Jovens que não estudam nem trabalham, os chamados "nem-nem", são sintoma de um sistema de ensino precarizado e desconectado do setor produtivo. A boa notícia é que o Brasil melhorou nesse indicador desde a pandemia; a má é que a sua taxa ainda está alta.
Segundo o Education at a Glance 2025, relatório da OCDE divulgado na terça (9), 24% dos brasileiros entre 18 e 24 estavam em tal situação em 2024 —queda de 6 pontos percentuais desde 2019.
Entre as 41 nações avaliadas, foi a que mostrou a segunda maior redução, já que na Itália a variação foi de 8 pontos. Mesmo assim, temos a quarta maior taxa, abaixo só de Colômbia (27%), Costa Rica (31%) e África do Sul (48%). A média da OCDE, que reúne países desenvolvidos, é de 14%. Somos superados pelos vizinhos Peru (21%) e Chile (20%).
Uma das formas lidar com o problema se dá por meio do VET (vocational education and training), programas de educação profissionalizante no ensino médio que podem envolver parcerias entre escolas e empresas para a formação do alunado e a contratação de aprendizes.
O Education at a Glance 2025 indica que, no Brasil, houve ampliação do VET a partir do processo de reforma do ensino médio nos últimos anos, que incorporou o ensino técnico, acompanhado por flexibilidade no currículo, nessa etapa da educação básica.
Mas, segundo o relatório, há disparidades entre estados e municípios, e a taxa brasileira de alunos em programas do tipo VET no ensino médio ainda é baixa, só 14%, ante 44% na média da OCDE.
O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 estipulou que, em dez anos, o número de matriculas no ensino técnico realizado na última etapa da educação básica deveria triplicar até cerca de 4,8 milhões. Contudo, de acordo com o último Censo Escolar, foram apenas 2,4 milhões em 2024.
A inatividade pode causar problemas como ansiedade e depressão. Ademais, a demora para entrar no mercado de trabalho tende a afetar a empregabilidade futura, já que reduz as chances de obter experiência profissional e habilidades interpessoais.
Como saída, resta apenas o emprego informal ou precarizado, com baixos salários, limitando os potenciais dos indivíduos e o desenvolvimento da economia.
Estados precisam perseverar na melhoria da aprendizagem, na redução da evasão e na expansão da educação profissionalizante, inclusive por meio de parcerias com a iniciativa privada. A escola deve estar conectada ao mercado, para que o estudo também resulte em trabalho e renda.
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