sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Gigantes do álcool, tabaco e ultraprocessados impedem novas políticas de saúde, diz OMS, FSP

 A pressão de empresas de tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados está impedindo que governos implementem políticas de saúde que salvam vidas, afirmou a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quinta-feira (18).

As Nações Unidas dedicarão um dia ao combate a doenças não transmissíveis, como câncer e doenças cardíacas, na próxima quinta-feira durante sua reunião anual em Nova York. A OMS, agência de saúde da ONU, afirma que os produtos dessas indústrias contribuem para tais condições.

Bebidas alcoólicas ilícitas são servidas em festa na cidade de Teerã, no Irã
OMS afirma que governos enfrentam intenso lobby da indústria do álcool, tabaco e alimentos contra reformas na saúde - The New York Times

Relatório da OMS afirma que um investimento de US$ 3 (cerca de R$ 15) por pessoa pelos governos em doenças não transmissíveis poderia salvar mais de 12 milhões de vidas e gerar US$ 1 trilhão (R$ 5 trilhões) de economia até 2030.

O órgão afirma, contudo, que os governos frequentemente enfrentam intenso lobby de indústrias que tentam bloquear, enfraquecer ou atrasar políticas, sejam elas a criação de impostos ou a restrições de marketing para crianças.

"É inaceitável que interesses comerciais estejam lucrando com o aumento de mortes e doenças", disse Etienne Krug, diretor do departamento de saúde, promoção e prevenção da OMS.

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Representantes das indústrias de alimentos, tabaco e álcool rejeitaram essa caracterização.

Na reunião da ONU, os governos devem concordar com novas metas sobre doenças não transmissíveis e com um plano de como chegar lá, mas grupos de saúde afirmam que o rascunho da declaração política foi esvaziado.

Empresas de tabaco como a Japan Tobacco International, bem como associações da indústria de alimentos e cerveja, dizem à Reuters que a ONU os convidou a contribuir com a discussão e que isso pode resultar em políticas mais eficazes.

"Recebemos com satisfação a oportunidade de nos juntar aos Estados membros e defensores para compartilhar nossa perspectiva sobre como reduzir o uso nocivo de álcool", disse Justin Kissinger, presidente da World Brewing Alliance, em nota enviada por e-mail.

A International Food and Beverage Alliance afirmou que não faz sentido equiparar alimentos com álcool e tabaco.

"Discordamos fortemente da caracterização de nossa indústria como agente que obstrui o progresso", acrescentou Rocco Renaldi, secretário-geral da aliança da indústria, que representa empresas de alimentos e bebidas não alcoólicas.

Já empresas de tabaco disseram que a discussão é importante. "A OMS não deve temer o diálogo —deve recebê-lo", afirmou um porta-voz da Philip Morris International.

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