quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Ruy Castro - A quinta-coluna bolsonarista, FSP (definitivo)

 Na Segunda Guerra Mundial, vivíamos sob a ameaça dos quintas-colunas. Eram os brasileiros que torciam e trabalhavam clandestinamente para a Alemanha nazista, com quem estávamos em guerra. Suas atividades incluíam propaganda, espionagem, sabotagem e tudo o que prejudicasse os EUA e a Inglaterra, seus inimigos, de quem o Brasil era aliado.

A principal era fornecer informações sobre a partida de navios nacionais para aqueles países contendo alimentos e matéria-prima, essenciais para a guerra. Essas informações —dia e hora da partida, trajeto, destino, carga a bordo e se viajavam com escolta— eram passadas aos espiões alemães sediados no Rio, que as enviavam por poderosos radiotransmissores para Hamburgo. De Hamburgo, voltavam para seus submarinos que operavam no Atlântico Sul. Estes emboscavam os navios, torpedeavam-nos e os mandavam para o fundo, com a carga e com quem estivesse dentro.

O Brasil teve 34 navios afundados pela Alemanha em 1942-43. Não eram navios de guerra. Eram mercantes indefesos, desarmados, que, além de carga, conduziam passageiros, pessoas inocentes. Mais de mil brasileiros morreram nesses afundamentos. Às vezes, sabendo que havia sobreviventes no mar, agarrados aos destroços, os submarinos vinham à tona e os metralhavam. Outra função dos quinta-colunas era disseminar mentiras —fake news— que abalassem o moral do povo, como a de que nossos soldados na Itália estavam vivendo à tripa forra enquanto, aqui, suas famílias sofriam com os racionamentos.

O que os EUA estão praticando hoje contra o Brasil é uma guerra —por enquanto sem armas, mas com pesada balística econômica, provocando abalos na produção, fechamento de fábricas, demissões em massa, desemprego e, em breve, fome. Os bolsonaristas não estão nem aí. Enrolados na bandeira americana, são os modernos quinta-colunas. Equivalem a que, em 1942, se saísse enrolado numa bandeira nazista —o que nem os nossos nazistas se atreviam a fazer.

Quinta-coluna é uma alcunha. O nome certo é traidor.

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