a redução de 30% da mortalidade dos prematuros desde 2005. Tudo por causa de aparelhos mais modernos e que facilitam os cuidados com os pulmões dos pequeninos surinameses.
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link TÓPICO - Botafogo
Clarence Seedorf: meia do Botafogo - Fábio Motta/AE
Fábio Motta/AE
Clarence Seedorf: meia do Botafogo
Você não está lendo o texto errado. Foi Clarence Seedorf, a maior contratação da história do Botafogo, que financiou a reforma de R$ 300 mil do hospital por meio de sua fundação Champions for Children, instituição sem fins lucrativos que desenvolve projetos sociais no mundo todo, começando pelo Suriname, terra natal do jogador. O camisa 10 participou da cerimônia de inauguração do setor e visitou o país duas vezes para acompanhar os trabalhos. Logo apoiada pelo governo, a iniciativa acelerou um processo que levaria entre cinco e dez anos de acordo com os profissionais do hospital.
Seedorf é assim: quando o procuramos no campo, está cuidando dos projetos sociais. Quando achamos que está no Brasil, está no Suriname. Ou na Itália. Ou nos Estados Unidos. Tem uma grande ação para cada um dos sete idiomas que fala (português, holandês, francês, inglês, italiano, espanhol e o crioulo).
O berço vem em primeiro lugar. A inscrição "mi sab' dat mi lob Srana" (sei que amo o Suriname) está na entrada da unidade neonatal. Seedorf nasceu em 1975, um ano depois da independência do País, saiu ainda jovem e adotou a cidadania do colonizador, a Holanda. Mesmo assim, transformou em lenda o sobrenome do avô, filho de escravos que, apesar da alforria, carregou o Seedorf do antigo senhor alemão.
Daria para fazer um livro sobre os projetos sociais de Seedorf, mas, por questões de espaço, vai tudo em sete linhas: a Champions for Children possui seis projetos em vários países, entre eles, Camboja, Quênia e Brasil. Em Salvador, o craque investiu 50 mil na construção de um centro de recreação e esportes no bairro de Alagados, um dos mais pobres da Bahia.
Esse comprometimento chegou aos ouvidos de Nelson Mandela. Em 2009, o jogador foi condecorado como membro do "Champions Legacy", grupo que ajuda a manter o legado do líder sul-africano. São só bambambãs, como David Rockefeller e Bill Clinton, que se destacam por esforços filantrópicos no mundo. E Seedorf muda para o inglês.
"Testemunhar a fome que estrangulava a Etiópia na década de 80, quando eu era apenas uma criança, teve um efeito profundo em mim e despertou meu desejo de dar forma ao meu destino", declara em tom solene na apresentação de sua fundação.
AMOR
Entre tantas línguas, o coração do craque escolheu a de Camões. Ou melhor, a de Neguinho da Beija-flor. Quando Seedorf e a brasileira Luviana completaram sete anos de casamento, o holandês preparou uma festa surpresa em Milão. Mandou chamar o puxador de samba e pediu que cantasse a preferida da amada: a música Negra Ângela (Hoje eu vi um lindo negro anjo/Anjo negro, lindo anjo/Negra Ângela).
Esse foi um dos pontos altos de uma história de conto de fadas. Os dois se conheceram no início da década de 90, quando Luviana, então passista de Mocidade Independente de Padre Miguel, viajou com a escola para uma temporada de shows na Itália. Ela era de família humilde, moradora do Realengo que ganhava a vida com apresentações como mulata. "Foi o casamento de um príncipe e uma princesa", derrete-se o compositor Jorginho Estrela Negra, uma espécie de cupido e amigo do casal até hoje.
