A pressão de empresas de tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados está impedindo que governos implementem políticas de saúde que salvam vidas, afirmou a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quinta-feira (18).
As Nações Unidas dedicarão um dia ao combate a doenças não transmissíveis, como câncer e doenças cardíacas, na próxima quinta-feira durante sua reunião anual em Nova York. A OMS, agência de saúde da ONU, afirma que os produtos dessas indústrias contribuem para tais condições.
Relatório da OMS afirma que um investimento de US$ 3 (cerca de R$ 15) por pessoa pelos governos em doenças não transmissíveis poderia salvar mais de 12 milhões de vidas e gerar US$ 1 trilhão (R$ 5 trilhões) de economia até 2030.
O órgão afirma, contudo, que os governos frequentemente enfrentam intenso lobby de indústrias que tentam bloquear, enfraquecer ou atrasar políticas, sejam elas a criação de impostos ou a restrições de marketing para crianças.
"É inaceitável que interesses comerciais estejam lucrando com o aumento de mortes e doenças", disse Etienne Krug, diretor do departamento de saúde, promoção e prevenção da OMS.
Representantes das indústrias de alimentos, tabaco e álcool rejeitaram essa caracterização.
Na reunião da ONU, os governos devem concordar com novas metas sobre doenças não transmissíveis e com um plano de como chegar lá, mas grupos de saúde afirmam que o rascunho da declaração política foi esvaziado.
Empresas de tabaco como a Japan Tobacco International, bem como associações da indústria de alimentos e cerveja, dizem à Reuters que a ONU os convidou a contribuir com a discussão e que isso pode resultar em políticas mais eficazes.
"Recebemos com satisfação a oportunidade de nos juntar aos Estados membros e defensores para compartilhar nossa perspectiva sobre como reduzir o uso nocivo de álcool", disse Justin Kissinger, presidente da World Brewing Alliance, em nota enviada por e-mail.
A International Food and Beverage Alliance afirmou que não faz sentido equiparar alimentos com álcool e tabaco.
"Discordamos fortemente da caracterização de nossa indústria como agente que obstrui o progresso", acrescentou Rocco Renaldi, secretário-geral da aliança da indústria, que representa empresas de alimentos e bebidas não alcoólicas.
Já empresas de tabaco disseram que a discussão é importante. "A OMS não deve temer o diálogo —deve recebê-lo", afirmou um porta-voz da Philip Morris International.
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