Jorginho conta que Luviana é uma primeira dama com jeito de primeira ministra. Foi ela quem bateu o pé para que o jogador aceitasse a proposta do Botafogo, deixando de lado uma oferta salarial de R$ 1,5 milhão por mês do chinês Guangzhou Evergrande, mesmo time do argentino Darío Conca, além de outras propostas de cair o queixo da Inglaterra, Estados e Unidos e Catar. Seedorf balançou, mas cedeu (no Botafogo, recebe por volta de R$ 700 mil de salário, além de luvas de R$ 1,5 milhão). "Prevaleceu a vontade dela de voltar ao Brasil e vê-lo no seu time do coração".
O desejo de Luviana foi compartilhado por duas mil pessoas, que foram ao aeroporto para recebê-lo em julho, quando assinou contrato de dois anos. E o exército de "seedorfianos" não para de crescer. Em apenas três meses no Botafogo, Seedorf conseguiu resgatar parte do orgulho dos torcedores, que amargam um jejum de 17 anos sem títulos nacionais. Levantamento do departamento de Marketing do clube aponta que o número de sócios-torcedores triplicou, passando de quatro para 12 mil desde que o holandês chegou. "O torcedor reagiu à chegada do Seedorf quase como se fosse um título", compara o diretor de Marketing Marcelo Guimarães.


PROSA E POESIA 
O  holandês não joga só com o nome. Ele fica no meio do caminho entre a prosa europeia (direta, vertical, rumo ao gol) e a poesia latina (a imprevisibilidade do drible). No Campeonato Brasileiro, vem se reinventando como atacante. Jogando mais avançado, marcou sete gols em 14 jogos - faltam três para ele quebrar seu recorde em uma temporada. "Ele é parecido com o Chico Buarque: quietinho, na dele, mas agrada todo mundo", comparou o técnico Oswaldo de Oliveira. "Todos falam que penso e jogo como brasileiro e isso está me ajudando", diz o atleta que passou as férias no Rio nos últimos dez anos.
Seedorf está aqui, mas continua em todo lugar, em sete idiomas. A assessoria de imprensa do Botafogo tem um calhamaço com 40 solicitações de entrevistas, entre elas, da Holanda, Itália e até Austrália. No Suriname, o apresentador de TV Desney Romeo afirma que a audiência do seu programa semanal "Futebol no Brasil", transmitido às segundas-feiras pela emissora ABC, aumentou com a contratação do meia. Como o Suriname ainda tem dificuldades para medir a audiência, o apresentador se baseia na participação ao vivo dos telespectadores para tirar a conclusão. "Na próxima semana, vou sortear uma camisa do Botafogo", orgulha-se.
Essa camisa ainda não é tão comum como a do Milan, Ajax, alguns dos times que Seedorf defendeu. O clube carioca ocupa poucas linhas em sua biografia. Pudera. Esse amor tem apenas três meses, é prematuro e ainda não consegue respirar direito. Precisa de cuidados especiais em uma unidade neonatal. Mas Clarence já está cuidando dos sofridos pulmões dos botafoguenses.
OS NÚMEROS DE SEEDORF
7 IDIOMAS - Clarence Seedorf fala fluentemente holandês, francês, inglês, italiano, espanhol, crioulo e  português.
36 ANOS - É a idade do craque do Botafogo, que nasceu um ano depois da independência do Suriname, seu país de origem e ex-colônia holandesa.
R$ 700 MIL - É o salário mesnal do holandês, que recusou o dobro para jogar na China. Estados Unidos, Inglaterra e Catar também fizeram propostas milionárias para contratá-lo.
12 MIL - É o número de sócios-torcedores cadastrados hoje no Botafogo. Antes da chegada do craque holandês, três meses atrás, o número era de apenas 4 mil sócios-torcedores.
10 ANOS - Foi o período que Seedorf jogou no Milan, no qual conquistou duas Copas dos Campeões. Ele também defendeu o Ajax, Sampdoria, Real Madrid e Inter de Milão.
16 ANOS - Eera a idade de Seedorf quando iniciou sua carreira no Ajax, em 1992. Na Holanda, estreou aos 18 anos.